Dia 10 de junho eu operei meu joelho direito. Pra ser mais específico ainda: o ligamento cruzado anterior (LCA). Graças a Deus a recuperação está ótima, semana passada já havia abandonado as muletas e quase não manco...
Chegou a época das sessões de fisioterapia, excelente e necessária para uma boa recuperação mas não vou mentir, dói um pouco, em algumas horas até muito. Mas paradoxalmente é uma dor boa, que você sai das sessões já andando melhor e a cada dia movimentando mais ainda o joelho.
Na sexta-feira, depois de uma tranquila parte de alongamentos e exercícios de fortalecimento muscular chegou a hora tão temida: a de dobrar o joelho. Primeiro a mulher já me disse uma frase que soa estranho e temida para qualquer homem:
- Vai, vira de bruço...
Barriga pra baixo, perna direita (a operada) ligeiramente dobrada pra cima ela começou a movimentá-la e dobrar bem de leve, me pedindo para que eu a relaxasse. De repente a dobrou, fazendo uma grande pressão.
Mas doeu... Do tipo que você aperta os dentes e poderia espremer uma laranja sem descascar facilmente se a tivesse nas mãos. Quando me contraí, segurando o grito pelo único motivo da vergonha das outras pessoas que estavam na sala, ela me disse simplesmente:
- Não, relaxa, vamos lá - disse enquanto aumentava a pressão.
Na hora ainda pensei: "mas como é que alguém consegue relaxar enquanto sente uma dor dessas, criatura?".
Quando ela soltou a perna e eu comecei a dar gargalhadas involuntárias (não sei se pelo prazer de acabar aquela série ou de nervosismo). Ainda me disse uma gracinha, fazendo uma analogia pra eu lembrar dos meus pacientes que sentiam dor.
- Mas pelo menos eu anestesio eles antes de mexer - respondi mais alto do que eu gostaria, mas me lembrando que ainda teriam mais duas séries, ponderação era algo impensável para mim.
Me lembrei daquele filme "O virgem de 40 anos", em uma cena que ele vai depilar o peito e a dor é tão grande que ele, involuntariamente, começa a xingar a depiladora. Perguntei à moça se alguém já a havia xingado depois de alguma série sem querer, só para extravasar. Como ela me respondeu negativamente me concentrei pra não ser a primeira pessoa a passar aquela vergonha.
Quando começou a segunda vez ela - uma ótima profissional e gente boa também - me contou uma pequena história:
- Eu sei que não é fácil. E você ainda imagina um outro paciente que eu tenho que perdeu a perna direita num acidente de moto, a esquerda quebrou em quatro lugares diferentes. Eu tenho que dobrá-la, assim como estou fazendo com você, mas ele ainda não tem a outra para apoio.
Quando ela dobrou essa vez eu não soltei um mínimo gemido e ainda pensei: "pode apertar o quanto puder...".
Wolber, tô viciada!
ResponderExcluir... No teu blog, é incrível não mim canso de ler!
Mas...
Sinceramente, eu achei um pouco engrasada essa historia pra especificar o começo, fiquei imaginando como seria essa cena: Uma mulher drobando a sua perna enquanto você já chorando de dor tem que se controlar pra não gritar. KKKKKK - Apesar de tudo, é engrasado!
Mas essa pequena historia, muitas vezes é a motivação. Meu avó ele sofreu um acidente e perdeu os movimentos das pernas, pra ele foi o fim do mundo porque ele trabalha com animais e sem puder andar não poderia trabalhar. Ele conseguiu um plano que permite que ele vá pro Sarah (uma rede de hospitais) duas vezes ao ano. Ele conheceu lá, um homem de 20 anos que não tem os movimentos das pernas nem no lado direito do braço, e mesmo assim ela pinta, estuda e faz tudo sozinho. Isso foi uma motivação para a vida dele, hoje a vida que ele leva é a mesma a 4 anos atrás (antes do acidente) e faz o que pode quando encontra alguém com problemas parecidos com o dele.
É meu amigo, a motivação muda a vida de uma pessoa!
Beijos!
Joyce, que história linda para complementar o texto! Caiu como uma luva.
ResponderExcluirOlha, fico muito feliz que você esteja gostando tanto do blog. É um motivo de grande orgulho para mim.
Quanto ao assunto do texto, sempre há algo para nos motivar, não importa a situação em que estamos, sempre há algo a buscar e crescer, que seja espiritualmente.
Saber que esses texto também te motivam, é, para mim, motivo de grande orgulho!
Grande beijo!