segunda-feira, 13 de junho de 2011

Simpáticas simpatias

No começo de maio a equipe retornou ao Vale do Jequitinhonha para encerrar o projeto Sorriso Solidário. Dessa vez, enfrentaram um intenso frio e muitos começaram a ficar doentes; gripes, febre, dor de garganta.
Em uma das cidades, Valter ficou de cama, com uma forte febre e dores pelo corpo. Voltou para a casa omde estava hospedado (Receptivo Familiar) e entrou embaixo das cobertas. Estava quase dormindo quando bateram na porta.
- Pode entrar! - encontrou forças para dizer.
Entrou uma senhora, com rosto sério e um copo com água na mão.
- Me disseram que você estava passando mal. Vamos ver o que é. Vou jogar essas pedras de carvão no copo e já saberemos. - disse com um ar grave.
Lançou dentro do copo três pedras de carvão, duas desceram vagarosamente até se alojarem no fundo do copo, uma boiou. Ela fez uma cara de desaprovação e disparou:
- É mal olhado! levante-se. - ordenou.
Falou para ele andar de costas, com o copo de água na mão até a porta, sem olhar para onde estava indo, tomar um gole da água e jogar todo o conteúdo por sobre seu ombro, fora da casa, retornando à cama sem olhar para trás.
Ele, abatido demais para discutir, fez todo o combinado.
Deitou, alguns minutos depois, batem à porta novamente. Era uma outra senhora, um pouco mais velha. Disse que veio ajudar, podia curá-lo, mas ele teria que acreditar que poderia ser curado.
- Posso tirar uma de suas meias? - perguntou, a retirando do pé esquerdo assim que Valter concordou.
Saiu e volou alguns minutos depois.
- Olha, vai estar um pouco gelada, mas é para o seu bem. - disse e vestiu a meia, ensopada e gelada.
Alguns minutos mais tarde outra senhora adentrou o quarto, perguntando o que ele estava sentindo. Colocou a mão em sua testa e diagnosticou: "você está com febre!".
Valter sorriu cansado, esperando a próxima simpatia que viria, mas a senhora retirou todas as suas cobertas e ele se sentiu entrando em uma geladeira.
- Tira tudo isso, é febre e você não pode ficar se cobrindo, não. Senão não melhora! - disse e saiu.
Pinduca entrou no quarto - para o alívio de Valter que imaginou mais uma senhora com algum aparato de cirurgia nas mãos.
- Valtão, está tudo bem? Tem um monte de mulher na sala com garrafas de água com raízes, dizendo que é pra você...
Valter disse que já tinha melhorado, tremendo pegou as cobertas de volta, se cobriu e disse que só precisava descansar. Ficou feliz em saber que tanta gente se preocupava com ele, mas já estava bem de simpatias para aquele dia...

7 comentários:

  1. Marly, minha amiga,

    Seu comentário, foi recebido, lido e na hora de publicar apertei o botão errado. O excluí, sem querer. :(

    E o que você falou é verdade, nosso país é riquíssimo em cultura e essas simpatias diferem de região para região. Nesse caso, não funcionaram muito. Rs

    Grande abraço a voce!

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  2. Gosto de analizar os credos, simpatias, são fontes inesgotáveis de caracteríscas humanas diversificadas. Tem uma anotação que fiz uma vez que nunca me esqueci: A mulher disse a mim que, não lavava o pé esquerdo em sexta feira treze, pois isto poderia atrair má sorte, o curioso é que o direito ela lavava. Agora pense! Muito diversificada as tais simpatias e credos populares.
    Um abraço!

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  3. Ele deve ter forçado a barra para ficar bom, só para se ver livre de tanta simpatia!
    Quando eu era garoto, lá em Porto Alegre, o "médico da família" era a dona Pudica, uma senhora já velhinha que era benzedeira, e muitas vezes me curou de dor de ouvido, dor de dente, intoxicação, etc...ou terá sido efeito psicológico, auto-sugestão ou algo assim?
    Mas, todos acreditavam que ela curava mesmo...
    Abraços, Wolber

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  4. Oi Luciene!

    Tem toda razão! Nosso vasto país mostra em cada área uma cultura diferente e as simpatias seguem se diversificando de lugar para lugar.

    Ter a mente aberta para absorver tudo isso, sem preconceitos, nos faz entender um pouco mais da nossa história. ;)

    Um grande abraço!

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  5. Oi Leonel! Tudo bem, meu amigo?

    Haha, neste caso o Valter forçou a barra para melhorar mesmo! Mas há outros casos, como o de benzedeiras, como você mesmo disse - e como quero escrever algum dia -, que curam coisas "brabas" mesmo.

    Um dia contarei a história de meu pai, mas quando ele era garoto, em torno dos 5 anos, levou uma picada de uma cobra muito venenosa (urutu preto), e foi curado apenas com meu avô benzendo ele.

    É, meu amigo, há mais coisas nesse nosso chão do que explica nossa vã filosofia... rs

    Um abração!

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  6. Opa, o que eu acabei de ler rende fácil um post inteiro, heim?
    Mãos à obra, meu velho. Quero saber dessa história do seu pai e do seu avô. Onde moravam? No que seu avô trabalhava?

    Abraços!

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  7. Grande Beolchi!

    Pode deixar, meu amigo! Você, como um dos primeiros leitores deste blog e fiel amigo, manda por aqui! ;)

    Será um dos próximos posts. Mas antes quero postar um vídeo que, imagino eu, você irá curtir muito! :D

    Um abração, irmão!

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