quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Relembrando

O texto anterior me lembrou de outras postagens sobre o assunto. A cobra é um animal que, reamente, nos impõe grande medo.
Em viagens pelo interior do Brasil, sempre ficamos atentos, pois muito são os casos e histórias que nos são contadas de acidentes com picada de cobra, como o caso do Pedrinho.
Outra foto, foi de uma viagem que fizemos a Canudos, na Bahia. Em uma visita à vizinha cidade de Monte Santo, subimos na famosa igreja, reconstruída no século 19 por Antônio Conselheiro, que fica no Alto do Morro.
Logo na subida da enorme escadaria, nos deparamos com uma cobra coral. Ainda bem que era falsa!



Mas a mais impressionante, foi a cascavel que encontramos na estrada. Quando postei essa foto em outro blog, houve uma pessoa que nos criticou, dizendo que éramos desumanos, havíamos matado o animal.
Na verdade, não a matamos. Estávamos numa estrada, se não me engano no Tocantins, quando vimos a enorme cobra enrolada no esfalto escurecido pela negra noite que se erguia. Não havia um carro na deserta estrada, encostamos para vê-la. Estava morta, atropelada por algum carro a minutos atrás.
Se me lembro bem, a pobre cascavel tinha em torno de doze anos - número de voltas em seu guizo. A história toda está aqui.
Uma cobra extremamente venenosa. Sem perigo naquele momento, mas topar com uma dessas viva deve ser assustador.
Que nos diga Pedro, da história do primeiro link acima...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A cobra

Ela nunca pensaria em ter uma, até que lhe ofereceram. A quantia não era pouca, mas uma sucuri bebê, realmente, era algo inusitado. O vendedor, era um homem estranho, mas disse que não havia problema algum.
- É assim que é bom, criando desde pequenininha ela vai gostar de você. - disse, com um sorriso amarelo.
Levou a cobra para casa, era linda. Nunca havia sequer ficado perto de uma. "Pelo menos não é venenosa", pensou.
Os dias foram passando e a cada vez mais se afeiçoava ao animal. Começou a se sentir excêntrica ao comprar ratinhos para sua cobra comer. Parecia uma roqueira famosa, com seus hábitos estranhos. Não ligava, até gostava.
Meses se passaram e o amor pela sucuri aumentava, e era recíproco, tinha certeza. Tanto que passaram a dividir a mesma cama.
Certo dia acordou e olhou para o lado. Achou estranho. Sua cobra estava dura, esticada, bem próxima ao seu corpo. "Por que será, ela sempre dormia enroladinha?", pensou confusa. A cada dia era a mesma coisa. Cogitou perguntar a algum amigo, mas a chance de ouvir uma brincadeirinha sem graça, por acordar com uma cobra dura ao seu lado, a desencorajou...
Depois de uma semana, o fato se repetindo, foi procurar um veterinário. Ele não faria piadinhas sobre a cobra. Contou a história toda, o amor pelo animal, alimentação e o fato que se repetia toda manhã. Ele ouvia paciente e, assim que ela terminou, deu-lhe uma enorme bronca. Não podia criar um animal silvestre em casa, comprar de contrabandistas que maltratam os bichos, os trazem da mata em caixas fechadas e para cada animal vendido vivo, dezenas de outros morreram pelo caminho.
Ela ouvia em silêncio. "Preferia as piadinhas", chegou a pensar, mas logo concluiu que ele tinha total razão. E assim, o profissional completou:
- E para finalizar, te mostrando o perigo de ter um animal desses em casa, você sabe por que ela acordava daquele jeito todos os dias?
- Não senhor.
- Estava te medindo. A sucuri come algum animal quando consegue engoli-lo por inteiro. Assim que o comprimento ultrapassasse o seu, ela se enrolaria em seu corpo enquanto você dormia e te apertaria até sufocar. Depois, tentaria te engolir. Inteirinha!
Foi depois disso que decidiu deveolver seu amado animal para a mata. O medo seria maior que a saudade...