segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A natureza (contos de Zazu)

Um dia Zazu conheceu um rapaz da cidade grande - mais um dos muitos outros que já havia conhecido, já que sua bela cidade é um ponto turístico. Como um bom pensador, não perde oportunidade de conversar com pessoas de fora, adora saber sobre outras culturas e, também, transmitir o que já aprendeu.
Como o novo amigo disse que ama a natureza mas, infelizmente, não tem oportunidade de ter contato com ela, o levou a um lugar bonito, leito de um rio, próximo a uma cachoeira. Ali, em meio à floresta fechada, o barulho da queda d´água era constante e sereno e a paz fazia pensar como devia ser a vida dos primeiros brasileiros antes dos portugueses chegarem.
Zazu, mostrando toda aquela beleza à sua volta e comentando como devia ser boa a vida dos índios, antigamente, disse:
- Meu amigo, o homem é um bicho estranho. Você sabe que o homem é um bicho, não é? Um como qualquer outro, é que a gente se esquece disso, parece que somos mais importantes, mas, no final das contas, somos um bicho como qualquer outro dessa floresta. Só que, se você pensar, somos o único que perdeu o contato com a natureza, que é a nossa casa de verdade. Criamos cidades, cobrimos a terra com asfalto, levantamos muros de concreto, e cada vez mais criamos barreiras entre a natureza e nós.
"Por isso, quando tiver possibilidade, nunca perca a chance de retomar o contato com ela, é o que nos renova e faz a vida ter sentido de novo."
Disse e pediu para que o rapaz repetisse seu gesto, colocando os pulsos na água gelada da cachoeira e jogando em seu rosto.
- Sinta o ligeiro choque da água no pulso e a refrescância dela em seu rosto. - completou.
Para um jovem da cidade grande ainda era difícil de compreender, parecia mais uma "viagem", mas, bem no fundo, ele sabia que Zazu tinha razão.
Voltou para sua cidade imersa em concreto e buzinas com a certeza de que nunca mais desperdiçaria a chance de aproveitar um contato maior com a natureza.

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