Almir é o mecânico chefe de uma concessionária de carros importados. Numa viagem em que acompanhava seu chefe com amigos, dividiu o quarto com Bernardo. Ao entrarem na simples pousada em que passariam a noite, encontraram apenas uma cama e um colchão encostado ao lado.
- Almir, pode deixar que eu durmo no colchão. - disse Bernardo, humilde como sempre.
- Imagina, seu Nado, pode deixar que eu durmo no chão. O senhor nem imagina onde eu já dormi... - respondeu o amigo, lhe contando sua história.
Nasceu e morou toda sua juventude no pantanal matogrossense. Era um matuto, na acepção da palavra. Muitas vezes, dormia ao relento, sobre a grama, embaixo de uma árvore. "E aquilo, pra mim, era a melhor coisa do mundo!", exclama saudoso.
Em seu último emprego no Pantanal, tomava conta de uma grande fazenda. A casa grande, ficava sobre altas palafitas, pois na época das águas, tudo se alagava e o único caminho era sair de barco pela porta de entrada. Os donos, sempre saiam nesse período, esperando o tempo de seca para retornarem à sua casa. Mas não podiam deixar o imóvel sozinho; a coisa mais comum quando as águas subiam, eram saqueadores levarem tudo o que os donos deixavam para trás. Essa era a principal função de Almir, estocar provisão para os quatro meses em que tudo estaria inundado e ficar, em suas palavras, "armado até os dentes", para não deixar ninguém se aproximar.
- Seu Nado, eu mal dormia de noite, pois os bandidos vinham nessa hora, com o motor do barco desligado para não chamar atenção, e matariam quem tivesse tomando conta, só para roubar tudo mais tranquilos.
Almir continuou contando histórias sobre m Brasil conhecido por poucos, onde a lei é muito diferente. Onde a vida, acaba valendo pouco quando a sede de bandidos é insaciável.
Hoje, é feliz com sua nova profissão, que o ajudou a ganhar um bom dinheiro e o afastou de tantos perigos e noites mal-dormidas. Mas ainda sente muita falta de suas noites dormidas sob uma frondosa árvore iluminada pelo luar do pantanal.
Tudo sempre tem seu lado bom.......
ResponderExcluirBoa semana querido, beijos.
Oi Wolber! Seus textos sempre com cheiro de terra! Cheiro de roda de "causos"...rs
ResponderExcluirEsse texto me fez lembrar um livro que li da Liv Ullmann em que ela diz: saudade da tristeza!
Quantas vezes na vida estamos vivendo um momento em que achamos pesaroso, pesado, triste mesmo e apenas com o passar dos anos percebemos que aquele momento era na verdade, uma benção, um instante em que uma paz diferente e abençoada nos propunha um mundo, também, diferente!
Acho que Bernardo sentiu a saudade da tristeza! Como vc disse, saudade do tempo que podia dormir embaixo da árvore, com o luar cobrindo o corpo e "armado até os dentes".....rs
Beijos, Doutor da Terra!
Olá Wolber, quanto tempo!
ResponderExcluirTudo bem, meu amigo?
Eu estava sem tempo pra nada, só pra estudar! Fim de ano é uma correria na escola, mas graças a Deus meu esforço valeu e já estou livre em todas as matérias!
Quanto ao texto, é pra gente ver que a violência já atingiu os pontos mais "esquecidos" do Brasil, e eles não perdoá nem a vida do outro. E por muitas vezes por uma coisa que quando morremos não iremo levar, é o que eu digo: Se o homem é capaz de matar a vida de uma pessoa por R$50,00 imagina o que ela não é capaz por R$200,00...
Grande Beijo, Wolber!
Saudades!
ALMIR MOROU AQUI NÉ?MORO NO MATO GROSSO ...PROMIXO UNS 112 KM DO PANTANAL....E AQUI É DE COSTTUME MESMO ESSA SIMPLICIDADE TODA..AS PESSOAS MATUTAS..AS PESSOAS SIMPLES ELA SÃO ASSIM MESMO..SE DOAM POR INTEIRO PRA GUARDAR OS PERTENCES DOS PATRÕES...O PIOR QUE NA MAIORIA DAS VEZES NEM SÃO NOTADAS NÉ?MAS CONCORDO COM O ALMIR NÃO ESQUECER JAMAIS DAQUI..SABE WOLBER EU SOU PAULISTA CHEGUEI AQUI EM 1986 RECEM CASADA COM 21 ANOS DE IDADE..MORAMOS NUMA FAZENDA IMENSA ...DO SENHOR OLACIR DE MORAIS SE DEVE SABER QUEM É..POIS BEM FOI DURO O COMEÇO MAS DEPOIS DE UNS 12 ANOS MEU MARIDO JA ESTABILIZOU E CONSEGUIMOS NOSSO NEGOCIO EM 2004 A COISA AQUI FICOU RUIM PRO NOSSO NEGOCIO NÃO IAM BEM E RESOLVEMOS IR TENTAR EM SÃO PAULO SE ACREDITA QUE TANTO ELE E EU MESMO MORANDO JUNTO COM NOSSA FAMILIA...PERTO ...NÃO ACOSTUMAMOS MAIS COM A VIDA EM SP...ACHO AQUI TUDO TÃO MAIS SIMPLES...TRANSITO...TEMPO...AS COISAS..PESSOAS ...CHEGUEI A SEGUINTRE CONCLUSÃO...FIQUEI MATUTA MESMO..SEGUNDO MINHA AMIGAS DE SP TENHO ATE SOTAQUE MATOGROSSESSENSE RSRSRSR ..MAS CONHEÇO MUITA GENTE COMO ALMIR..E BANDIDOS JA ESTÃO AQUI TAMBEM ...INFELISMENTE..ANTES TINHAM DAQUI MESMO...MAS AGORA ESTA FICANDO DIFICIL TAMBEM...
ResponderExcluirMAS FOI COMO EU TE DISSE...DORMIR NO AR LIVRE O HOTEL DELE TAMBEM TEM 1000 ESTRELAS...
ATE
OTILIA
A pesar da tristeza de ver homem matando homem,por coisas que usufruirá por tão pouco tempo, a gente também consegue ver uma das maiores maravilhas do ser humano: o esquecimento das coisas ruins e a lembrança só daquilo que ficou de bom. Deveríamos colocar isso mais em prática. Relembrar mais das sonecas em baixo de árvores do que armas na mão!
ResponderExcluirMuitos beijos!
Oi Miss! Tudo bem?
ResponderExcluirSempre, e olhar este lado em todas as ocasiões é o que faz a vida mais leve e mais bonita.
Beijo e boa semana!
Olá Cris! Tudo bem minha amiga?
ResponderExcluirHaha, gostei do "dr. da terra".
Então Cris, não conheci pessoalmente o Almir, quem me contou a história foi meu grande amigo Bernardo. Mas pelo que ele me disse, a saudade de dormir sob as árvores é de coisa boa. Uma pessoa que quer viver em harmonia com a natureza e acaba perdendo isso na cidade grande.
Como você, não é? Que vira e mexe vai ao sítio buscar esse contato. Todos precisamos.
Beijão!
Oi Joyce!! Como vai minha amiga?
ResponderExcluirQue bom recebê-la aqui. E está certíssima, tem que estudar muito mesmo. Esse esforço sempre é recompensado.
Engraçado, sabe que esta violência em lugares mais afastados do Brasil é até certo ponto mais perigosa do que em cidade grande? Bandidos muito simples não tem nada a perder e acabam matando por nada. Em estradas no meio da caatinga, muitas que cercam plantações de maconha, ficamos atentos o tempo todo. Há muitos assaltos aos carros pelos capangas que protegem a região.
Coisa de filme, né?
Beijo!
Olá Otilia!
ResponderExcluirNossa, que história, hein? Fez uma boa "tabelinha" com o post. :)
Acredito que quem tem um pouco mais de sensibilidade, quando mora um tempo mais próximo à natureza, com qualidade de vida, não consegue retornar a uma cidade grande, em meio a tanta poluição, trânsito caótico e pouco calor humano.
Ah, e o "hotel" de mil estrelas também caiu bem neste texto. ;)
Beijo a você!
Minha querida Lua! Tudo bem?
ResponderExcluirSempre me admiro de sua sensibilidade. Essa é a essência do texto. Lindo complemento. :)
Grande beijo a você!
Oi querido!
ResponderExcluirVocê sabe que às vezes tenho inveja de você? A sensação que tenho às vezes quando venho aqui é a de que estou perdendo alguma coisa importante na vida. O corre-corre aqui é tão grande. É tudo tão urgente. As necessidades são tão exigentes que os dias vão se sucedendo... Quando vejo o ano acaba...
Quando será a próxima viagem?
: )
Olá, minha amiga policial! Tudo bem?
ResponderExcluirSaudade de suas passagens por aqui. :)
Olha, é difícil falar deste assunto. Odeio passar a idéia de "faça como eu", mas para amigos costumo falar, porque gostaria que falassem para mim. Mas minha amiga, é exatamente como você disse, a vida passa e nós mal vemos. Hoje, 10 anos para mim foi ontem.
Nessas viagens, temos muitos amigos que vão 1 vez por ano. Pegam 15 dias das férias e vão para o sertão com sorriso de orelha a orelha. É abdicar de uma parte para priorizar outra.
Viajamos neste fim de semana passado (posto em breve) e a próxima grande viagem será em março. Temos alguns projetos menores, mas ainda não temos data certa.
É isso, minha amiga! Valeu pela visita!
Beijo!
Boa tarde, querido amigo.
ResponderExcluirNossa... Quanta vivência e histórias pra contar, tem esse Almir... E o Wolber também!
Fico feliz, por ele ter melhorado de vida.
O antagonismo no Brasil é tão grande, quanto é a sua extensão.
Que Deus os abençoe.
Um grande abraço.
Oi Amapola!
ResponderExcluirE que histórias esse homem deve ter. Eu, infelizmente não o conheci, o Bernardo, que é um grande amigo meu, me contou a história.
E você definiu com sabedoria: país com antagonismos grandes como seu tamanho.
Beijos!
Wolber,
ResponderExcluirLembrei-me de você. Coloquei uma cerveja pequena no congelador. Deixei um tempo. Tirei. Ela estava "canela de pedreiro", igual você relatou num post passado. Foi a primeira vez que consegui tal façanha e havia cristais pequenos na bebida.
Como é que a gente lembra, não é? O outro, amigo "virtual" infiltra-se em nossas vidas.
Beijos!
Suzana/LILY
Voltei! Esqueci-me de comentar este post.
ResponderExcluirEu fico pensando, será mesmo bom dormir na grama? Dar umas cochiladas, descansar, eu até entendo, mas dormir? Parece bonito, é romântico, mas não deve ser fácil, formigas, insetos, os barulhos da noite... os possíveis bichos. Sei de gente que pernoitou na Selva Amazônica, e quase não dormiu, sentia apenas muito medo, pois o barulho do desconhecido vivo, com certeza, vivo, não era de embalar os sonhos...
Mas, gostei de saber um pouco mais do Pantanal... eu não sabia desses alagamentos, dessas inundações bem em meio às casas, ou seriam as casas em meio ao mundo verde?
Interessante!
Um abraço,
Suzana/LILY
Olá Lily!!
ResponderExcluirVocê tem total razão. Não deve ser nada fácil.
Já conheci algumas pessoas como o Almir, uma delas o próprio galeguinho, de algumas postagens atrás ("o homem mais puro do mundo"), e percebe-se neles um total desapego, um brilho diferente nos olhos, não sei explicar. Sentem uma total comunhão com a natureza e um despreendimento que nos emociona.
Não se incomodam com bichos ou medos do mundo exterior das casas. se sentem mais um deles quando dormem ao relento.
É incrível Lily, eu os admiro e algum dia dormirei naquelas cavernas em que o galeguinho dormia. Mas sei que um ou dois dias é fácil. Fazer disso um cotidiano não sei se teria essa pureza.
Minha amiga, um ótimo fim de ano pra você! E bom 2011!! Felicidades! :)
Se
Hahaha!! Olá lily!
ResponderExcluirNão sei por quê esse comentário da "canela de pedreiro" tinha passado batido, só o encontrei agora.
Que gostoso, tanto ter conseguido produzir uma canelinha em sua casa, quanto pela lembrança ter ficado.
Nisso vemos como a amizade tem asas, e voa longe, não é? Apesar de virtuais, sabemos que ali do outro lado tem uma pessoa real em frente ao computador.
Obrigado pela amizade Lily!! Um grande abraço!