Não é de hoje que ouvimos falar do sistema de cotas para as universidades públicas, sejam elas raciais ou sociais. O assunto é sempre polêmico e causa acalorados debates em quaisquer setores por onde é comentado.
É inegável que a maioria dos alunos das instituições públicas superiores possuem um poder aquisitivo mais alto e teriam sim condições de pagar uma faculdade privada. O fato é facilmente explicado pela superioridade de ensino dos colégios particulares frente ao pífio conteúdo dos ensinos básicos estaduais e municipais.
Porém, a pior saída seria abrir as portas das faculdades públicas a alunos que, embora tenham direito de nelas estudarem, entrariam completamente despreparados com o baixo nível de ensino das escolas públicas.
Se hoje, por exemplo, a USP é uma universidade de ponta, com alto reconhecimento nacional e internacional, não é apenas porque possui professores sensacionais ou grande investimento governamental, mas principalmente porque ali só entram alunos completamente preparados, que tiveram que passar por uma dificílima seleção (que é a Fuvest) e desse modo os mestres poderão acelerar o aprendizado com seus afiados alunos.
(Longe imaginar que alunos de escolas particulares seriam superiores aos de escolas públicas, eles apenas tiveram uma oportunidade de um ensino muito melhor, que os deixou mais preparados.)
Com tudo isso, ocorrendo a entrada de uma parte de alunos afiados e outra – completamente – despreparados, o ensino não mais poderá seguir seu ritmo natural. Os professores não conseguirão cobrar a mesma eficiência dos dois grupos e, como não se pode dar duas aulas ao mesmo tempo, o ensino começaria a ser nivelado por baixo, na velocidade dos mais vagarosos. Com certeza, desse modo, veríamos o começo do declínio das Instituições públicas no Brasil, um de nossos poucos (se não for o único) orgulhos governamentais.
Não se deve facilitar a entrada de quem estudou em escolas públicas, seria fazer “justiça em terra de cego: furar o olho de quem tem”, se deve sim melhorar o ensino das escolas públicas. Como? Melhorando o salário dos professores cessando assim as greves que atrasam todo um cronograma de ensino, se investindo nas escolas, melhorando aparelhagens e estruturas, enfim, todos sabem o que é necessário para isso, só falta uma coisa: vontade política.
Enquanto isso vemos debates intermináveis, torcendo para que não aconteça com o ensino superior o que aconteceu com as escolas públicas de primeiro e segundo graus, que eram um exemplo de ensino nos anos 60 e 70 e hoje aprovam crianças que mal sabem ler ou escrever.
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