terça-feira, 2 de julho de 2013

Manifestações e foco

Depois da euforia em torno das manifestações, da alegria em ver que não eram apenas você e seus amigos que conversavam revoltados sobre toda a bagunça que acontecia em nosso país, é preciso ter atenção a este momento. Dele em diante pode haver uma moralização e uma caminhada rumo a um país melhor, uma "baixada de poeira" e o Brasil continuar o mesmo país injusto e campeão de corrupção ou, na pior das hipóteses, dar o caldo para piorar uma situação que já era ruim.
Em uma palestra na última semana, dois jornalistas e economistas americanos mostraram sua visão consciente de todos esses acontecimentos passados por aqui nas últimas semanas. Além de especialistas em análise de cenários mundiais, ainda levam a vantagem de olhar de fora, sem a visão apaixonada ou extremamente crítica de um brasileiro.
Sobre as manifestações, foram categóricos:
- Enquanto muitos perguntam o que levou a essas manifestações - de uma hora para outra - nós, de fora, temos outra visão: por que elas demoraram tanto a acontecer?
Discorreram sobre a série de absurdos que o país viveu nas últimas décadas e, principalmente, nos últimos anos.
"Após retomar a democracia, colocar a economia no prumo, ver tantos escândalos de corrupção, políticos que desfilam com um slogam de que rouba, mas faz, e é sabido que tem milhões de dinheiro do povo, desviado, no exterior, um governo que profissionalizou o esquema de corrupção, que se generalizou tanto na camada política ao ponto da situação comprar a oposição, gerando o mensalão. Um esquema descoberto que gerou condenados que ainda desfilam livres.
Todos esses acontecimentos geram uma sensação de impunidade que corrói todo o sistema de uma sociedade e vemos uma violência crescente onde um cidadão entrega um celular ao bandido, na frente de casa e, ainda assim, leva um tiro na cabeça. Um bandido que mata uma criança de 5 anos, na frente dos pais, porque ela chora. Um jovem que dirige fazendo zigue zague entre cones da ciclofaixa, atropela e arranca o braço de um rapaz e ainda joga o membro no rio."
E seguiram com uma série de casos - todos acontecidos a pouco tempo e vamos deixando de lado - que iam trazendo novamente a revolta de cada fato ocorrido.
- E chegamos a uma conclusão no porquê demorou tanto a ocorrer esse grito do povo diante tanta barbaridade que ocorre por aqui, quando a Argentina, Venezuela e tantos países neste nível de absurdos pelo mundo, já tinham saído às ruas antes. Muito provável pela política populista que vem sendo aplicada à população durante anos, principalmente o Bolsa Família.
Mostraram alguns cenários que podem seguir a tudo isso que vivemos e o maior receio é que um movimento como este, sem um líder, apartidário, com muitas vozes, pedidos, na maioria com sincero desejo de mudança e boa vontade, mas genéricos e sem uma conduta coerente e escrita de como chegar lá, tipo "acabar a corrupção, mais saúde, mais educação", venha a ser arrebanhado por um líder populista, que tenha um grande poder de persuasão, um bom discurso, mas sem boas intenções ou capacidade.
Um ótimo exemplo é nossa vizinha Argentina, que após manifestações quem liderou foi Nestor Kirchner Com ótimo discurso, se tornou a voz do povo, porém levou a Argentina onde está e ainda colocou sua esposa como presidenta, que agora tenta intervir no maior meio de comunicação do país, que veicula uma série de casos de corrupção na administração do casal.
Por tudo isso este momento é delicado e cabe ao povo brasileiro se informar, discutir e tentar levar o país em uma reta ascendente, longe do perigo de, não só perder o bonde do progresso, mas de pegar o atoleiro da mazela populista.