sábado, 25 de fevereiro de 2012

O boi do João Rita

Curioso como nomes e apelidos acabam se incorporando às pessoas e se transformam em uma marca, um som, algo que, dito mais tarde, mal pensamos no que significa, já remetemos a imagem do objeto em questão.
Imagine que você faça parte de uma banda. Tudo pronto para seu início, músicas feitas, grupo coeso; mas falta um nome. Alguém lhe pede uma sugestão, e você, sem titubear, dispara:
- Que tal "Os Paralamas do Sucesso"?
Dá para imaginar a reação dos amigos em volta? Paralamas, como de um carro, mas do sucesso? O que tem a ver. Seria uma boa definição para uma "idéia de jerico". No entanto, alguém deu a idéia, incrivelmente outras pessoas aceitaram, o nome se incorporou a uma banda de excelente qualidade e hoje, quando falamos Paralamas do Sucesso, ninguém pensa no medonho nome. Aliás, não imagino um outro nome para dar à banda. Não teria um melhor. Quando vou a um show dos Paralamas, a palavra é suave como uma bela música tocada pelo Hebert Viana.
Uma de minhas mais longínquas lembranças, quando era muito pequeno, era, bem cedinho, mamar uma mamadeira deitado no sofá da sala, preparada pela minha mãe ou pela querida avó. Quando terminava todo o leite, minha vó sempre dizia:
- Ooo boi do João Rita! - terminava com um lindo sorriso, daqueles que só as avós sabem dar.
Esse slogam acompanhava qualquer um dos meus irmãos, ou primos que mamavam suas suculentas mamadeiras e "boi do João Rita" soava como uma palavra só, que já significava que a criança havia mamado tudo, com fervor.
Muitos anos mais tarde, ouvi minha vó chamando um primo ainda bebê de nosso velho apelido e um gostoso saudosismo me invadiu. Já estava crescido e a curiosidade apareceu.
- Vó, por que boi do João Rita?
Ela respondeu:
Quando eu era pequena, lá no interior de Minas, nós morávamos em uma fazenda. O dono da fazenda do lado se chamava João Rita e tinha uma boa boiada. No meio dela tinha um boi muito safado, que mamava em todas as vacas. Mal deixava leite para os bezerros se eles não o separassem. Por isso criança que mama muito é igual ao boi do João Rita.
Como é bom dar uma risada pura, tão verdadeira como aquelas lembranças de tempos de criança. Depois de tantos anos, tudo fez sentido. Admirei mais ainda minha vó pela criatividade e por tornar um apelido tão gostoso de ouvir. Com certeza, quando tiver um filho e der uma mamadeira para ele, esse será o novo Boi do João Rita.

18 comentários:

  1. Lembranças de infância sempre carregam fatos únicos, que tiveram um significado especial para quem as viveu...
    Abraços, Wolber!

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  2. Wolber meu bródi´s... coméquetatu hómi? rss

    Adorei a historia e sei bem como é, pois quando macaquinho piquininho la no interiô... Costumava chamar as menininhas bunitinhas do seu Benedante de ( Cadorninhas do Bêne )... hehehe

    Sensacional...
    Abraços
    P.S.- O patrocinador "BAFFO DE JIBÓIA" quer patrocinar seu blog... sácomé né? kkkkkkkk

    Tatto/Xipan

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  3. Pois é.....felizes lembranças de um momento mágico em nossas vidas!
    Muito gostoso ler esta hsitória deliciosa, parece que dá até para ouvir a senhorinha simpática falando "boi do Joao Rita"!!!
    Todo mundo tem as "palavras únicas" da infância. Foi muito bom ler a história e me lembrar também de uma palavra única que meu pai usava e ainda usa muito, quando quer dizer que alguma coisa é bem esquisista. Ele sempre diz que aquilo se parece com o "traseiro da égua do Justo".... vai entender?????
    Um beijo enorme!!
    Delícia de texto!

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  4. Memorias, memorias, historias, perdem-se. Muito importante registrar.

    abração, volto.

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  5. Rsrs... Coincidência boa, eu também dei asas às minhas memórias lá no meu canto, e minha avó foi personagem importante. Avós são incomparáveis, né?

    Tão bom ler tanta sentimentalidade, doutor.
    Beijo.
    Boas andanças.

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  6. Grande Leonel! Tudo bem?

    É, meu amigo, são essas lembranças que nos transformam na pessoa que somos.

    Um grande abraço!

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  7. Olá Tatto! Como vai, meu amigo?

    Haha, adorei a história das "codorninhas do Benê"!! Muito boa!

    Ah, e quanto ao patrocinador, curti!! Será um prazer e ainda vai vender que nem água lá no consultório!! :D

    Um abração, meu amigo!

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  8. Registro inocente,porém com grande significado cultural.

    Essa é mais uma historia marcante do grande mosaico de povos que representa o nosso Brasil.


    Grande abraço...

    Estaremos em Tamboril!


    Luciano Guimarães

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  9. Olá Odair! Tudo bem?

    Seja bem-vindo! :)

    Você disse muito bem. Sabe que este blog começou, exatamente, por causa disso? MUitas coisas víamos, vivíamos, aprendíamos pelo sertão e quando juntávamos amigos que não iam a algum tempo as histórias vinham, gostosas, emocionantes.

    Isso porque lembrávamos uma pequena parte delas. Quantas não se perdiam pelo caminho?

    Hoje tento regisrar quase tudo, seja com textos, com fotos ou vídeos. Tenho um arquivo bacana. Na verdade falta tempo para trabalhar todo ele.

    Um abraço!

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  10. Milene, minha amiga! Tudo bem?

    Que coincidência! Vou passar no seu blog para ler, saudade de lá! Parece brincadeira falar, mas a correria está tão grande ultimamente que até ler email anda difícil.

    Concordo plenamente com você: avós são incomparáveis!

    Um beijo, Milene!

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  11. Grande Luciano!

    Meu amigo, que boa notícia! Fico muito feliz que vocês irão a Tamboril! Agora farão parte da equipe IBS em outra cidade.

    Imagino que será inesquecível! Aguardem!

    Um abraço!

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  12. Wolber, obrigado por compartilhar com seus leitores tuas lembranças infantis. As histórias de nossos avós são maravilhosas.
    Abraços, Paulo Bettanin

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  13. Ooo meu amigo Wolber, que orgulho tenho eu de te seguir aqui e constatar que a cada dia te aperfeiçoas mais na arte da escrita. Aliás, na arte da escrita só não, na arte da fotografia e, principalmente na arte de viver. Que linda história narrastes. Me comoveu ás lembranças que teu texto suscitou da minha também saudosa e querida vovó que de vez em quando saltava com causos e apelidos como este. Um grande abraço.

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  14. Olá Paulo! Tudo bem, meu amigo?

    É um prazer enorme compartilhar essas histórias, que tanto significam pra mim, como relembrar significados parecidos em outras pessoas.

    Você que também gosta tanto de escrever sabe como isso é bom! :)

    Um grande abraço!

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  15. Ivana, minha amiga!

    Muito obrigado, seu comentáriome emociona, não só pelos elogios - que agradeço de coração - mas também pelo que o texto pode despertar em você.

    Essa é a maior glória para quem escreve algo! :)

    Muito obrigado!!

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  16. Querida Lua!!

    Postei uma resposta ao seu comentário, mas não sei porquê não saiu, só percebi agora...

    Que bacana!! A história de seu querido velhinho encaixou muito bem ao texto. Parece que á o vejo chamar algo estranho de traseiro da égua do justo! :)

    Um prazer enorme recebê-la aqui novamente!

    Grande beijo!

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  17. Nossa gente muito engraçado esta cronica, me chamo joao rita, sou maranhense e atualmente moro em palmas tocantins, e esse nome foi minha avó que me deu devido eu ter problemas de saúde chegando a quase falecer, minha avó fez uma promessa pra Sta Rita caso eu sobrevivesse iria colocar meu nome de João Rita em agradecimento, eu adoro esse nome tanto é que na empresa que trabalho sou muito conhecido pelo nome que tenho muito orgulho do meu nome João Rita

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  18. Olá, João!

    Que prazer receber aqui o João Rita, que não é o da história, mas tem um nome que me lembra tanto da infância!

    E que orgulho temos, não é? Quando um nome se torna uma boa lembrança, seja por pessoas queridas, seja pela história ou pelo significado.

    Obrigado por compartilhar sua história, amigo!

    Grande abraço!

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