terça-feira, 23 de março de 2010

"Brincadeiras" de criança

Em menos de duas semanas, observei duas situações parecidas com adolescentes. Algo mais próximo da agressão, do que da brincadeira.
Na viagem de lua-de-mel, em um lugar estranho, esperava, pacientemente na loja de um shopping, que a Ju escolhesse alguns apetrechos para comprar. Todo homem que já passou por isso (e basta ter uma mulher ao lado para passar) sabe que é um ótimo exercício de paciência e sabedoria. Usamos praticamente técnicas orientais de meditação e contemplação para esperar a esposa, com um sorriso no rosto. Porém o cansaço bateu e resolvi sentar em um banco, na frente da loja.
Tenho o costume de sempre olhar o lugar onde sentarei, para ver se não está sujo, ou se há algo no local. E havia algo. Uma tachinha. Aliás, este diminutivo nem cabia ao prego que estava sobre o banco, apontando para uma indefesa bunda que ali sentasse. Graças a Deus não foi a minha! E assim que eu retirei a tacha (desisti do diminutivo, era um prego em forma de tachinha, de mais de um centímetro) não seria a de ninguém.
Olhei em volta e não vi ninguém suspeito, algum garoto ou marmanjo olhando de lado e vendo quando alguém se machucaria em sua "brincadeira". Nada.
Joguei o prego no lixo e voltei para a loja assustado, o cansaço até havia passado. Minha bunda até doía, pensando no tamanho do prego que quase a espetou.
Enquanto contava a história para a Ju, vi três moleques, adolescentes, olhando no banco, procurando seu prego. Olhavam no chão, em volta, em vão. Fiquei irado, vontade de meter bronca, a maior lição de moral - e adiantaria? Não sei -, mas estava em um lugar estranho, com pessoas estranhas e achei melhor não arranjar encrenca.
De volta à São Paulo, também em um shopping - o Eldorado - estava no segundo andar esperando o elevador, quando vi no terceiro um garoto, de seus 14 anos. Olhou para o térreo, mãos no parapeito, movimentou a cabeça para trás, para frente e "CUSP!", cuspiu lá embaixo, onde várias pessoas subiam pela escada rolante. Ainda olhou por um tempo, para ver em quem tinha acertado e saiu, antes que eu pudesse falar qualquer coisa do andar de baixo.
Entrei no elevador, ainda abismado com a cena, a porta se fechou e ele subiu. Ao abrir novamente, entraram dois garotos, um deles, o autor da cusparada. Ali não resisti:
- Cara, vê se não faz mais isso! Cuspir na cabeça dos outros?
- Pegou em você?!! - me perguntou assustado, como quem esperava receber uma bofetada.
Eu disse que não, mas poderia ter caído, ou numa pessoa que ainda trabalharia o dia inteiro, ou numa mãe com seu bebê de colo.
O outro garoto deu-lhe um "esporro", que não acreditava que ele tinha feito aquilo.
O que fazer? Dar um corretivo? Lição de moral? Conversar? Eu acho que uma conversa, na boa, resolve mais que um safanão.
Na verdade, é torcer para que esses adolescentes não virem adultos piores ainda.

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