quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Caminho certo


Estamos na estrada. Um seminário, proposto para três cidades em que trabalhamos anos atrás (São Raimundo-PI, Balsas-MA e Cabaceiras-PB) nos levou a retornar e rever grandes amigos, educadores e alunos, que conhecemos a 6 anos atrás. 
Hoje veio ao meu encontro, Maurício. Já um jovem de 17 anos, crescido, bem diferente daquele garoto de 11 anos que convivemos, e a maior diferença é o brilho nos olhos. 
Ele era o tipo aluno-problema, capetinha da escola, aquele conhecido paradoxo que professores gostam pelo carisma, mas odeiam pelo comportamento e vivem mandando à diretoria. 
Isso pode ser algo engraçado, ou até um currículo interessante, quando se trata de uma escola particular, ou uma família com posses. Mas num bairro simples, onde a violência estende seus tentáculos sobre a comunidade, é mais do que uma preocupação: pode significar uma triste sina. 
Na escola, desde o primeiro dia de nosso trabalho, via-se que era bagunceiro, mas aos poucos foi se interessando por cada área. Em meu caso ficava ao lado, me acompanhando nos atendimentos odontológicos e correndo para buscar algo que eu precisava. E foi assim com cada parceiro de projeto. 
Acompanhamos seu desenvolvimento nos anos seguintes em que trabalhamos em sua escola. Eliane, diretora naqueles anos, nos disse alguns meses depois: "O Maurício é outro, inacreditável! Hoje até corre pra nos ajudar quando chegamos com muito material ou precisamos de alguma coisa". 
Cresceu, se interessou por música, toca trompete e sax na igreja. Acabamos de relembrar os tempos de "bad boy" na escola e ele revelou:
- Se não fosse o Brasil Solidário eu estaria no crime. Vocês deram pra mim o foco e o exemplo que eu precisava. Hoje encontro muito amigo meu daquela época que são bandidos. Eu pude ter outra escolha de caminho."
Continuou dizendo como as aulas ficaram mais interessantes, que antes eram chatas apenas copiando o que os professores falavam. Hoje são interativas e dinâmicas. 
Geralmente tento evitar escrever sobre pontos positivos de nosso trabalho. Mas o caso de nosso amigo, se sobrepõe a isso. Quantos garotos não estão se aproximando da bifurcação, decidindo, entre os caminhos à frente, entre o bem e o mal? Muitas vezes, a única coisa que precisam é de um exemplo,  de uma escola que lhe dê um foco. Um caminho para seguir. 
Hoje ganhamos o dia: Maurício escolheu, lá atrás, o caminho certo. 

6 comentários:

  1. O trabalho do IBS é persistente, com foco determinado e realizado por pessoas sérias . Bastasse que apenas conseguíssemos apenas um resultado como esse e já teria valido a pena, mas temos muitos outros exemplos, não é Wolbão? Abraços, Fabre

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  2. Grande Fabre!

    É meu amigo, isso é algo das maiores satisfações que podemos ter na vida: saber que interferiu para o bem na vida de alguém.

    Você sabe bem o que é isso, não é?! :)

    Grande abraço, meu amigo!

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  3. Afinal, uma história com sequência feliz!
    Que continue assim, e que o "bad boy" vire um grande e bom marmanjo!
    Abraços Wolber!

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    1. Que bom, não, Leonel?!

      Não estamos tão acostumados a finais felizes em nossa realidade atual.

      Mas aos poucos, a situação vai melhorando. Se Deus quiser!

      Um abraço, Leonel!

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  4. São muitas as nossas crianças e jovens que se encontram a beira de suicidar o seu futuro e as vezes não necessitam de muito para fazer com que sigam uma outra direção, com um simples sorriso, uma palavra de carinho e um gesto amigo os fazemos mudar de caminho. Mauricio é um dos belos exemplos remodelado com a ajuda das muitas mãos que formam o Instituto Brasil Solidário.

    Bjs.

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    1. Isso mesmo, minha amiga Luselly!

      E esse papel do educador se torna o mais importante de nosso Brasil, carente da mais básica educação: diferenciar o certo do errado.

      Aprendemos há décadas que levar vantagem em tudo, ser esperto, este egoísmo, era a saída para qualquer um.

      Errado, enquanto não aprendermos a viver em comunidade, ensinando a nossos filhos/alunos que não é correto pegar algo que não é seu, a ética e cidadania, não adianta querer que os políticos ajam de maneira diferente.

      Obrigado e um abraço!

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