quinta-feira, 24 de abril de 2014

Comunidade

Observando uma comunidade de formigas um cientista constatou: assim como as comunidades das abelhas, cupins e outras semelhantes, estes insetos encontraram a forma perfeita de sobrevivência da espécie. 
Nela, cada ser, cada cidadão  presente, é extremamente importante. Tem sua função para a sociedade e doa cada parte de sua energia para o todo, para cada formiga de seu formigueiro, não se importando se é uma de seu convívio próximo ou de uma que nunca irá ter contato em toda sua vida. 
Ela simplesmente sabe que sua sobrevivência depende daquela que nunca conhecerá e que trará o sustento para si mesma e para todas as outras de sua comunidade. 
Mesmo a rainha, que em teoria seria a mais importante de todas, sabe que sua função é tão importante quanto a, que seria, simples operária. Não é mais nem menos. É simplesmente igual. 
Interessante. 
E assim notou, que a morte ou o sofrimento de um membro da sociedade, era tido como um sofrimento de todo o grupo. Seja próximo ou distante, ver um ser semelhante a si sofrendo ou morrendo era uma tristeza enorme a qualquer um do grupo. Pois sabiam que poderia ser ele mesmo padecendo e sentiam como se assim fosse. 
Naquele dia de descoberta o cientista não dormiu. Entendeu o padecimento humano. Quando foi que o homem deixou de se importar com o sofrimento alheio? Quando começou a ver na televisão que outros sofrem com doenças terríveis, fome, miséria, e voltou aos seus afazeres se esquecendo em seguida do que vira?
Pior: quando começou a pensar em seu único benefício desviando tanto que seria destinado ao bem de toda sociedade pra si mesmo, por ganância?
Quando deixou de pensar no bem de todos por pequenos momentos de prazer solitário, ou de pouquíssimas pessoas?
Foi aí que o cientista, em toda sua inteligência, que se achava dono de uma capacidade enorme de entendimento, simplesmente sentou e chorou.