terça-feira, 27 de abril de 2010

Filhinha

Estes dias saí com um grande amigo meu, que não encontrava há algumas semanas. É um pai recente, sua filhinha está com 3 meses de idade. Comentava-me emocionado cada gesto novo, sorriso, histórias, tudo que a pequena vai fazendo a cada dia.
- É um amor inexplicável, uma saudade intensa. Me pego, às vezes, em meio à turbulência no serviço, abrindo meu celular e olhando alguma foto dela. – diz com brilho nos olhos.
Hoje, relembra com tristeza uma passagem durante a gravidez de sua esposa. E essa tristeza não é pelo fato da chance de uma síndrome acometer seu bebê. Aliás, conheci poucas pessoas fortes e com uma cabeça tão boa como esse meu amigo. O que entristece é que muitas pessoas numa dúvida como essa podem tomar decisões erradas e drásticas.
Perto do terceiro mês de gravidez, durante um exame de ultrassom, apareceu uma probabilidade, pelo tamanho da região encefálica do feto, de ela ser portadora da síndrome de down. Não era nada certo, mas um segundo exame confirmou a possibilidade.
Foi então que o médico deu ao casal a possibilidade de realizar o aborto. Graças a Deus – e ao meu casal amigo – eles descartaram qualquer chance disso acontecer.
Aprendi muito com ele, pois enquanto muitos torceriam para que fosse apenas um alarme falso, rezariam para livrar o bebê da síndrome, ele começou a estudar sobre o tema, ler artigos, casos de outros pais que tem filhos com down.
- Temos que estar preparados para o fato de que podemos ser pais de uma filha especial.
O futuro papai não se sentia no direito de torcer para que a filha não tivesse a síndrome. Que direito ele teria, se o fato fosse esse mesmo, de ter torcido para que a filha fosse diferente? Seria como renegá-la. “Deus sabe o que faz”, dizia.
Foi um alarme falso. O que entristece é saber que foi passada a possibilidade para que eles “tirassem” seu futuro tesouro. Quantos pais hoje em dia não decidiram por esse lado?
Hoje a pequenina cresce, dando a cada dia mais alegrias aos pais, que teriam por ela o mesmo amor se tivesse ou não a síndrome de down. O amor que só um pai sabe como é ter pelo filho.

5 comentários:

  1. Parabens, a si e a esse MARAVILHOSO pai....isso sim é AMOR...afinal todos somos diferentes e todos iguais!!!!!!
    Alerta para os médicos que são capazes de cometer semelhante ....concelho, na duvida total.....

    Amei o sei blog
    Vou voltar
    Beijo duma Portuguesa

    ResponderExcluir
  2. Olá minha amiga portuguesa! Bem-vinda ao blog! Que bom que gostou.
    E se por um acaso você pensava que eu ficaria curioso em saber quem seria essa misteriosa lusitana, pode ter certeza de que estava certa!

    Abraços vascaínos!

    ResponderExcluir
  3. wolberine e blogueiros.

    vc expressou tudo nesse pequeno e lindo texto, acompanhei de perto essa história e outra semelhante da minha irmã e sei que esse amor que os pais sentem pelos filhos começam qdo eles sabem da primeira notícia que a mulher está gravida e é com esse amor incondicional que os pais tiram a força para acolher um filho ,mesmo que com uma síndrome. Parabéns a esses "pais especiais" !!!!!
    um beijo Lilas

    ResponderExcluir
  4. Oi, Wolber,

    Li seu texto logo que você postou, mas fiquei tão emocionada que acabei não tendo cabeça para fazer nenhum comentário na época. Hoje a baixinha já está com 5 meses e simplesmente cada dia que passa acho que ela é mais perfeita. Caso ela tivesse nascido com a síndrome, de verdade, acredito que seria igual. É como a Li falou: a gente começa a amar nosso filho assim que a gente descobre que ele existe.
    Mas não posso deixar de lembrar que, na época da dúvida quanto à saúde da pequena, recebemos muita força de todos os amigos, você especiamente, e que essa força nos ajudou a ver a situação com um olhar mais leve.
    Obrigada pela participaçao nos momentos mais difíceis e pela amizade de sempre.

    Um beijo

    Camila

    ResponderExcluir
  5. Olá Camila!! Fiquei emocionado com seu comentário, muito feliz mesmo.
    E realmente, me orgulho de ter amigos como vocês.
    Dar força é obrigação de um amigo de verdade, o que somos a muitos e muitos anos...
    Maior prazer ter vocês aqui no blog também (inclusive, dentro de um texto).

    Beijo!

    ResponderExcluir