sábado, 7 de agosto de 2010

MPB

Quando mais novo, lembro de assistir a alguns filmes nacionais e pensar “é por isso que muitos gringos imaginam que no Brasil não existem grandes cidades”. Pequenas casas do interior, florestas e sertão povoavam nossos filmes e mostravam ao mundo a cara de nosso país que, na época, eu imaginava errônea.
Como um morador de uma metrópole (nos moldes de uma Nova York), acreditava que São Paulo era o Brasil de verdade. Um país de cidades grandes, que também tinha seu lado interiorano. Hoje percebo como estava errado. Este é um imenso país, riquíssimo em belezas naturais, com suas casas simples, pessoas amáveis e fortes, com cara de interior, que tem seu pequeno lado megalópole, com seus arranha-céus colossais e trânsito caótico.
Assim é com a música popular brasileira. O termo que se popularizou, MPB, hoje define um estilo característico, liderado por Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil e toda uma nova – e boa! – “safra” de músicos como Ana Carolina, Zeca Baleiro, Jorge Vercilo, e por aí vai. Porém, se nos atentarmos ao sentido real da palavra, a música popular brasileira definiria outro estilo.
“Popular” significa “do povo”, que está no gosto da maioria da população. Seria a música escutada e cantada pela maior parte de nossa terra. Me desculpem os fãs da MPB (me incluo neles também), mas o estilo que definimos no parágrafo anterior é escutado por uma pequena parte dos brasileiros.
Perguntemos no Piauí, por exemplo, em qualquer cidade, e é claro que eles conhecem Gilberto Gil, e podem até ter ouvido falar nessa nova geração – o que eu acho pouco provável -, mas poucos os escutam.
O que deveria ser definido como música popular brasileira seriam bandas como Djavu, Moleka 100 Vergonha, Anjo Azul e muitas outras, que lançam uma música num dia e, no mês seguinte, ela é tocada em todos os bares, cantada em festas e suas coreografias estão decoradas por todas as meninas, dos 5 anos (isso mesmo, vimos crianças novíssimas com gingado de fazer inveja a muita adolescente) até onde as “juntas” permitirem.
A cada viagem que fazemos uma nova música está “estourando”. É incrível, um botequinho toca durante horas a mesma música, no esquema “loop” do aparelho de CD. Voltamos para casa com aquele som na cabeça, meses depois, ao voltarmos, perguntamos sobre aquele som e ninguém mais quer saber dele, já há outro nas “paradas”.
Bandas que aprendemos a gostar – o que foi mais difícil para mim, amante de rock – e respeitar, que cantam, num ritmo característico que tem, bem lá no fundo, uma raiz no forró de nosso eterno Luiz Gonzaga. Fazem shows que lotam estádios inteiros e movem caravanas de várias cidades.
A nomenclatura já está definida, não mudará. Mas para mim, hoje, a música popular brasileira tem outros representantes.