quinta-feira, 21 de novembro de 2013

São Paulo

Nasci aqui. Apesar de tudo, amo esta cidade. Curioso este "tudo". São muitos os problemas e seriam muitas as soluções, caso vontade política fosse algo natural em nosso país.
"Gostaria de sair daqui, mas não consigo. Não saberia viver no interior" é uma frase comum entre conhecidos. As facilidades de uma megalópole, o teórico salário melhor (que é uma ilusão, visto que o custo de vida é muito maior), acesso cultural, entretenimento, vida noturna e uma infinidade de coisas que nos hipnotizam e dão a impressão de que é impossível sair de São Paulo. E isso leva muitos paulistanos a viver de uma forma nessa roda que gira, gira, gira e faz tudo parecer natural, normal.
Mas não é.
Uma das loucuras que temos, aliás, um dos maiores problemas além da violência, é o trânsito. Incrédulo vejo que pessoas se acostumam a se deslocar, duas, três horas ou mais, para chegar ao trabalho, todo dia! E mais, duas, três ou mais para voltar.
Quando percebi que já havia quase dez anos que eu perdia (sim, do verbo perder, de jogar fora horas que seriam produtivas para algo) em torno de três horas por dia apenas me deslocando entre casa e trabalho, consegui sair da "roda viva" para enxergar: ou mudava para perto do trabalho, ou sairia de São Paulo.
Em pensar que uma hora por dia, sendo usada para estudo, planejamento do trabalho, qualquer coisa, renderia muito. Um novo instrumento que aprendesse, em uma hora por dia, me tornaria habilidoso em um ano. E eu perdia três...
A última insanidade que vi foi contra os pobres sabiás. Paulistanos enlouquecidos reclamam que a bela ave canta muito cedo e atrapalha o sono. São Paulo faz isso conosco, pois se é um ônibus, um caminhão de lixo de madrugada, o trânsito que já grita antes do sol raiar, as pessoas acham normal.
Talvez o passarinho nos lembre que já vivemos em paz com a natureza. De uma época em que o homem não precisaria perder horas preso dentro de um veículo, ao lado de outros milhões como ele, todos presos, preocupados com horários, regras, medos e se esquecendo de viver.

8 comentários:

  1. De fato os grandes centros fazem isso conosco.
    Sou do interior, mas visito bastante as duas capitais mais próximas da minha cidade (Recife e João Pessoa), e já é possível notar como as coisas estão piorando, quanto tempo se perde nos deslocamentos.
    Infelizmente acabamos nos acostumando com tudo, até com o que há de ruim, amo grandes centros, sou urbana, mas por ironia do destino, estou construindo minha vida aqui, na zona da mata, numa cidadezinha pequena e arborizada...
    Torço apenas para que as coisas mudem, e que todos tenham uma qualidade de vida melhor...

    Beijo grande

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  2. Olá, Karlinha!

    Pelo visto você foi uma boa pessoa até agora e os anjos te deram este presente de fazer a vida na Zona da Mata.

    Eu também gosto da cidade grande, mas hoje, qualidade de vida é um dos maiores bens que o ser humano pode adquirir. :)

    Boa sorte e alegrias na vida!

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  3. Wolbão... pega madame pela mão e sai fora da capital... qqr uma delas... veja o exemplo do Cairão... o interior é a moda!
    Moro a 150 metros de cada um de meus 2 empregos... primeiro fica para o lado de cá lado e o segundo emprego fica para o lado de lá.
    Só por isso ainda fico no Rio... é logico que a paisagem vista da janela ajuda..!
    Abraços

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  4. Grande Fabre! Tudo bem, meu amigo?

    Essa era uma opção, mas mudamos para perto do trabalho e agora levo 12 minutos pra chegar. Troquei 3 horas por meia hora de deslocamento. :D

    Só assim pra continuar numa boa.

    E você é um privilegiado, com essa vista e ainda perto do trabalho! Qualidade de vida de interior numa grande capital. ;)

    Um Abração, Fabre!

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  5. Caro Wolber:
    Infelizmente, alguns problemas, como o de deslocamento, ocorrem também talvez até de forma pior aqui no Rio. É comum para mim gastar um total de até mais de 5 horas, entre ida e volta, para fazer uma consulta médica de meia hora...
    Com as tais obras para Copa do Mundo/Olimpíada, as coisas só pioraram!
    Eu estou ciente que em megalópolis como Rio e S. Paulo não há futuro para transporte individual, mas para isto, é preciso que haja uma boa rede de transportes coletivos!
    É neste ponto que eu acho o Rio ainda pior que S. Paulo, pela má gestão dos ônibus, trens, barcas e metrô!
    Existe uma chamada "máfia de transportes", que se mantém no controle há muito tempo e parece onipotente. E o povo é refém desta situação, sem ver nenhuma perspectiva!
    Infelizmente, até aqui no bairro onde moro já vi alguém reclamar do canto do sabiá, uma das poucas coisas positivas que ainda restam, sobrevivendo à devastação causada pela ocupação desordenada das reservas ambientais...
    Só nos resta rezar!
    Abraços, amigo!

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  6. Meu amigo Leonel, situação muito difícil mesmo!

    Aqui o prefeito comentou quando instalou as faixas exclusivas de ônibus: "os motoristas pensarão duas vezes antes de tirar o carro da garagem". Passanos por uma complicada fase onde, em vez de melhorar o transporte público para incentivar as pessoas a usá-lo, querem deixar insuportável o trânsito para que motoristas usem o ônibus.

    E sabe por que não dará certo? Porque será muito difícil alguém deixar o carro em casa para entrar em um transporte que já não cabem as pessoas que o usam. Péssima condição, completamente espremidos lá dentro.

    Me uno às duas orações, meu amigo... :)

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  7. Querido Wolber, que blog bom! Gostei e estou seguindo.
    Se quiser participar da minha Sala de Visita
    fique a vontade
    http://blogdocarloshamilton.blogspot.com

    Abraços

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    Respostas
    1. Olá, Carlos! Tudo bem?

      Que bacana que curtiu este blog! Muito obrigado! :)

      Visitarei o seu!

      Grande abraço!

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