No interior da Paraíba, há uma cidade que anos atrás era conhecida pelo grande números de cobras cascavel que viviam ao seu redor. Havia muito mato entre as casas e os moradores estavam sempre atentos a qualquer sinal dos perigosos bichos.
Pedrinho morava em uma dessas casas, tinha 11 anos e um de seus passatempos preferidos era caçar pacas. Mas, naquela manhã, sua mãe não deixou que ele saísse para o mato.
Curioso o "instinto materno"...
Ele, no entanto, resolveu caçar assim mesmo, deu uma desculpa à mãe, pegou sua espingarda de chumbo, seu cachorro e para lá se dirigiu.
Se embrenhou mato adentro, chegou em meio às árvores e logo viu sua presa: uma pequenina paca. Se aproximou vagarosamente, mas seu cachorro não teve a mesma paciência, saiu correndo e latindo em direção ao animal, que fugiu em disparada.
"Pega ela!", gritava o garoto contente para o seu cão. Por mais que corresse - e Pedro corre muito! - não era fácil alcançar os dois animais, logo, os perdeu de vista. Seguiu na direção e passou a ouvir o rosnado de seu amigo. "Agora ele já deve ter pego a bicha!", pensou satisfeito.
Acelerando o passo viu seu cachorro rosnando, pêlos eriçados, olhando fixo para o buraco no tronco de uma árvore, junto ao chão.
"A safada se escondeu ali dentro, é mais fácil ainda", pensou se encaminhando tranquilamente para a velha árvore.
- Se fosse meu pai, que conhecia cada reação do cachorro, ele saberia que não era a paca que estava ali. Fosse ela, ele estaria latindo e apontando. Aquele rosnado, os pêlos arrepiados, tudo mostrava que ele estava de guarda, mas com medo... - relembra Pedro.
Com a certeza de que havia vencido a "luta" contra o animalzinho, se ajoelhou e enfiou a mão direita dentro da cavidade no tronco.
"Vapt!", sentiu uma enorme pontada, muito dolorida, e num reflexo tirou a mão dali de dentro. Se espantou ao ver o tamanho da cascavel que saiu, dependurada nela! Gritou mais de susto ao ver o bicho do que de dor e, ao chacoalhar a mão, a cobra o soltou, se arrastando no chão. Para onde, Pedrinho nem viu, pois saiu correndo em disparada.
Chorava, não - ainda - de medo do que poderia acontecer, ou de dor, mas em pensar como explicaria para a mãe que levou uma picada de uma cobra venenosa por desobedecê-la.
"Não posso contar", pensou. Parou antes de chegar em casa, chupou várias vezes a região da ferida e cuspiu, tentando remover o veneno. Escondendo a mão entrou em casa e enrolou um pano em volta, dizendo que havia machucado na lida com a roça.
- Rapaz, minha mão ficou enorme, escura, fiquei morrendo de medo, mas não contei nada. Jurei pra Deus, que se eu sobrevivesse, só contaria quando eu fizesse 18 anos. - lembra.
Pedro fez 18 anos e, no dia do seu aniversário, contou à mãe. Ela caiu em prantos. Chorava, pois lembrava da mão inchada do filho e sentimentos contraditórios a envolviam, como um medo pelo que poderia ter acontecido, um medo póstumo e alívio ao mesmo tempo.
Pedrinho sobreviveu, fez 18, virou motorista, hoje passou os 50 anos e guia o caminhão ou o carro do Instituto pelo sertão afora. A mão direita, que segura o volante, exibe ainda hoje a cicatriz da picada da cascavel. Lembrança de suas aventuras de criança.
Muito legal seu trabalho
ResponderExcluiramei.
essa historia é do meu sogro
muito bommmmmmmmmm
Oi Luana! Bem-vinda!
ResponderExcluirPois é, essa história é do seu sogro, meu velho amigo Pedro. Uma das pessoas mais bacanas que conheço e que tem história pra contar, hein?!
Abraço a toda família!