sexta-feira, 4 de março de 2011

Cenas de uma recepção

Nossa porta de entrada para o Vale do Jequitinhonha, no último trabalho realizado em fevereiro foi a linda cidade de Diamantina, com seus casarões antigos e igrejas coloniais.



Chegamos à cidade de madrugada, após a aventura da viagem de ida. Na manhã seguinte, conseguimos conhecer um pouco o local. Andamos por suas belas ruas calçadas por enormes pedras, visitamos a casa da Chica da Silva, e vimos até uma famosa fofoqueira, olhando curiosa os acontecimentos pela sua janela.























Após o almoço, sguimos para a pequena comunidade de Cachoeira do Norte, nosso primeiro destino de trabalho. Fomos recebidos de forma extremamente calorosa, com palmas e cantos dos moradores.



Uma pequena roda se formou e nos falaram de uma apresentação de um dos folclores mais tradicionais de nosso país: a folia de reis. Homens e mulheres, de todas as idades cantavam ao som dos violões e instrumentos de percussão. Aquele coro tradicional, com vozes de homens entoando uma música enriquecida por vozes femininas bem agudas, de moças e senhoras.



Após algumas músicas, foi formada uma imensa roda, crianças e adolescentes se uniram e começaram a entoar músicas reginais, uma deliciosa Folia de Reis.



E claro, nós entramos na dança...



A noite caia e a festa parecia ir longe, para nossa alegria. O cenário era lindo, a pequena igreja da praça, olhava para as alegres pessoas que dançavam e cantavam ao som do violão.



E contentes, passamos a ver adolescentes e senhoras de seus 70 anos, pulando e dançando, com um vigor invejável, e deixando a boa mensagem de que a cultura vai sobrevivendo, sendo passada para as outras gerações.



E no fim da festa, ainda assistimos ao show de percussão, dado pelos nossos amigos. E ali estava ela, com seu pandeiro. Que felicidade saber que, no dia seguinte, eu teria oportunidade de retribuir um pouco dessa maravilhosa recepção.

















Abaixo um pouco da nossa feliz roda de folia de reis.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Rotinas

Meus amigos. Voltamos e esta segunda-feira, voltei ao consultório. Saio de uma rotina, entro em outra. Realidades tão antagônicas, conflitantes, e, ao mesmo tempo, complementares.
Fazer um trabalho social, viajar por alguns dias, doar o pouco que aprendeu - e desenvolveu - em favor de outras pessoas, é participar de um mundo novo. Um mundo que se imaginaria ideal, onde aquele papel ($) que tanto distancia a humanidade de seus verdadeiros propósitos, quase perde o sentido.
Os mundos se complementam, pois neste lado, é necessário correr atrás do trabalho, para melhorar a vida da família, para se especializar e melhorar cada vez mais profissionamente e, aí sim, doar esta melhora para outros menos necessitados.
Pode parecer demagogismo, numa época em que estamos cansados de tantos discursos políticos, tão vazios como uma bexiga furada. Porém, quem já foi uma vez pode afirmar: a cada trabalho, sentimos mais a necessidade de doar cada vez mais.
Em cinco cidades eu e o Wanderson, fizemos 220 próteses. O número é grande e nos deixa orgulhosos e felizes, ainda mais quando cada unidade deste número é um "seu João", "seu Raimundo", uma "dona Maria", pessoas, a grande maioria, a mais de 10 anos, sem nenhum dente na boca e sem nunca ter usado uma prótese.
Rogério e Glaucia, outros dois dentistas, atenderam em torno de 200 pessoas entre adultos e crianças, sempre com o auxílio e lideraça do Manolo. Válter, ambientalista, ensinou ao lado de Pedrão, João Victor, Fernando e Erik como montar uma horta comunitária, arborizar, montar viveiros e fazer coleta seletiva, além de reciclar papéis e até água, para várias comunidades. Tudo registrado, com extrema competência, pelo grande cinegrafista-editor Vitor Pinduca.
Bernardo, da Companhia de Inventos, levou a parte da cultura com maestria, ministrando oficinas de teatros de sombra e bonecos para aliar o ensino com a arte, além de uma apresentação de um teatro de marionetes que empolga dos 8 aos 80 anos.
Ana Elisa Salvatore, esteve a frente do do projeto, que terminou com todo sucesso esperado.
Diante de tudo isso, de uma convivência durante duas semanas com uma família que escolhemos para ter ao lado, a volta tem de ser feliz. No reencontro com as pessoas amadas, com a querida família, com a caminha e o travesseiro próprio, a bateria, independente do cansaço, está completamente recarregada.
Como disse, sabiamente, meu grande amigo-irmão Bernardo:
- É muito especial essa turma que podemos fazer parte. No dia a dia temos que carregar esta alegria e vontade de fazermos tudo com o coração aberto e verdadeiro.
Tem como não encarar uma segunda com o sorriso aberto? Eu acho que não.

Obrigado a todos queridos amigos que passaram por aqui nestes dias em que estive tão ausente da blogosfera. Obrigado pelos comentários e desculpem a falta de tempo de visitar cada blog de amigos que tanto prezo. Senti falta.

Enorme abraço a todos!

Wolber Campos