quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Empatia

Uma das características que acho mais importante para se cultivar é a empatia. A capacidade de se colocar na situação da outra pessoa é algo fundamental para um bom convívio, pode nos livrar de enrascadas e nos deixa mais pacientes e compreensivos.
Perto de meu consultório, sempre me indaguei o porquê das pessoas andarem pela rua e não na calçada, como o normal - e o lógico.
"Que cara folgado!", pensava ao desviar o carro de uma pessoa, que andava à beira da pista, me aproximando de outro veículo que vinha em outro sentido.
"Custa andar na calçada?", voltava a pensar, gastando energia e me tornando um ser mais e mais impaciente.
Quando não exercitamos a empatia, às vezes, a vida nos joga na mesma situação, como se dissesse "não pensou por bem, agora toma!".
Já faz um tempo que vim a primeira vez de ônibus - ainda hoje, vez em quando, venho -para o trabalho, mas aquele dia entendi o motivo. A calçada, em 90% do trajeto, é destruída. Cheia de pedaços de pedras, terra, barro, que dá medo de torcer o tornozelo ou tomoar um tropeção, além de degraus durante várias partes da subida (ou, descida, claro). Sem contar em dias de chuva, que o barro deixa a cena ainda mais bizarra!
Não há, infelizmente, como não andar pela rua, um pouco mais constante e sem tantos buracos.
Se tivesse pensado um pouco mais nos motivos daquelas pessoas em andar pela rua, talvez eu desviaria delas - a muito mais tempo - como hoje: mais tranquilo e dando maior espaço para não preocupá-las se o carro vai passar muito perto.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O banho

Já contei, algumas vezes, a história de uma grande amiga nossa do sertão do Maranhão: a professora Régea. Quando estamos a trabalho na região, para sua família, é questão de honra que "pousemos" em sua casa. Somos, de tal forma, "da família", que todos os irmãos nos tratam como "maninhos". Seus pais nos consideram filhos.
O carinho chega ao ponto de prepararem nossas camas como se fosse um hotel e em nossa última visita - na formatura da Régea -, Glorinha (uma das irmãs) havia bordado meu nome, do Vítor e do Luis, em três novas toalhas, que descansavam enroladas sobre cada cama.
Em sua casa, ainda hoje, não há energia elétrica, o que nos faz pensar no trabalho que Bruno - nosso "irmãozinho" local - tem para colocar o gelo no suco geladinho sobre a mesa, logo quando acordamos, perto das 6 horas da manhã.
O banho é de "cumbuca", com a água recém tirada do poço, que fica a alguns metros da casa. Levamos então um balde cheio para um "box" de tijolos a 4 metros do poço e, ao ar livre, tomamos um delicioso banho sob as árvores.
Filmei a retirada da água do banho no poço, infelizmente pouco se houve do que falo, não que fosse algo interessantíssimo ou imprescindível para o entendimento, mas apensa explicava o mecanismo de retirada de meu banho. Segue abaixo o vídeo, praticamente um "expert" em tirar água do poço...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Coisas de que gosto

Eu gosto mesmo é de um dia ensolarado, de calor, de céu azul, quase "de brigadeiro", porque até mesmo algumas nuvens fazem desenhos que o deixam mais bonito.
Ah, mas eu também gosto do frio, mas só um pouco - bem menos do que o dia ensolarado e quente -, só pra dar aquela vontade de entrar embaixo das cobertas com meu benzinho e ouvir ela sussurando em meu ouvido "me esquenta".
Gosto de muitas coisas, até mesmo das que, muitas vezes, acho que não gosto. Gosto, por exemplo, de um dia de muito trabalho, mas muito mesmo, até estressante, só pra chegar naquele velho barzinho e encontrar um grande amigo, pedir um choppinho bem gelado, dar um gole, olhar para o amigo-irmão e dizer: "Brother, você nem imagina que dia eu tive hoje...".
Gosto de pegar uma boa revista, novinha, assim que ela chegou na minha porta e, antes de olhar para a matéria de capa - que estou muito curioso em saber qual é - chegá-la próximo ao meu nariz e sentir aquele gostoso cheiro de "revista nova".
Gosto até de trabalhar. Mesmo que eu pense bem antes de escrever isso, mas quando penso bem, eu gosto de trabalhar. E dou graças a Deus, que eu trabalho no que gosto e chego à conclusão, neste momento, que isso é a coisa mais importante de tudo o que poderia ter profissionalmente!
E já que toquei no nome Dele, gosto de Deus. Gosto tanto que me sinto triste de pensar que há pessoas que não gostam, ou não acreditam Nele, pois mesmo que ele não existisse, acreditar Nele já torna a vida mais feliz.
Gosto de pensar positivamente. De imaginar que o ser humano tem jeito sim! De criar em minha mente a imagem de que todas as nações viverão em paz. Que um dia judeus e palestinos vão parar para pensar a insanidade de se odiar. Que, antes de tudo, eles fazem parte da mesma espécie, são o mesmo animal homem e que se existe um Deus, é o mesmo para um e para outro, então que insanidade é tentar matar o outro em nome de um mesmo criador.
Gosto de - e preciso! - imaginar que a Terra será um bom lugar para se viver em alguns anos. Que as previsões sobre colápsos climáticos estarão erradas, simplesmente porque os governantes agirão da melhor forma para melhorar as emissões de carbono do planeta.
E nisso tudo, também gosto de acreditar que os político brasileiros não mais pensarão em melhorar apenas as suas vidas e pensarão em melhorar a vida de seus semelhantes, do povo brasileiro. Não porque terão medo de uma revolução que possa acontecer pelos absurdos que aparecem dia após dia unido à pobreza de grande parte da população. Gosto de acreditar que antes disso, eles possam se dar conta que todos os brasileiros, todos nós, estamos no mesmo barco e, se ocorrer algo ruim, o barco pode afundar, não importa se você é o operário dos motores ou o capitão, afundará também.
Como Poliana, eu gosto de procurar o lado bom de tudo, mesmo que ele seja pequeno ao ponto de ser difícil de achá-lo. E isso faz a vida mais gostosa. Isso faz eu gostar mais da vida. Eu, na verdade, gosto mesmo é de viver!

domingo, 24 de janeiro de 2010

Luiz Gonzaga

Este sábado fui de ônibus para o meu trabalho. Como é um pouco longe e depois que desço da condução ainda há um bocado a andar, geralmente vou de carro, mas o transporte público tem algumas boas vantagens.
Gosto de ler e é sempre muito bom sentar-se, abrir um livro e lê-lo durante toda a viagem, algo impensável quando dirijo um carro, além do trânsito intenso e gastos com combustível. Se tivéssemos um transporte público decente, quantos trabalhadores não deixariam seus carros para aproveitar esse meio.
No caminho a pé - pós-ônibus - percorro o mesmo trajeto de quando estou no carro e este sábado estava um dia, realmente, muito bonito. O céu estava bem azul, com poucas nuvens e, próximo ao consultório, há uma grande praça, bem simples, mas bonita, com uma grama bem verdinha e aparada.
Vendo este cenário, me veio à cabeça como era sábio nosso velho e querido Luiz Gonzaga. Há muito tempo conhecia sua música "Estrada de Canindé" - que aliás, gosto muito! - e entendia o que ele queria dizer, mas somente este dia, senti, exatamente o que a letra declama:

"Artomove lá nem sabe se é home ou se é muié
Quem é rico anda em burrico
Quem é pobre anda a pé
Mas o pobre vê nas estrada
O orvaio beijando as flô
Vê de perto o galo campina
Que quando canta muda de cor
Vai moiando os pés no riacho
Que água fresca, nosso Senhor
Vai oiando coisa a grané
Coisas qui, pra mode vê
O cristão tem que andá a pé
Ai, ai, que bom
Que bom, que bom que é
Uma estrada e uma cabocla
Cum a gente andando a pé
Ai, ai, que bom
Que bom, que bom que é
Uma estrada e a lua branca
No sertão de Canindé"

Haviam pessoas correndo, crianças com seus pais, mesmo bem cedo, brincando, o sol bem brilhante iluminando e grama verde em contraste com o céu azul. Coisas que, sempre ao passar apressado de carro, eu nunca havia prestado a atenção necessária.
É velho Gonzaga, agora posso dizer que te compreendo bem!