A lancha seguia à frente do navio da Marinha brasileira. Estavam no rio Xingu, no estado do Pará, e navegavam rumo a uma comunidade que necessitava de atendimentos médicos.
Saíram para um afluente menor, adentrando ainda mais para o interior do estado. Naquela região, não há muita floresta acompanhando as margens do rio. O Pará é muito mais desmatado do que o Amazonas e poucas árvores ficam nas proximidades.
O grande navio aguardava onde o afluente desaguava no rio Xingu, era necessário ver se a profundidade era suficiente para uma grande embarcação. O sinal foi dado e a enorme embarcação pode navegar com sua calma peculiar.
A lancha seguia, agora rapidamente, e mais à frente observaram algo estranho: três pequenas embarcações, emparelhadas, próximo à margem direita. Era algo estranho. A lancha diminuiu a "marcha". Ao se aproximarem das embarcações viram do que se tratava. Homens passavam de um barco a outro gaiolas, repletas de animais silvestres. Ali, em sua frente, estava escancarado o tráfico de animais da fauna amazônica brasileira.
Quando perceberam que a lancha que se aproximava era da Marinha, como se fosse combinado, todos os homens pararam, gaiolas suspensas, feito estátuas. Movimentavam apenas os olhos, que acompanhavam a lancha que passava, vagarosamente; exalando o medo de serem pegos em flagrante.
O grande navio veio em seguida. O comandante deveria decidir, agir, ou comunicar o fato. Aquele era um navio médico, com pouquíssimo armamento, militares, em sua maioria, formados por médicos, dentistas e profissionais da saúde. Havia a chance de um conflito, e traficantes desse porte, geralmente, estão sempre armados.
Pelo rádio, o comandando comunicou à Polícia Federal, dando todas as coordenadas do local e a cena que estavam presenciando. Não poderia colocar em risco toda uma equipe e uma embarcação médica.
O tráfico de animais silvestres é o terceiro maior comércio ilegal do mundo, perde apenas para o tráfico de drogas e o de armas. Estima-se que a cada dez animais capturados, apenas um chega vivo ao destino. A crueldade desses criminosos chega ao ponto de furarem os olhos de aves para que não cantem ao ver a luz do sol, denunciando seu cativeiro, ou mesmo de anestesiar todos para chegarem silenciosos aos consumidores, que acabam compactuando com essa crueldade. Tão grave quanto comprar um aparelho de som roubado.
A doutora seguiu para a comunidade. Durante todo o dia de atendimento, aquela imagem não saía de sua cabeça. Sabia que aquilo existia, já tinha ouvido muito sobre isso, mas ver, com seus próprios olhos, era muito diferente.
Não sabia se a PF conseguiu chegar ao local. Não sabia como acalmar seu apertado coração que não conseguia esquecer aquela cena. Ainda hoje não sabe.
Wolber, essa é uma das coisas que mais me deixa revoltado!
ResponderExcluirComo o tráfico de drogas, esse comércio não existiria se nao houvesse compradores!
O pior é que é praticamente impossível coibir a captura dos animais, em função das dimensões do país! Por que isto ocorre por toda a parte, ainda mais neste continente chamado amazônia! Acho que as investigações deveriam começar nos grandes mercados onde os animais são comercializados, rastreando os fornecedores, e também fiscalizando compradores estrangeiros que contrabandeam animais para o exterior, nas piores condições!
A Marinha agiu bem, evitando um confronto que poria em risco pessoal não-combatente. Quem faz mal aos animais é capaz de tudo!
Abraços!
É uma triste realidade, Leonel. Uma grande pena que tantas pessoas aceitem este crime e levem para si um animal que traz a história de tantos outros que morreram pelo caminho pela ganância de criminosos.
ResponderExcluirVocê lembrou muito bem, é como o tráfico de drogas.
Nosso país tem de cuidar melhor da Amazônia. É sabido que em muitos locais há um grande número de estrangeiros.
Desmatamentos, queimadas, grileiros, tráfico de drogas e de animais... Um local sagrado, com tantos problemas.
É isso, meu amigo! Um grande abraço a você!
Caramba, imagino aqui a aflição desse pessoal ao se deparar com uma cena dessa. É a tal história de se saber que a podridão existe mas ao ficarmos frente à frente com ela a situação é bem diferente.
ResponderExcluirAh, o Brasil. Dizer o que desse país em que tudo se faz impunemente?
Me calo.
Beijos, doutor.
É lamentável ver que existe esse tipo de comércio porque tem gente que compra... Eu imagino a tristeza de quem viu a cena e a sensação de não poder fazer nada.
ResponderExcluirBjs
Revolta? silêncio? tudo dói
ResponderExcluirOntem mesmo acho que aqui no Rio de janiero foram presos alguns desses que estavam de posse de cinco jacares, sem a cabeça (sem a cabeça) pra que? e nem tem como imaginar qual a quantidade que morrem todos os dias, é um verdadeiro absurdo.
Eu tenho maior orgulho do meu país, porém muita vergonha tbm, sei que o trafico é uma coisa mundial, mas só existe pq tem aquele que compra, o receptador.
E essa coisa de dizer que fica dificil pelo tamanho da nossa costa, ou por causa da nossa longa fronteira com outros paises da America do Sul, pra mim já cansou, é falta de prioridade, de boa vontade, de realmente se importarem de vontade politica, e de vergonha na cara.
Eu tava vendo a algum tempo atras uma reportagem das nossas fronteiras, se não me engano la no Paraguai de 1000 caminhões e onibus que passam, no maximo dez são vistoriados, falta de pessoal, de tecnologia, de tudo, mas dependendo da onde a carga vai ser entregue por quantos postos da policia federal rodoviária eles passam?
E se no nosso país crianças são transportadas em boléias de caminhão, e mulheres tbm, e até tiradas do país, imagina animais, completamente indefesos, meu repudio e tristeza de saber que esse é um problema a meu ver, sem fim no nosso país, que tudo devia ser pra ontem, educação, saúde, habitação, leis que verdadeiramente punam, pq aí vamos novamente pra causa de tudo, IMPUNIDADE.
beijos e ótimo fim de semana pra vc
Lamentavel
ResponderExcluirmas é essa a realidade, do país que vivemos!!!
Bj
Olá Milene! Tudo bem, minha amiga?
ResponderExcluirÉ o país em que vivemos. Por isso temos que investir tanto na educação. Enquanto nós, o povo, não cobrarmos a punição de tantos crimes, coisas absurdas continuarão a acontecer.
Vamos tentando mudar essa realidade, Milene!
Beijos!
Olá Dja! Tudo bem?
ResponderExcluirMe uno ao seu grito de revolta. Para nós, que amamos nosso país, dói ver o descaso que temos para tantas áreas importantes, como você bem citou.
Como disse para a Milene, o único caminho para arrumar tudo isso é a educação. Inclusive, aquela educação que se aprende em casa, a cidadania. Onde formamos adultos responsáveis e honestos no futuro.
Uma criança que cresce ouvindo (e claro, vendo exemplos em casa) que é errado e um absurdo pegar coisas alheias, será um adulto que dificilmente pensará em desviar dinheiro para si. Daqueles que não pensariam duas vezes para devolver o troco que veio a mais na padaria.
É um trabalho que começa com cada um, cada brasileiro.
Obrigado pelo comentário! Uma boa semana pra você!!
Beijo!
Oi minha amiga!
ResponderExcluirRealidade, realmente, lamentável. Vamos torcendo e fazendo o possível, ao nosso alcance, para mudar essa história.
Grande beijo!
Boa tarde!
ResponderExcluirConheci seu espaço através da indicação do Xipan!
Muito interessante seus posts.
Parabéns!!
Estou seguidora.
Carla Fernanda
Olá professora! Tudo bem?
ResponderExcluirQue bom ter chegado aqui! Indicação do Tatto é sempre bem vinda.
Fico feliz que tenha gostado do blog, muito obrigado!
Grande abraço!
Boa tarde, querido amigo Wolber.
ResponderExcluirImagino o que a doutora sentiu, e também, o resto da equipe. Além da indignação, o medo daqueles criminosos.
Tomara que a Polícia Federal tenha feito alguma coisa, mas se eles praticam tanto, é porque confiam na impunidade.
(Naquele trecho onde você descreve os traficantes iguais estátuas, movimentando apenas os olhos, foi engraçado demais. Pude sentir o susto deles, e ri muito)
É o Brasil roubando o Brasil. Gente assim, vende até a mãe.
Um grande abraço. Que Deus proteja essa sensível doutora, e todos os seus companheiros.
Olá, minha querida amiga Amapola! Tudo bem?
ResponderExcluirPois esse é o grande mal de nosso país: a impunidade. Que acredito que mudará com a educação. Uma população educada, questionadora (no bom sentido) não deixará essas coisas acontecerem permanecendo calada.
Bato na mesma tecla: quando o time de fitebol está em crise é fácil juntar a turma e ir cobrar, xingar jogadores, ameaçar pra pedir mais "raça" e essas coisas. Cobrar a melhora do seu país é tão difícil...
E você disse sabiamente, Brasil roubando Brasil. O que acontece tanto na vida pública.
Uma pena, e vamos caminhando... :)
Grande beijo, minha amiga!
Wolber,
ResponderExcluirSabe que lendo isso, e sabendo que é tão comum, e que NINGÚEM faz nada (SIM - As autoridades fecham os olhos pra isso, como para muitas outras coisas), me dá uma tristeza tão grande, um nó no peito.
Tudo que se refere a TRÁFICO, é de uma sordidez sem tamanho. Mas infelizmente há quem compre.
E eu não sei quem é mais culpado: quem vende, ou quem compra.
Renato Russo cantava: "Que País é esse..."
Eu faço coro com ele, e tenho ainda uma esperança ferrenha que um dia, isso seja apenas um passado (RUIM) que tivemos.
Um abração meu amigo queridooo.
Qto a Martha, eu tbm a acho fantástica.
Sábia demais. Coloquei umas coisas dela tão verdaeiras, que cada dia fico mais fã.
Tão bom pessoas com a inteligência dela.
Ela e Lya Luft, são meus xodós.
Olá Sil!! Tudo bem, minha querida amiga?
ResponderExcluirNossa país vai mudando, a passos muito vagarosos, mas vai mudando. Pelo menos eu acredito nisso.
Vamos fazendo pelo menos nossa parte e educando nossos filhos. Já é um bom começo. :)
Sil, eu adoro ir ao seu blog e você tem uma grande sensibilidade para separar os textos de lá. Conheci poetas e escritores que, em minha ignorância, nunca tinha ouvido falar, como o Caio, a Martha e tantos outros que você me trouxe através daquele belo espaço.
Obrigado! :D
Um grande abraço, amiga!!
Sem palavras,lamentavel!!!!
ResponderExcluirOlá sex shop! rs
ResponderExcluirLamentável e continua ocorrendo neste momento. Triste realidade.
Um abraço!