terça-feira, 18 de maio de 2010

Feijões

Em 2005, num trabalho em uma escola, acabei o almoço correndo e fui direto atender - depois escovaria os dentes. Quem já foi nesse trabalho social, sabe que a correria é grande e como a fila estava enorme, saí da cozinha para a sala de aula, onde estava montada a cadeira de dentista.
No meio da tarde, chamaram todos os voluntários para uma foto no estúdio fotográfico montado em outra sala, onde a fotógrafa Roberta ensinava às crianças a arte da fotografia digital.
Ali, coloquei o Tião (macaco de pelúcia que é o mascote da odontologia no IBS) no pescoço, abri um sorriso e "clic" a foto estava batida.
Saí de lá e, só aí, escovei meus dentes, antes de voltar ao trabalho.
Fim do dia, todos estavam se divertindo, vendo as fotos e poses engraçadas de cada um, quando a Lílian, amiga dentista da equipe, viu minha foto na tela e me perguntou: "você está com gengivite?".
Ah, "maldito" olhar detalhista que nós, dentistas, temos para o sorriso. Eu disse que não e o computador, que não deixa nada passar foi dando um "close", aumentando, aumentando minha boca e ali estava: uma casquinha de feijão, sutil, mas clara, bem sobre meu dente da frente, junto à gengiva!
Não preciso comentar as risadas e piadas que seguiram, afinal, um dentista com um feijão no dente já é uma piada por si só...
Ontem, no almoço, estava "mandando brasa" em uma feijoada no meu consultório. Chegou uma paciente para pagar e aguardou na sala de espera. Eu, ingênuo e esquecido da antiga lição, terminei o almoço e, para não deixá-la esperando por mais tempo, fui recebê-la.
Conversei, marquei outro horário, brinquei com a filha que ia colocar aparelho, rimos. Na sala de espera estava sua irmã com o filho. Ao me mostrar os dentes do pequeno chamei sua atenção, havia muitas cáries, deveria escovar melhor os dentes e tudo mais.
Foram embora. Uma luz me veio na cabeça. "Comi feijoada e ainda não escovei os dentes...". A história de 2005 veio automaticamente na memória. Corri para o espelho. Ali estavam, três casquinhas, pequenas, mas tão chamativas quanto três focas negras no meio da geleira.
E eu chamando a atenção do menino que precisava escovar melhor os dentes, com três casquinhas de feijão, pretas, nos meus.
O garoto deve ter pensado: "Olha quem fala!". Ainda bem que ficou quieto.

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