terça-feira, 27 de julho de 2010

O macho

Tenho dois pacientes, bom, na verdade, graças a Deus, tenho mais que dois pacientes, mais o que eu queria dizer, é que entre eles, existem dois com características opostas. Um delicado e um machão.
O primeiro, homossexual assumido, é extremamente simpático, delicado e sorridente. Sensível, dá a impressão que se eu falar mais ríspido em sua direção, ele sentaria e começaria a chorar.
O segundo, daqueles machões, no melhor estilo "troglodita", é grande, para cima e para o lado - não de gordo, mas de forte -, fala pouco - e grosso -, cara sempre fechada. Bravo, dá a impressão que se eu falar mais ríspido em sua direção, ele sentaria a mão em minha cara!
O primeiro se sentou em minha cadeira e logo me disse que dispensava a anestesia. Não por medo, mas não gostava da sensação de dormência que "segue horas e horas depois da consulta". Fui removendo a cárie e, a cada momento, a broca se aproximava mais do nervo. (esse texto parece filme de terror, não?)
- Prefere que eu anestesie? Não quero que você sinta dor... - perguntei.
Ele, impassível, dizia que estava tudo bem e que poderia seguir adiante. Assim terminei uma cárie enorme, sem anestesia e, o pouco que sentiu, ele se controlou perfeitamente. Saiu sorrindo como entrou.
O segundo se sentou, poucas palavras, me disse o dente que queria restaurar e também dispensou anestesia. Meio sem graça, admitiu que morre de medo da agulha. Comecei e, ao primeiro toque, deu um pulo.
- Puta que o pariu!!! - bradou, como se um palavrão, bem colocado, disfarçasse sua pouca demonstração de coragem.
Resmungou a dor que sentiu, e só faltou coçar o saco e cuspir de lado. Continuei, e após mais um grito, um xingamento ao "motorzinho dos demônios", resolveu deixar que eu anestesiasse.
É amigos, nessa hora vemos muitos fortões se contorcerem mais que criancinhas indefesas. Como diria o Metállica: "Sad but true".
Acabei o serviço, não antes de outros sustos, que eu percebia se tratar mais de medo do que dor, pela pequena cárie removida.
Saiu como entrou, falando pouco, agora com a mão no queixo, como quem sai de uma sala de torturas.
Naquele dia o macho foi outro.

6 comentários:

  1. Wolber.

    Tenho uma confissão a te fazer.

    Eu morrooooo de medo de dentista rsrsrs.
    Se tivesse uma anestesia "Geral" seria ótimoooooo.
    Já fiz cada escândalo (No bom sentido) com meu dentista de não saber onde enfiar a cara depois hehehe. É um profissional que a gente demora um tempo enormeee pra procurar, as vezes por medo.
    E olha, essa sua história é super verdadeira.
    Trabalhei por 9 anos na área da saúde, e quando falava:
    Olha, o Sr espere um pouco que vou preparar sua injeção...ahhh meu amigo, cadê o cabra?? Tinha se mandado kkkkkkkkkkkkkk.
    Saudade desse tempo.

    PS: Tbm corro de injeção.

    Depois me conte como foi o lançamento do livro?

    Beijão!

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  2. Hahaha! Caramba, Sil. Você é uma das únicas pessoas que eu conheço que tem medo de dentista... rssss
    Pois é, infelizmente, a maioria das pessoas morre de medo.
    Mas durante o tratamento o medo vai passando. É como eu sempre digo: "a gente sofre mais com o medo do que com o tratamento". Aliás, com o tratamento já não se sofre mais. Aleluia!!! rs

    Valeu Sil!
    Um abraço!

    P.S.: Ah, o lançamento foi muito bacana!! Tinha muita gente e o livro está muito bonito!

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  3. Olá, Wolber!
    Gostei da frase final: "Naquele dia o macho foi outro."

    Também morro de medo de agulhas, pavor. Até desmaio, fico pálida..horrível. Entendo a situação desse senhor...rs

    Abraços.

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  4. Oi Carol! Tudo bem?
    Pois é, na verdade o difícil é encontrar alguém que não tenha medo e se sinta tranquilo quando aproximamos uma agulha dentro de nossa boca.
    As reações são as mais inesperadas, como mostra esse mesmo texto.

    Grande abraço!

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  5. Mais um texto descontraído pra alegrar os nossos dias.

    Carol por aqui!
    Que bom, o circulo só vai crescendo, cheio de pensamentos positivos direcionados a este país maravilhoso.
    Beijos
    P.S. Sucesso com o livro, estou ansiosa para ler.

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  6. Olá, minha amiga! Tudo bem?
    Isso é muito bacana, eu, como um blogueiro novato, tô curtindo muito isso. É um universo alto-astral, uma galera do bem se juntando, fazendo amizade e o melhor: em volta de cultura! Cada um com seu estilo, criatividade... Crescemos todos!

    Um abração!

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