quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Inversos

Viver em São Paulo trás algumas coisas, uma delas é ter uma saudade imensa da natureza. Essa saudade está tão enraizada no homem - o único animal que resolveu fugir dela, construir prédios de concreto, cobrir o solo fértil com asfalto e viver em gigantes gaiolas de concreto - que mesmo alguém que nasceu neste meio, sente uma paz enorme ao fazer um passeio por uma Chapada Diamantina, visitando cachoeiras e vendo paisagens de tirar o fôlego.
Uma das maiores alegrias, foi mudar para uma casa que possui um pequeno quintal, e nele um quadrado de grama, já o suficiente para pisar descalço e lembrar que a natureza ainda existe por aqui.
Ali, resolvemos colocar alguns pequenos potes com alpiste, atraindo alguns amigos alados para essa morada.
Em algumas semanas, eles começaram a nos visitar. Várias espécies vem apreciar o banquete farto durante todo o dia e assim aprendemos a diferenciar os pássaros. Alguns são solitários, outros, como os pardais, nos visitam sempre em casal, e fomos nos apegando, sabendo até qual era macho ou fêmea, mais bravo ou manso.
Em uma viagem à Diamantina, sentei bem cedo para o café da manhã, o dia abria bonito. Um pequeno barulho no chão próximo à porta: um lindo pássaro. O olhei como se fosse um amigo, já que estava com uma ótima ligação com seus parentes paulistas.
Pluft! Outro pousou sobre as costas de uma cadeira e em alguns segundos, o primeiro voou certeiro sobre a mesa do café, dando algumas bicadas em um dos pães que ali ficava. Automaticamente o rapaz do hotel correu com um pano, espantando os dois pássaros, dizendo algo algum tipo de som, como se espantasse moscas.
O fato se repetiu mais umas três vezes, entre sorrisos e pensamentos de como é viver em um lugar com natureza de mais e em outro com natureza de menos...