Ainda há no Brasil lugares onde as pessoas tem 8, 10, 13 filhos. Nos dias atuais, no sertão, a média de descendentes diminuiu, mas ainda vemos pais muito animados. Em todo lugar que passamos há crianças e mais crianças.
Estivemos em uma casa, de seus 20 metros quadrados - se chegasse a tanto -, com paredes de ripas de madeira e teto feito de palhas entrelaçadas, ao lado da escola que o IBS, em parceria com as Casas Bahia, está construindo na comunidade. Um jovem casal vive ali com seus 5 filhos e, enquanto as obras continuam, um parente que ajuda a levantar a sonhada escola se mudou temporariamente para lá, com sua esposa e mais 5 filhos.
Entramos para conhecer; curioso imaginar como 14 pessoas vivem ali dentro.
- Ah, na hora da comida é uma bagunça danada! Criança correndo por todo lado! - disse a avó, que mora em frente, dando uma divertida risada.
De noite, as redes são penduradas pelos 3 cômodos da casa de chão batido. A única cama - de casal - fica no quarto e Luis se divertiu vendo várias redes penduradas em direções diferentes, sobre e em volta dela.
- Mas me diz uma coisa: como que dá pra fazer tanto "minino" com tanta gente em volta??? - perguntou entre risadas para a mãe, que suspeita estar esperando mais um.
Ela riu envergonhada, pensou, mas não deixou de responder:
- Ah, a gente faz meio devagarzinho... - risos por todo lado.
Já na mesma cidade, Jaciria, que trabalha na secretaria de educação de Barreirinhas e nos acompanha no projeto, é a filha mais nova de 13 irmãos (dois já falecidos). Seu pai morreu quando ela tinha apenas 7 meses de idade.
Em nossa base de Canudos, na Bahia, as vezes tem tanta criança ao nosso redor que brincamos que um dia abriremos o chuveiro para tomar banho e não cairá água, descerá uma criança sobre nossos braços.
Porém, hoje, há uma história mais triste por trás do alto número de natalidade: políticas populistas. Ouvimos histórias de mulheres que engravidam pensando no benefício em dinheiro que receberão no nascimento do filho.
- Uma mulher que conheço queria comprar uma moto, engravidou e comprou depois que o bebê nasceu. Outra já mobiliou a casa a cada filho que teve. As crianças mal comem direito, mas a casa tá cheia de móveis - ouvimos.
Uma triste realidade que contrasta com uma época em que ter vários filhos era uma regra, a casa cheia: uma alegria. Assim como nossa amiga arrematou:
- E todos me dizem que meu pai só parou nos 13 filhos porque morreu, senão continuava!
Quem duvida?