segunda-feira, 13 de abril de 2009

O sexo dos anjos

O ser humano, por natureza, gosta de uma discussão. Claro, de preferência pacífica (se bem que há muitas pessoas que parecem sentir prazer em um bate boca). Desde os primórdios da história, seja numa conversa entre dois amigos ou em discussões acaloradas por grandes grupos, um dos principais passatempos do homem foi o diálogo. Ainda bem, pois assim evoluímos ao patamar onde estamos, socialmente e intelectualmente.
Porém quantas não são as vezes em que nos pegamos em discussões sem fim e, o pior, sem sentido? Como insanos nos esquecemos de olhar o ponto principal e inebriados pelo calor de uma conversa passamos a enxergá-la como uma queda de braços ao invés de vê-la como um diálogo pacífico para se chegar a um ponto comum.
Futebol, política, ciúmes. Fatos que muitas vezes tocam nosso cérebro em seu ponto mais obscuro e carnal, despertando paixões adormecidas que muitas vezes gostaríamos de esquecer. Paixões que muitas vezes despertam como aquele calafrio que sobe pela espinha até o couro cabeludo. Acontece que, muitas vezes, este mesmo calafrio lacra nossos ouvidos e faz a pessoa focar um único objetivo: pensar na resposta fulminante, inapelável e destrutiva, que colocará abaixo seu adversário.
Geralmente essas discussões são nulas pois cada um dos ouvintes (se é que podemos chamá-los assim...) não está prestando atenção ao discurso do outro, pensa apenas no que responderá para rebater suas afirmações. E assim o antigo propósito do diálogo perde sua função. Não há mais o interesse em aumentar suas experiências e intelecto, apenas o de fazer vencer o seu ponto de vista. Deixam de existir os companheiros de conversa e passam a se enfrentar os adversários do assunto.
Mas quando olhamos de outro ponto, bem de cima, de onde a humanidade pode ser vista como um todo, onde o planeta se pareça bem pequenino e a humanidade menor ainda, vemos quanto tempo é perdido com discussões tolas, passionais, teimosias. A vida é tão mais do que isso. Olhando lá de cima ela é tão maior, o propósito do ser humano é tão mais importante que até conflitos que nos parecem mais complexos e importante como a briga entre judeus e palestinos ou o terror entre árabes e americanos se tornam sem sentido algum.
Se o objetivo da vida é algo como construir um prédio, muitas vezes pessoas perdem tempo discutindo se as maçanetas das portas serão prateadas ou brancas. E assim o primeiro tijolo nunca é colocado.