" Devo seguir meu coração ou a razão?". Uma das questões feitas no silêncio de nosso consciente. Pergunta que diz muito sobre situações importantes que estamos passando nos dias atuais.
Já disse um filósofo: "O correto é o caminho do meio. Siga-o e estará no caminho certo".
Guiar-se apenas pela razão, de maneira fria, nos levaria para um mundo frio e sem sentimentos que estaria longe de nossa essência humana, porém, em um Brasil passional e desgovernado como vivemos hoje seria uma boa força para nos colocar num rumo mais adequado em nossa caminhada.
A forma passional, que leva nossas forças a serem usadas como armas numa batalha pelo aspecto que defendemos, nos joga numa guerra muito mais a favor de nosso próprio ego do que em busca de um mundo melhor que acreditamos buscar.
O futebol, para quem já torceu ou simplesmente observou pessoas que, como eu, adoram este esporte, é um exemplo clássico de ser guiado cegamente pelo emocional. Um corintiano dificilmente consegue numa conversa com um palmeirense analisar que o outro time apresenta um elenco que merece o título porque é melhor e joga de forma mais bonita. Discussões calorosas sempre levam as pessoas a buscarem argumentos que promovam seu lado em detrimento ao outro.
Fácil entender quando é o futebol, mas difícil perceber que este mesmo aspecto permeia e se espalha em áreas muito mais significativas de nossas vidas como a política e o aspecto racial.
Um dos grandes problemas diretos que viemos enfrentando nos últimos anos em nosso país é a polarização entre "direita e esquerda". A opção de uma próxima eleição que traga os dois aspectos polarizados deste exemplo em um possível segundo turno presidencial assusta e desanima quem gostaria de desapegar deste estado de nossa velha nova política.
Cerca de uma semana atrás um episódio de um reality show trouxe uma cena onde um integrante falou sobre uma peruca grande parecer o cabelo de outro, João, que usa o estilo "black power". Fato suficiente para ambos os lados da sociedade pegarem suas armas para a batalha e nos vermos perdidos em tiroteios onde as balas de "mimimi" ou de "racistas" cruzam os ares.
Este foi um episódio claro onde os dois lados estão certos e estão errados. Fato onde a discussão coerente - única que realmente poderia nos ajudar a evoluir como sociedade e como seres humanos - fica sufocada sob os gritos que se seguem.
Fosse feito o comentário a um integrante loiro, de cabelo crespo e que usasse o mesmo penteado, este poderia se ofender, criticar quem o disse, a vida seguiria, quase como após um deslize descuidado de se chamar alguém de "gordinho".
Totalmente compreensível João ter se magoado e atingido em um local dentro de si tão dolorido como apenas pessoas que já passaram por caminhos semelhantes entendem.
O bom senso deve ser uma procura para nossa melhora e muitas vezes uma conversa coerente resolverá de forma muito mais rápida o problema do que a guerra, que faz a outra pessoa se armar e tentar se salvar para não ser colocado com uma alcunha de racista.
Assim como brincadeiras, que de forma sutil habitam nosso inconsciente, sobre cor, padrão estético corporal, opção sexual, devem diminuir de nosso convívio cada vez mais. Hoje muito mais elas acontecem por um descuido do que por uma raiva ou preconceito.
Falar sobre é importante, mas o caminho mais rápido para encontrar a paz é a coerência. É o caminho do meio, como disse o antigo filósofo.