segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Rotinas

Meus amigos. Voltamos e esta segunda-feira, voltei ao consultório. Saio de uma rotina, entro em outra. Realidades tão antagônicas, conflitantes, e, ao mesmo tempo, complementares.
Fazer um trabalho social, viajar por alguns dias, doar o pouco que aprendeu - e desenvolveu - em favor de outras pessoas, é participar de um mundo novo. Um mundo que se imaginaria ideal, onde aquele papel ($) que tanto distancia a humanidade de seus verdadeiros propósitos, quase perde o sentido.
Os mundos se complementam, pois neste lado, é necessário correr atrás do trabalho, para melhorar a vida da família, para se especializar e melhorar cada vez mais profissionamente e, aí sim, doar esta melhora para outros menos necessitados.
Pode parecer demagogismo, numa época em que estamos cansados de tantos discursos políticos, tão vazios como uma bexiga furada. Porém, quem já foi uma vez pode afirmar: a cada trabalho, sentimos mais a necessidade de doar cada vez mais.
Em cinco cidades eu e o Wanderson, fizemos 220 próteses. O número é grande e nos deixa orgulhosos e felizes, ainda mais quando cada unidade deste número é um "seu João", "seu Raimundo", uma "dona Maria", pessoas, a grande maioria, a mais de 10 anos, sem nenhum dente na boca e sem nunca ter usado uma prótese.
Rogério e Glaucia, outros dois dentistas, atenderam em torno de 200 pessoas entre adultos e crianças, sempre com o auxílio e lideraça do Manolo. Válter, ambientalista, ensinou ao lado de Pedrão, João Victor, Fernando e Erik como montar uma horta comunitária, arborizar, montar viveiros e fazer coleta seletiva, além de reciclar papéis e até água, para várias comunidades. Tudo registrado, com extrema competência, pelo grande cinegrafista-editor Vitor Pinduca.
Bernardo, da Companhia de Inventos, levou a parte da cultura com maestria, ministrando oficinas de teatros de sombra e bonecos para aliar o ensino com a arte, além de uma apresentação de um teatro de marionetes que empolga dos 8 aos 80 anos.
Ana Elisa Salvatore, esteve a frente do do projeto, que terminou com todo sucesso esperado.
Diante de tudo isso, de uma convivência durante duas semanas com uma família que escolhemos para ter ao lado, a volta tem de ser feliz. No reencontro com as pessoas amadas, com a querida família, com a caminha e o travesseiro próprio, a bateria, independente do cansaço, está completamente recarregada.
Como disse, sabiamente, meu grande amigo-irmão Bernardo:
- É muito especial essa turma que podemos fazer parte. No dia a dia temos que carregar esta alegria e vontade de fazermos tudo com o coração aberto e verdadeiro.
Tem como não encarar uma segunda com o sorriso aberto? Eu acho que não.

Obrigado a todos queridos amigos que passaram por aqui nestes dias em que estive tão ausente da blogosfera. Obrigado pelos comentários e desculpem a falta de tempo de visitar cada blog de amigos que tanto prezo. Senti falta.

Enorme abraço a todos!

Wolber Campos

10 comentários:

  1. Acho que cada vez que a gente tiver em crise existencial, sentir uma ojeriza profunda pelo ser humano tem que vir aqui e ler suas histórias. Elas são verdadeiramente um bálsamo que ajuda a sanar pelo menos parte das chagas imensas que caminham junto com a humanidade, o egoísmo, arrogância, intolerância, entre tantas outras.

    Em nenhum momento o vi aqui se queixando do comportamento dessas pessoas a quem ajuda, embora deva ter pessoas complicadas de se lidar como acontece em qualquer esfera. E não o faz porque suas atitudes, sua benevolência não é da boca pra fora, é de coração e porque tua alma é linda.

    Olha doutor, especialmente hoje eu precisava me estender em elogios e falar tantas vezes forem necessárias o quanto me orgulho de ti, sem ao menos te conhecer.

    Aceite aí meu abraço, imenso.
    Beijos.

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  2. Olá Milene!

    Minha querida amiga, que lindo comentário. Agradeço de coração por tudo o que disse e pelo carinho que sempre deixa por aqui.

    Você tem razão. Vez ou outra aparecem algumas figuras mais complicadas por ali. Assim como você mesma disse, existem em qualquer esfera. Elas podem até entrar por aqui como uma mera história, curiosidade, ou mesmo aprendizado. Mas nunca como queixa.

    Não é fácil, muitas vezes dá vontade de reclamar, xingar, ou "descascar" em cima de pessoas assim. Mas é trabalhar para segurar essa vontade, até que ela não exista mais e vire uma mera dó.

    Temos que dar valor apenas aos lados positivos. A velha história do "copo meio cheio, meio vazio".

    Obrigado por tudo Milene! Uma ótima semana pra você!

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  3. É, tem que saber administrar bem esse meio-campo, entre cuidar do seu sustento e ainda ajudar tanta gente!
    Um obra admirável a sua, deveria ser mais divulgada, e seria interessante se aquela camarilha de inúteis, que vive pisando os tapetes vermelhos do Legislativo, pudesse ser confrontada com a dedicação de pessoas como você e os que te acompanham nessas jornadas humanitárias!
    Saudações!

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  4. Oi Leonel! Tudo bem, meu amigo?

    Muito obrigado pelas palavras! :)

    Geralmente coisas mais leves e "do bem" tem pouco espaço na mídia. Na verdade, um amigo que fez faculdade de comunicação, diz que não é algo maquiavélico da mídia, ela passa o que o povo quer ver. É triste acreditar nisso, não?

    Ele diz: "há a Cultura, um canal educativo, que passa coisas interessantes e educa crianças. Mas compare com o ibope do Datena, que fala de tragédias e mortes..."

    Eu quero acreditar que pode ser diferente, mas ele tem sua lógica.

    Obrigado pela visita Leonel!

    Um abração!

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  5. Meu querido Wolber,
    o doutor que faz sorrisos!
    Ler os seus relatos e as suas crônicas, de certa forma, nos deixa pertinho desse trabalho lindo que você faz! Tenho certeza de que tanto os seus pacientes de lá de longe, do sertão, como os seus pacientes daqui, da cidade grande, sentem-se orgulhosos de serem cuidados por pessoa tão maravilhosa como é você!
    E sem dúvida: um trabalho complementa o outro, e a alegria de um deve ser levada ao outro. E assim é a vida: uma troca de experiências, sentimentos e emoções!
    Estar lá, onde somos tão necessários, é uma satisfação e um agradecimento eternos ao céu pela oportunidade.
    Estar aqui, é um agradecimento tão maravilhoso quanto, onde além de ser também necessário como doutor, é também tão necessário como "fazedor de sorrisos" para estas pessoas amadas e para a família querida que tanto se orgulha de você, tenha certeza!
    Um ótimo retorno! Estamos esperando as deliciosas históiras!
    Um grande beijo!

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  6. Suas atualizações no blog me faz ,mas e mas admira-lo como pessoa e profissional que é. Sinto-me muita honrada de um dia ter conhecido uma Equipe como do Brasil Solidário e Amigos do Planeta,pessoas que dedicam-se na missão do bem de trazer sorriso,e autoestima as pessoas que não tem muita perspectivas,mas tem a convicção que tudo pode e vai mudar quando vocês chegam até as Escolas com o seu caminhão da esperança pautados por alguns nordestino.Bjos Paula Graziela de Crateús

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  7. Wolber,

    De volta pra casa, bateria (RE)carregada.
    Realmente realidades antagônicas, divididas, cada uma com suas dores e delicias.
    Uma completa a outra, sempre.
    Pena que o trabalho de vocês, como de muitas pessoas do BEM não são tão divulgados.
    Canais de TV preferem mostrar as bossalidades de um big brother, do que a de trabalhos tão bonitos.
    Que pena meu amigo.
    Queria tanto uma TV que falasse da cura de doenças, descobertas de vacinas, desses trabalhos humanos que vocês fazem.
    Isso me dó tanto, mas é assim infelizmente que as coisas caminham.
    Mas bola pra frente meu amigo.
    Avante em cada passo nessa caminhada do bem.
    Que seus braços, que os braços de humanos como vocês possam abraçar sempre a quem precisa.
    O ibope maior? Vocês tem de DEUS. Isso que é bonito.

    Um abração meu querido!

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  8. Lua, minha querida Lua!

    O que dizer de palavras tão doces? Apenas agradeço o tamanho carinho e beleza desse rico comentário.

    Como você tem razão. A vida é uma eterna troca de experiências. Sempre agradeço a Deus por poder usar o que aprendi em lugares que necessitam tanto disso. Faz tudo ter sentido. A vida passa a ter um sentido real.

    Dá pra escrever um texto sobre isso... rs

    Muito obrigado pela visita, pelo carinho e por sempre contribuir com tanta sabedoria por aqui.

    Um beijo grande!

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  9. Olá Paula! Tudo bem?

    Que prazer te receber neste espaço. Saudade de Crateús, uma terra que amamos muito!

    A alegria também é nossa de encontrar pessoas como você nas cidades onde passamos. Como falamos, o trabalho é uma semente e o maior mérito é das pessoas que a regam no dia a dia e a transformam numa linda árvore.

    Parabéns por ser uma dessas pessoas!

    Grande abraço!

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  10. Olá Sil! Tudo bem, minha amiga?

    É verdade. Eu, hoje em dia, raramente assisto à televisão. Mesmo noticiários, que acreditava tanto que era bom para a informação e ficar "ligado" no caminho que o país está seguindo, mostram tanta desgraça e coisas tristes que tem o dom de nos puxar para beixo.

    Sem falar naqueles programas que nem considero jornalismo, mas que ficam mostrando apenas o que há de pior na sociedade, com algum sensacionalista gritando tão alto como um fanático.

    Há coisas boas para se achar, culturas, literaturas, descobertas científicas - como você bem disse -, e nisso a internet abre um ótimo espaço. Encontramos o que procuramos.

    Um grande abraço Sil!

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