quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A legalização das drogas - por Pedro Paulo

Aproveitando o espaço cedido pelo meu amigo Wolber aqui neste blog, eu acho que devíamos discutir sobre assuntos mais polêmicos. Concordando, ou não, poderemos chegar a um senso comum ou pelo menos exercitar nosso raciocínio.
Começando essa série de temas queria falar sobre as drogas. Esse assunto que é tabu em qualquer meio e aquece os ânimos onde quer que apareça.
Sei que minha opinião não é lá muito popular, mas quem sabe eu me explico bem ou alguém me convence do contrário. (acho difícil, mas vamos lá) Portanto as pessoas de coração fraco ou que não gostam de emoções fortes podem sair da sala.
De sopetão: sou favorável à legalização das drogas! "Ai, o que é isso! Deve ser um drogado!" algumas menininhas podem pensar e já respondo: não. Tudo bem que vez ou outra gosto de dar uma ligeira relaxada com algo suave, se é que me entendem, mas além de ser muito de vez em quando, nem dá pra me considerar como um lesado.
"Ok Pedro, mas porque então você é a favor da legalização??"
Tudo bem querido leitor, já respondo sua pergunta. Primeiro porque eu quero ter a liberdade de saber o que é bom ou não pra mim. Só isso. Antes dos 18 devia (na verdade devo até hoje, por respeito) satisfação aos meus pais, que sim, deviam me guiar dizendo o que era ou não bom para mim. Agora, quem é o estado para dizer: "Não rapaz, isso não é bom para você, vai te fazer mal, não use senão eu te prendo!"??
Ele deve sim me dizer que eu não devo prejudicar os outros e punir os que fazem isso, com toda certeza, senão tudo viraria uma anarquia só. Agora não me venha dizer que eu não posso usar porque fará mal a mim. Daqui a pouco não me deixará usar desodorante barato porque pode espantar as mulheres e futuramente diminuir minha probabilidade de casar! (tudo bem, sei que exagerei, mas me entenderam, não?)
Em segundo lugar, creio que a legalização diminuirá drasticamente a violência. O tráfico existe porque as drogas são proibidas e recebem enormes quantias de dinheiro.
Terceiro: A cerveja, o cigarro. Tudo droga. Porque eles são liberados e um simples baseadinho não? Pra mim não tem diferença fumar um ou tomar cinco chopps em um bar.
"Ah Pedro, agora já chega! Como não tem diferença? O cara fica chapado!"
Ué meu amigo, e quantos não vemos trançando as pernas ao sair de um bar. O problema é quem exagera. Tudo em exagero é ruim! Pra isso tem a lei seca e pode ter a lei sem fumaça. É só não dirigirmos depois e tudo bem.
Podia continuar listando aqui muitos outros tópicos, mas acho que estes já dizem por si só.
Mais uma polêmica: não acho que seja correto ficar jogando a culpa toda nas costas do usuário. Ele tem a sua parcela de culpa? Claro que tem. Mas tão grande quanto a dos homens que poderiam melhorar esse país e não melhoram! É fácil fazer propaganda e mostrar que um baseado comprado vira bala na arma do bandido. Eu poderia fazer uma que uma assinatura não dada por homem para legalizar as drogas manda para vala milhares de adolescentes. Mas preferia mostrar que uma assinatura num banco da Suiça vira um monte de mortes nas filas dos hospitais e desempregados sobre as pontes do nosso país.
Sei que estou sendo um pouco agressivo e peço desculpas se pareci arrogante, não era minha intenção. Mas agradeço ao Wolber o espaço para poder jogar todas essas palavras que me ficavam presas na garganta. Estou mais aliviado!
Até mais.

Pedro Paulo é administrador, tem 32 anos

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

"Diário de Bordo" : Canudos - Monte Santo

Dia seguinte, como era de praxe, acordei e matei mais dois pernilongos MacGyvers que misteriosamente entravam em meu mosquiteiro.
Nesta manhã seguimos para Bendengó com a missão de comprar telhas transparentes que melhorassem a iluminação das duas salas de aula e da biblioteca. Os fortes ventos da região fazem as janelas ficarem fechadas por grande parte do tempo e as fracas lâmpadas - penduradas no teto por um longo fio - não dão conta de iluminar as salas.
Lá também fizemos o orçamento para a futura (e breve!) novidade do Instituto para a comunidade: um posto de saúde. Nesta noite seria afirmada mais uma parceria com os moradores. Até dezembro será construída uma casa que possuirá consultórios médico e odontológico e abrigará os voluntários que trabalharão ali.
Aqui já fica um convite aos meus amigos dentistas que quiserem conhecer uma região maravilhosa e ainda realizar um bonito trabalho social. Poderá trabalhar durante uma semana atendendo a população, se hospedar na sede do IBS e ainda fazer grandes amigos.
Voltamos com as telhas que rapidamente foram instaladas nas 3 salas, o que melhorou muito a iluminação.
Pudemos então almoçar e pegar o carro para conhecer (mais uma vez, pelo menos eu conheceria...) a cidade de Monte Santo. Ali há uma igreja famosa, que recebe romeiros da Bahia inteira. Se localiza no topo de uma enorme montanha e podemos vê-la de longe e de qualquer parte da cidade. Ganhou sua fama quando, pouco antes de fundar o Arraial de Canudos, Antônio Conselheiro a reformou com seus seguidores.
Seguimos para lá eu, Luis, Cristiano, Marluce, Damiana e o Quinha - os quatro se apertando atrás do pequeno celtinha que alugamos em Salvador.
Como estava muito calor compramos algumas garrafas de água e nos encaminhamos para os infindáveis dagraus, menos a Marluce que grávida de alguns meses preferiu não se esforçar tanto.
Logo nos primeiros degraus vi algo se mexendo no canto do caminho; levei um susto: uma cobra coral!
Tirei a foto e fiquei um pouco preocupado, já que voltaríamos no finalzinho da tarde e a luz já teria ido embora. "Vai que a gente pise numa cobra na volta!" O medo continuaria até o final da descida (ainda mais que ninguém havia levado uma lanterna. Nesse sinal o celular ajudou um bocado...).
A subida é bem cansativa, mas vale muito à pena. A cada trecho percorrido olhamos para a cidade menorzinha, lá embaixo. A escadaria de pedra leva até, mais ou menos, metade do morro, o restante é uma estradinha que segue serpenteando até o topo, onde está a linda Igreja de Monte Santo.
No final da escadaria o Luis se lembrou da foto que levava para seu Manoel, vigia que passa dias inteiros lá em cima, cuidando de tudo. Ele a havia esquecido no carro. Desceu tudo de novo para ir até o carro e nos alcançar novamente. Parecia piada...
Nessa hora um cachorrinho começou a nos seguir. Fiel, como se fosse nosso andava e respondia a nossos chamados, bem curioso. Parece que estava procurando companheiros para o passeio.
Lá em cima a vista compensa todo o sacrifício; e pensar que tem velhinhas que sobem tudo aquilo de joelhos, carregando pesados apetrechos e crianças no colo. O que não é o poder da fé.
O Luis entregou a foto que tirou meses antes do seu manoel, um tiozinho sertanejo que qualquer posição que fique parece ótima para uma foto Se está na janela a mão está no queixo e o olhar no horizonte, se está sentado numa pedra as mãos abraçam o joelho e o olhar se perde no infinito. Gente finíssima, nos convidou para visitar sua casa numa próxima vez para comer uma galinha caipira: quase fomos naquela hora mesmo!!
Assim que presenciamos o lindo pôr-do-sol nos despedimos da igreja mágica de Monte Santo e retornamos pelo mesmo caminho de pedras que nos levou até lá em cima. Desta vez, sem topar com cobra alguma...