sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Stress

Em toda a natureza, não é diferente com nenhum animal. A sobrevivência é a maior preocupação. Se ave, peixe, leão, macaco, não importa: deve-se acordar com as energias repostas e procurar comida. Só. Algumas outras coisas os distraem; eles convivem, reproduzem-se, protegem-se dos predadores. Mas tudo é secundário.
Apesar de primordial, também é simples; simplesmente sobreviver é o mais básico de todos os sentidos em um ser vivo, e por ser simples, não se torna algo problemático, sendo tão natural e inconsciente como se é respirar ou deglutir.
A origem de todos os problemas do ser humano, foi quando ele esqueceu-se de que também é um animal. Até quando se refere a um outro ser vivo de seu reino, diz "os animais", como se fosse diferente de todos os outros. Desse dia em diante esqueceu-se de ser feliz. Encontrou outras preocupações maiores na vida.
Porém, nem todos. Alguns poucos homens, entre esses bilhões que andam por aí, encontraram a verdadeira razão de estar neste planeta, perceberam que viver é muito mais do que os pseudo sábios ensinam. Viver é muito mais simples, bonito, transcendental, do que as sociedades pregam. Viver é simplesmente acordar, agradecer por estar vivo, enxergar que existe beleza neste mundo, comer para sobreviver. Só isso.
Quem nunca viu como vive feliz um monge budista? Alguém já viu algum de cara feia? Bravo? Com depressão? Não. São todos felizes! Todos eles. E quem nunca viu um executivo de uma grande empresa…
Não estou aqui para falar de gostos, crenças ou estilos. Apenas de fatos. Perguntássemos a qualquer um, qual é o maior desejo do ser humano, quem duvida que a resposta "ser feliz" seria uníssona? Porque independente de crença, seja em Deus, ou no dinheiro, o intuito é a felicidade e quem respondesse diferente tentaria achar outro nome para designar o alvo unânime.
Agora, quem é mais feliz: o monge budista ou o mega-executivo? Se a maioria dos multi milionários não conseguem se definir completamente felizes, será que o dinheiro não trás a felicidade de que desfruta o monge que abdicou do vil metal? E se não, porque um não procura a verdadeira felicidade do outro lado?
O stress, as doenças da cabeça, começaram a aparecer quando ele decidiu que em vez de se preocupar apenas em sobreviver, ele tinha que se preocupar com aquela planilha complicada sobre as importações de produtos, ou com aquela cirurgia de ciso "casca grossa", com aquela prova que definirá o que será na vida ou como os outros olharão para ele. Ele começou a se preocupar como os outros olharão para ele. Isso, redundante assim mesmo.
Não é um mal de todo ser humano. Além dos monges - e alguns poucos sábios neste planeta -, os índios viviam, muito bem, obrigado, antes do cidadão do mundo velho chegar a estas terras e dizer que o jeito que viviam era o correto. "Ah, seus índios bobos, vocês não sabem o que estão perdendo! Deixem dessa mania boba de querer 'apenas' sobreviver. Que coisa monótona todo dia ser igual, não saber o que é sábado domingo ou segunda. Tome essas planilhas e melhore essas plantações de mandioca!".
Stress, a raíz deste mal está muito, mas muito mais atrás do que a maneira em que vivemos. Vem do tempo em que deixamos de ser animais...

Um comentário:

  1. Na realidade, até os animais ditos irracionais sofrem stress, embora por causas mais diretas: ameaça de predadores, defesa e alimentação de suas crias, disputas de liderança, acasalamento...
    Nós, que somos animais mais complexos, por causa da nossa consciência, sofremos por desdobramentos das mesmas causas que afetam os animais, só que estes desdobramentos são um pouco mais complicados. É aí que entram as necessidades de superação profissional, realização pessoal, sucesso financeiro e afetivo, etc...
    Os monges se libertam abdicando dos bens materiais, das disputas por status e assim certamente se sentem mais tranquilos para meditar sobre questões transcendentais e imateriais...
    Quando criança, li a história de um rei que, sendo muito infeliz,consultou seu guru, que lhe falou que isto seria resolvido se ele vestisse a camisa de um homem feliz. O rei despachou seus emissários pelo reino, até que lhe trouxeram finalmente um homem que se declarava feliz. Mas o homem dizia que não poderia jamais ceder sua camisa para o rei, por dinheiro algum...O rei perdeu a cabeça e mandou que pegassem à força a camisa do homem. Então, os guardas arrancaram seu capote, só para descobrir que ele não tinha, nem nunca tivera, nenhuma camisa...
    Sem posses, sem problemas!
    Difícil mesmo é abrir mão das coisas materiais...
    Muito boas suas reflexões!
    Abraços, Wolber!

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