Numa cidade do interior do estado de São Paulo, Itapetininga, os moradores mais velhos se lembram nostálgicos do tempo em que a modernidade passou a chegar em sua terra. De todas, a mais curiosa - e engraçada - foi a época em que o serviço financeiro, os bancos, começaram a se popularizar.
Pode-se imaginar, para pessoas simples, em toda a humildade que o interior lhes envolvia, o que era confiar todo seu dinheiro, ganho em sua lida de cada dia, a um estranho, que havia construído uma grande casa e dizia que tomaria conta de sua fortuna.
Havia um senhor idoso, que todo dia se encaminhava ao caixa, retirava todo seu dinheiro, o contava na frente do atendente, o olhando com cara desconfiada, como quem diz "estou esperto, viu?", para ver se todo seu dinheiro estava ali mesmo. Conferindo que ali estava toda a quantia que havia deixado no dia anterior, a depositava novamente, dizendo "até amanhã". Seguia para casa tranqüilo, sabendo que, pelo menos a ele, aqueles homens não enganariam.
Um morador, faria uma compra grande, então se encaminhou para o banco, para retirar seus 15 mil reais (em moedas atuais). O gerente lhe disse que era uma grande quantia, que ele esperasse "alguns minutos, que o carro-forte chegaria em pouco tempo com o dinheiro". Ele se inflamou, sabia desde o primeiro instante que estava sendo enganado. Aquilo não ficaria assim, faria um escândalo para que todos pudessem ouvir. Encheu os pulmões e bradou:
- Ladrões!!! Eu sabia!!! Meu dinheiro estava aqui dentro, deixei aqui com vocês e vocês o levaram daqui!! Quero o meu dinheiroooo!!!!
Um velhinho, já tinha imaginado o banco como a melhor invenção da modernidade. Ficou fascinado com a vantagem de depositar um dinheiro ali e ter um talão de cheques, aquelas folhas maravilhosas que, com sua assinatura, seria aceita como dinheiro em qualquer lugar. O usava em todos es estabelecimentos. Ia almoçar, ao pedir a conta, tirava o talão de seu bolso e fazia o ritual mágico que havia se habituado: abria o talão na mesa, postava a caneta sobre a folha de cheque e a deslizava sorrindo.
Não poupava em lugar algum, saía com todos os amigos para um jantar. Na hora de pagar, não deixava ninguém ajudar com a despesa.
- Podem deixar, eu tenho um cheque! - dizia, abrindo o talão sobre a mesa, postando a caneta sobre a folha e a deslizando, sorrindo.
Fez isso com toda paixão e orgulho por algumas semanas, sempre ávido para pagar tudo a todos. O gerente do banco, preocupado com o número de cheques que chegavam, chamou o velhinho para uma conversa.
- Senhor, percebemos aqui que está chegando um grande número de cheques a serem debitados em sua conta. E o valor já superou seu limite. Sua conta está no negativo e o senhor está nos devendo 2.500 reais...
- Quanto? - perguntou calmamente o velhinho, ouvindo novamente o valor de sua dívida.
Não pensou duas vezes, tirou o talão de seu bolso, postou a caneta sobre a folha de cheque e a deslizou sorrindo, escrevendo "dois mil e quinhentos reais".
Fatos verídicos colhidos em forma de documentário pelo cinegrafista Vítor Pinduca
Coitados dos velhinhos, mas é bom ficar sempre esperto com as modernidades.
ResponderExcluirEstava com saudades de te ler.
Beijos e bom domingo.
ASRSRSR AI WOLBER .... SRSRSR NOSSA SE VE NÉ, A INOCENCIA DE CERTAS PESSOAS DIANTE DA MODERNIDADE..MAS NÃO DEIXEI DE LEMBRAR DE UMA HISTORIA DO MEU FILHO..
ResponderExcluirEU MORAVA NA FAZENDA QUANDO ELE NASCEU EM 1987 AQUI NO NORTE DE M.T. E A NOSSA VIDA ERA FAZENDA UMA VEZ POR MES A CIDADE AS COMPRAS ..EMBORA JA TIVESSE ESSA MODERNIDADE ,MAS NÃO AO NOSSO ALCANCE E QUANDO A GENTE IA NAS FÉRIAS NA CASA DOS MEUS PAIS TINHA UM CAIXA 24 HORAS DAQUELES VERMELHOS SABE? EM UMA ESQUINA PROXIMO A CASA DO MEU PAI ..E ELE PEGAVA MEU FILHO DE 5 ANOS OU MENOS E LEVAVA JUNTO PARA COMPRAR PÃO ALGUMA COISA, PASSAVA LA NO BANCO24 HORAS E VOLTAVA ...UM DIA ESTAVA NA COZINHA DA MINHA MÃE ENTRA MEU FILHO
-MAMAE MAMÃE,QUERO MORAR AQUI
E EU - POR QUE FILHO QUER MORAR AQUI??
- MAMÃE SE NUM SABE AQUI TEM UMA MAQUININHA VERMELHA QUE O VÔ ME LEVA SEMPRE..QUE VOCE VAI LA ,ELA TE DA UM MONTE DE DINHEIRINHO ..NOSSA ..NEM PRECISA O PAI DAR MAIS SRSR SRSRSR SRSRSR SRSR
EU E MEU PAI MORREMOS DE RIR...ELE VIU SOMENTE O QUE INTERESSOU NÉ WOLBER COMO O VELHINHO..NINGUEM ME EXPLICOU NADA VAMOS SOLTAR CHEQUE SRSR QUE LEGAL..LINDA CRÔNICA
BEIJOS QUERIDO AMIGO
FAZ FALTA POR AQUI VIU???
MAS SEI QUE É POR UMA LINDA CAUSA ...
OTILIA
Wolber meu grande amigo ....
ResponderExcluir"Itapetininga"... Já morei lá, lugar gostoso de viver.. Hoje uma baita cidadona.
- Assim contavam os que presenciaram tais fatos... Narravam pra nós que acostumados com a modernidade riamos muito... rss
Lembro até de uma vez num bar quando um senhor estava à mesa com mais duas senhoras ( bem na época que se tomava refrescos de litro )
Ele pediu uma fanta e 3 copos... O garçon lhe perguntou:- FAMÍLIA?... O senhorzinho respondeu sem titubiar:- Não!! é Tudo putaiada mesmo... hehehehehehe
Causos são ótimos de se ler e isso tu faz bem pra caramba querido amigo Wolber... rsss
Valeu!!
Abraços do Tatto
Na realidade, assim como essas pessoas simples desconfiaram e cairam nas armadilhas do vil metal, pessoas supostamente mais bem informadas caem em outros ardis um pouco mais traiçoeiros, como os cartões de crédito e os cheques especiais.
ResponderExcluirInfelizmente, a essa altura, eu nem saberia como imaginar uma sociedade sem os bancos, que dizem ser um mal necessário...
Gostei muito da história dos cheques!
Abraços!
Meu querido amigo,
ResponderExcluirGrande verdade essas histórias rs.
Mas cá pra nós, a modernidade tbm tem seu lado ruim:
Pra cada talão de cheque, você paga.
Pra cada extrato tirado, você paga.
Pra cada rendimento, você tbm paga (O banco sempre te comerá um cadinho hehehe - eu fui bancária por 6 anos e sei disso).
Na verdade, eu ando saudosista.
Ô vontade de guardar dinheiro debaixo do colchão hehehe, isso é, hoje em dia, as contas te comem tanto, impostos, que a gente nem sabe mais o que é conseguir guardar. (Eu ao menos não rs)
Um abração!
Risos! Coitado gente!
ResponderExcluirEle pensava que bastava preencher o talão de cheques e estava tudo resolvido...(uma inocência de gente de interior mesmo). Mesmo assim, pode-se observar, que esse moço, era uma pessoa de coração grande, e que não queria dever ninguém...coitadinho.
Mas eu penso que até hoje existe pessoas assim de coração puro, de uma ignorância do mundo sem fim, onde a maldade "ainda", não invadiu o coração delas.
Mas querendo ou não, a evolução e a tecnologia, nos obriga a ter maldade com as coisas da vida, senão seremos passados para trás...e ou então passaremos os outros sem saber, na pura inocência desse senhor.
Interessante texto amigo.
Bom para uma reflexão do mundo de quem ainda o avanço não bateu a sua porta.
Éramos assim, puros, será qual ainda é melhor em? Hoje ou antes?...ainda fico a imaginar se antes, não seria melhor para se viver.
Uma semana linda para você.
Um grande abraço.
Um grande exemplo do contraste do nosso país.
ResponderExcluirE nem fomos tão longe: era uma cidade perto da capital de São Paulo, uma das maiores metrópoles do planeta.
É a modernidade, o avanço dos tempos.
Modernidade que chega rápido para um povo onde a educação e o acesso à infomração não chegam tão rápido assim. Proposital? A ignorância pode ser uma grande fonte de riqueza.
Uma pena. Um país com tantas maravilhas como as que você nos traz aqui, também ter tanta tristeza.
O texto poderia ser muito engraçado. Mas no fundo, é bem triste!
Beijo grande, doutor!
E pensar que hoje em dia nem se usa mais talão de cheques! rs...
ResponderExcluirTanto é que os restaurantes estão deixando de aceitar esta forma de pagamento!
Um abraço brother,
Carlos
Oi Parole! Tudo bem?
ResponderExcluirHaha, pois é, dá até uma dó, não é? Velhinhos do interior, umas figuras!
Bom recebê-la aqui!
Beijo!
Oi Otilia! Tudo bem, minha amiga?
ResponderExcluirHahaha, essa do seu filho foi boa! Engraçado como crianças e velhinhos tem algo tão semelhante, não?
Vamos envelhecendo, o tempo vai passando e voltando às origens.
Valeu a visita Otilia! Grande beijo!
Grande Tatto! Tudo bem, meu amigo?
ResponderExcluirCaramba, então você também morou em Itapetininga? Deve ter sido algum antepassado seu o participante deste causo (como se tivesse sido a taaaanto tempo atrás...).
Hahaha história do tiozinho no bar me lembra aquela do Joãozinho comprando supositório na farmácia e esquecendo de pagar.
O farmacêutico: É pra botar na conta da sua mãe?
Joãozinho: Não, é pra por no * do meu pai...
Um abração, meu amigo!! :)
Olá, amigo Leonel! Tudo bem?
ResponderExcluirÉ de se pensar, não? É difícil pensar num mundo sem bancos. Sabe que eu acho que tudo caminha para uma melhora?
O problema, pra mim, não é o capitalismo, ou o dinheiro, e sim o homem e como ele controla essas coisas.
Colocássemos o comunismo utópico de Marx, que pareceria uma maravilha. Depois de algum tempo, uns produziriam mais, outros se acomodariam e esperariam receber o mesmo que os outros, sem doar nada à sociedade.
Acho o capitalismo justo, só tem que ser administrado com justiça.
Claro, essa é minha opinião. :)
Um abração, meu amigo!
Sil! Tudo bem?
ResponderExcluirÉ, minha amiga, nem me fale nessas dívidas modernas.
É como o cartão de débito. Aquela coisinha que vamos passando, comprando coisas sem sentir que estamos dando dinheiro. Ele nem perde pedaço! Quando vemos, perigo de ter feito estrago.
Tipo o velhinho do talão de cheques...
Bom tê-la aqui Sil!!
Beijão!
Oi Dayse! Tudo bem?
ResponderExcluirSabe que você observou com muita sensibilidade? Esse velhinho do talão, realmente, era uma boa pessoa. Não só em não querer dever, mas em fazer questão de pagar para todos.
Quantos, mesmo que o talão fosse mágico, sariam dando dinheiro para todos?
Tem razão, nosso mundo precisa de mais pessoas humildes de coração, puras, que tantas vezes, nos dias atuais, são chamadas de bobas.
Temos que criticar os "espertões" e exaltar os bonzinhos, sempre!! :D
Um grande beijo!
Minha querida Lua! Tudo bem?
ResponderExcluirVocê tocou num ponto realmente importante. Quando a modernidade vem com seus adventos de "melhora" (entre aspas mesmo!) ela é rápida e fulminante. Quando a melhora é na educação e no desenvolvimento social, ela pode atrasar décadas.
Cansamos de ver por este sertão que o coronelismo ainda é presente e não está nem um pouco interessado em mudar realidades.
Nosso país, infelizmente, ainda depende de muitos que não tem o menor interesse em mudar algo.
Que bom receber seu comentário!
Um grande beijo!
Grande Carlos!
ResponderExcluirPois é, o talão de cheques já está virando peça de museu. Em pouco tempo uma crianças olhará para ele tão curiosa quanto olha hoje para uma máquina de escrever.
A roda continua girando, girando, girando...
Abração, amigo!
Wolber,
ResponderExcluirPrimeiro, saudades daqui!
Segundo, adorei as historias, principalmente a ultima. Parece piada, mas sabemos que eh verdade.
A adaptação ao mundo novo tem sempre sua poesia, seus encantos.
Um abraço,
Suzana/LILY
Oi Suzana!! Tudo bem?
ResponderExcluirHá quanto tempo, saudade de você por aqui! :)
Pois é, essas histórias tem sempre seu lado poético. A vida é poética, e você sabe e escreve muito bem isso, não é?
Bom te ver aqui, minha amiga!
Um abraço!
Wolber,
ResponderExcluirOs efeitos da globalização ao lado da modernização dos meios de comunicação e transporte pegou muita gente de surpresa.A maioria da população não consegue seguir o ritmo das mudanças e terminam sendo vitima das invenções.As pessoas se quer sabem fazer um saque em caixa eletrônico. Os fatos relatados,refletem,de maneira absoluta uma situação acima afirmada.
Grande abraço meu querido!
Luciano Guimarães da Paraíba.
Wolber , querido !
ResponderExcluiressas histórias são uma maravilha!
a ultima , contada por voce , é de tirar o fôlego.
um grande abraço !