sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O referencial

Tudo depende do referencial. Nunca podemos nos esquecer disso. Histórias, ouvidas de cada um dos lados, podem dar a certeza de razão para um ou outro. Já ouvi uma amiga reclamando do ex-namorado, que a enrolou por meses, esperando que ela tomasse a iniciativa de terminar.
- Covarde! Porque não foi homem o bastante para chegar e dizer "não dá mais, vamos terminar. Conheci outra pessoa". É simples! - dizia.
Um amigo, depois de meses em um relacionamento que já não vinha bem, conversou com sua namorada e disse que o namoro não estava mais bacana, que seria melhor para os dois terminar e seguirem sua vida. Virou o crápula para a ex e todas as amigas.
Todos nós já tivemos um carro vagaroso na frente, atrapalhando o trânsito e já tivemos também um chato, impaciente, querendo nos ultrapassar de qualquer jeito.
João vinha subindo a serra, voltando do litoral. O trânsito não estava pesado, mas uma kombi subia vagarosamente, o que o fez diminuir muito a velocidade. Como o trecho era de muitas curvas, pacientemente aguardou o momento para ultrapassar, ficando bem próximo para não perder tempo nas poucas oportunidades que teria. Demorou, mas em um espaço de visualização um pouco maior da pista, acelerou bastante e ultrapassou o idoso carro que estava a sua frente. Respirou aliviado, por pouco tempo, pois em seguida um guarda fazia sinal para que parasse e recebesse uma multa por ultrapassar em lugar perigoso.
Segundos depois, vagarosa, passou a kombi ao seu lado, quis não olhar, pois imaginaria que até o para-choque estaria rindo.
Pode-se imaginar a festa que estava dentro do carro. Risadas e comemorações pela "justiça" feita contra o chato que os provocava no carro de trás. João ouvia, não com os ouvidos, mas com a alma, um ruidoso "chuuuuuuuupa!!" subindo vagarosamente a serra de São Paulo.