Já estive em Ilha Grande, em Angra dos Reis, onde ocorreram os desastres na virada deste ano. É difícil acreditar que tudo aquilo tenha ocorrido em um lugar tão bonito. Normalmente colocamos em nossas cabeças que lugares lindos assim são paraísos e esse "status" já o coloca próximo a Deus, bem protegido.
Mas, infelizmente, ocorreu essa enorme tragédia, acabando com casas, paisagens, com vidas. E como sempre se segue após esses lamentáveis acontecimentos, começam na mídia a exposição de imagens e notícias, depoimentos, tristezas.
Não recrimino que transmitam operações de resgate, histórias de salvamentos e consequências. Mesmo os fatos tristes, números, são importantes para informar a população. Todos queremos saber e torcer para algum desfecho feliz, por menor que seja.
O que não suporto mais, é a atitude vil de alguns repórteres, que não medem esforços para conseguir sua matéria. Se estão sob ordens ou não, não interessa.
Dias depois do acidente, acompanhei uma reportagem sobre o assunto na TV e vi uma senhora, velhinha, chorando, cabeça baixa, mão direita na testa e um microfone abaixo dos seus olhos.
- Quem a senhora perdeu? - perguntou o repórter, com uma voz forçando um tom triste.
Tudo, para a triste senhora dizer, soluçando, alguns entes queridos que haviam morrido no desabamento.
Meu Deus! Quem precisa saber disso? Como estaremos ajudando aquela mãe com perguntas, ou transportando para o Brasil inteiro sua dor?
Vendo isso, me dei conta, que em minha vida inteira observei esse fato: depois das tragédias vem alguns - eu disse alguns, não generalizo! - repórteres, como urubus, procurando tirar seu sustento da morte e sofrimento alheio.
Prefiro acreditar que essas entrevistas forçadas - e dolorosas - não vendem jornais ou aumentem a audiência. Que essa morbidez um dia acabará, porque, simplesmente, as pessoas bradarão contra isso. Gostaria muito de acreditar.
Meu amigo, Wolber!!
ResponderExcluirLendo esse texto lembrei do dia em que perdi meu pai, ele foi assassinado e quando cheguei no local onde aconteceu, já havia uma repórter querendo informações dele,fazendo perguntas que em nada ajudavam naquele momento e ainda sem outorização publicou a foto do meu pai no IML e com todos os seus dados o que nos causou mais dor e medo.
você com suas palavras tem toda razão, não respeitam a dor ,só pensam em ter mais uma matéria...é uma pena!!
Um forte abraço!