Voltou para o momento presente, como que puxado, pelo som da cachoeira que jorrava à sua frente.
"Que lugar mágico é este!", pensou.
Não era um lugar mágico em especial. Tampouco era diferente de tantos outros locais onde executivos como ele tinham um contato total e direto com a natureza.
Lembrou de um amigo que visitou a Chapada Diamantina e lhe disse: "É o mais perto que você pode chegar de Deus!".
Na época achou um exagero. "Papo de bicho grilo". Mas naquele momento entendeu perfeitamente. Tudo fazia sentido. Ali ele sentia Deus.
Lembrou, quando criança, mecanicamente balbuciando palavras nas rezas aprendidas com sua avó - que fazia mais por medo de estar desprotegido do que por um entendimento de estar ligado ao universo. Só ali conseguiu realizar.
- Estar aqui é a melhor oração que já fiz em minha vida!
Se sentiu parte do mundo. Entendeu a importância de se cuidar do meio ambiente. Que era um animal deste planeta assim como aqueles que estavam dividindo o Jalapão com ele. "Aqui sou um mero visitante", pensou. E pediu em pensamento permissão por estar ali.
Automaticamente pensou na pegada do ser humano no planeta. Nos afastamos da natureza. Criamos cimento sobre a terra, prédios no lugares de árvores e quase cobrimos o céu! Talvez por isso quando voltamos a um contato intenso com a natureza somos chamados a relembrar de onde viemos e nos sentimos muito, mas muito bem.
Enquanto voltava para casa, para seu apartamento, um caixote em cima de vários outros que subia 12 andares em uma cidade de pedra, sabia que estava diferente do que quando foi. Estava mais próximo do que sempre deveria ter sido.