Fazia tempo que não pegava trânsito. Morando em São Paulo isso é bem raro.
Num lugar caótico os carros disputavam nariz a nariz seu espaço. Na faixa do lado vi uma seta desejando entrar em minha frente.
Naquele ligeiro momento em que nossa alma consegue gritar por trás da mordaça da vida real (real?), resolvi deixar espaço para que ele entrasse.
Ainda pensei: "deve ter achado que eu me distraí no celular...".
Após virar a esquina, em frente ao mar de carros que se apinhavam ante a um farol, vi que tinha que estar à esquerda e que minha faixa era liberada para a direita.
Após o leve palavrão que mentalizamos numa situação como essa, liguei a seta para esquerda e vi que, milagrosamente, um espaço se abriu para que eu entrasse. Era o mesmo carro que eu havia ajudado cem metros atrás.
Tive a impressão que o carro dele sorria quando entrei.