quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A colheita

Já não era a primeira vez que aquele homem, entre seus 50 anos de idade, demonstrava mal humor ao entregar o papel da guarita do supermercado.
Em outras ocasiões eu havia ficado com aquela expressão de tolo, de quem cumprimenta com um sorriso e recebe uma resposta "atravessada" em resposta.
Neste dia seria diferente. Como se quisesse devolver aquilo que o homem plantou durante as poucas vezes em que tive contato com ele, numa atitude que não me orgulho, como se fosse a vida que quisesse ensinar o "colhemos o que plantamos", decidi não mais sorrir ao cumprimentá-lo. Mais ainda, decidi incorporar a expressão de homens arrogantes que acham que outros são inferiores; baixei o vidro, olhei com cara de bravo e poucos amigos e não disse bom dia, simplesmente estendi a mão para pegar o papel de estacionamento, como se achasse a pior coisa do mundo precisar pegar algo daquele cidadão.
Para minha surpresa o homem me recebeu com uma expressão mais amena, dando um bom dia submisso e sorrindo.
Mundo estranho este em que vivemos. Há pessoas que não dão valor quando são bem tratadas e se desvelam em respeito e cuidado com os que "pisam" nelas. Como se respeitassem apenas os mais poderosos, porque precisam. Como se respeito fosse preciso apenas para quem se teme, não como algo merecido a todos os seres humanos.
Educação, simpatia e respeito deveria ser a regra. Deveria.