terça-feira, 12 de julho de 2011

Educação

"Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda", já dizia Paulo Freire. Nas comunidades de pescadores de Paraty, as crianças fazem um grande esforço para seguir este caminho.
Onde trabalhamos, há várias comunidades, porém as pequenas escolas que servem esta população, educam apenas até o quarto ano do primeiro grau. As crianças que avançam este patamar tem que se dirigir ao centro de Paraty.
Nosso imenso país apresenta curiosas diferenças em suas diversas regiões. Em grande centros, os alunos vão para a escola em vans. Em lugares do sertão, seguem em caminhões, os famosos paus-de-arara. Naquela região de pescadores, embarcam em barcos-escola.
Não é fácil, os barqueiros - como Ademir, do texto anterior - começam sua jornada às 4 horas da manhã, quando pegam a primeira criança e, de pier em pier, vão pegando todos os alunos, até deixá-los nas areias de Paraty Mirim, antes das 6 da manhã. Lá, pegam o ônibus que se dirige para a cidade de Paraty. Ainda assim, a rotina segue dura, a estrada de terra é precária, com muitos buracos e quando chove então...
-Tem dias em que nem conseguimos passar, atola tudo e ninguém passa. - nos disse um morador.
Na última época de chuva, as águas caíram com tal força que levaram a ponte pela qual atravessamos o rio para a casa que ficamos no último trabalho.
Seguem mais de 18 km, por mais de uma hora até seu destino. Retornam para a praia até o barco só em torno das 14 horas.
Há brasileiros que fazem um grande esforço para conseguir sua educação, sem perder seu sorriso, sem perder sua força de vontade. Acordam muito antes do primeiro raio do sol nascer, perdem muitas e muitas horas em seu trajeto para a escola. Mas jamais perdem sua esperança.