Na volta para Crateús, uma cidade onde nos sentimos em casa, reencontramos um amigo especial. Escrevi sobre Bastião duas vezes ("Bastião" e "A mão") e ficamos, realmente, muito felizes ao vê-lo adentrando a escola. Estava acompanhado de seus dois itens inseparáveis: o pandeiro e o sorriso.
Entre abraços, conversas e - é claro - músicas, fiquei sabendo um pouco mais sobre sua vida e, consequentemente, a de muitos moradores do sertão.
Para um morador de uma cidade grande, tão costumado com a correria e stress que inconscientemente - e inconsequentemente - nos empurram atrás de uns trocados todos os dias de nossas vidas, não pensava ainda na força da agricultura de subsistência.
Bastião é assim: vive cuidando de sua roça. "Todo dia, meu amigo, desde os oito anos de idade!", diz orgulhoso. Planta milho, feijão e verduras, o excedente troca com os vizinhos. Tudo apenas para consumo próprio e de sua família. Não ganha um real, vai trocando o que lhe sobra.
Seus dois filhos - hoje adolescentes - já o ajudam na lida diária.
- Graças a Deus tenho dois filhos de ouro, que gostam de me ajudar e hoje já posso descansar um pouco mais.
Cria seus poucos gados num curral atrás de sua casa. Mas também não tem pretensões de aumentar a criação para vendê-los. Para quê? O que tem já é muito para seu sustento e de sua família. E com esse estilo de vida se tornou um excelente pandeirista e ostenta um puro e sincero sorriso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário