Estou numa enrascada, preciso expor-lhes nas próximas frases uma sensação. Diria na verdade um sentimento, um estado d´alma. É interessante essa natural dificuldade de transpor em palavras determinados acontecimentos, acho, pois que esta deve ser a razão de cada um ser detentor de suas próprias experiências, ou seja, por mais que uma pessoa tente ensinar ou mostrar uma experiência que teve, somente sente a boa sensação de lembrança, aquela nostalgia solitária e distante, quem viveu.
A experiência é sempre única, e diferente até mesmo para duas pessoas que viveram um mesmo acontecimento, mesmo porque, o importante é a maneira com a qual cada indivíduo interpreta as situações e a relação que mantém com outras experiências já vividas. Portanto, se julgamos únicas as experiências, não podemos mensurar qual delas é mais importante, ou maior, ou mesmo entre duas pessoas da mesma idade, qual delas possui maior experiência, ou experiências “mais importantes”.
Pois bem, vivi no final de 2009 uma experiência única, daquelas que quando paramos para avaliar, mal sabemos mensurar os momentos mais marcantes.
As relações que os seres humanos mantém entre si, independente da classe social ou região do mundo, são fantásticas! E é exatamente nesses momentos, longe de casa, que percebemos a grandeza e a riqueza que um singelo país pode ter. Pessoas que seguem um cotidiano completamente diferente do conturbado mundo paulistano, e que desfrutam, dentre outras coisas, de ar limpo, céu azul ou estrelado, terra produtiva avermelhada, água cristalina e pura; fauna e flora rica e natural. Mal sabem o significado de palavras como trânsito, poluição, assalto... Enfim, vivem vidas dedicadas à família e à agricultura de subsistência.
Mas não sejamos superficiais e generalistas, pois assim como toda região povoada, temos também aqueles que gozam de uma vida um tanto menos simples. Filhos de fazendeiros, empresários, comerciantes... Jovens, a grande massa da população economicamente ativa, que buscam em cidades vizinhas talvez a única grande vantagem paulistana, a formação profissional. Eu, como observador e espectador, fico fascinado em ver tamanha semelhança e ao mesmo tempo tamanha diferença para com a juventude paulista.
Todas as afirmações e questionamentos assim como a reflexão de cada acontecimento recebem seu devido valor num dado momento; em que entramos no ônibus retornando a São Paulo. Daí sim, presenciamos um confronto de sentimentos. São muitas informações transferidas num dia-a-dia alucinante, e finalizadas com uma simples despedida, um adeus que compacta tudo que foi apreendido e nos permite, individualmente, terminar estes dez dias com uma experiência única!
Carlos Fonseca é dentista, 26 anos, e faz parte do Projeto Bandeira Científica, da Universidade de São Paulo. A experiência acima, foi em sua última Expedição, em Ivinhema-MS (12 a 22/12/2009)
Grande Carlão! Legal ter você por aqui.
ResponderExcluirRealmente, entrar em contato com uma dessas realidades, de cidades pequenas, qualidade de vida altíssima, pessoas puras de coração, faz, às vezes, voltar para a cidade grande em "parafuso".
Valeu por dividir essa experiência conosco.
Grande abraço!