quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Uma criança feliz - por Carlos Fonseca

“E foi naquele momento que senti um calafrio. Corrente, corda, martelo ou bambu? Não importa, maínha não teria a mínima chance de impedi-lo. Agora ela acredita quando digo que nunca desejei passar o fim de semana na sua companhia, e não me reprime mais por tê-lo xingado. No começo não entendia o que estava acontecendo, estava sendo punida mas não sabia qual teria sido a razão para tal violência”.

Quantos mil anos foram necessários para a evolução humana? Por que razão até os dias de hoje algumas pessoas imitam os mais primitivos instintos animais? Esta dura realidade retrata o dia-a-dia familiar de milhares de pessoas em todo o mundo. Olhar nos olhos de uma criança e sentir o medo, a tristeza, o desânimo; de fato lhe roubaram o que é mais admirável em uma criança: a inocência.
E foi numa manhã próxima do natal que estive numa casa que abriga crianças que foram retiradas de seus lares após sofrerem algum tipo de violência, entre as mais comuns está a violência sexual. Fui convidado a participar das comemorações de final de ano, e tive o prazer de conversar um pouco sobre a paixão de minha vida: odontologia.
Cada olhar atento, cada expressão de surpresa e admiração me deixava mais empolgado e feliz por estar ali. Em cada criança uma trágica história, um trauma para eternidade; meu dever, fazê-los esquecer de tudo aquilo, e transmitir um pouco de alegria e descontração, aprendendo e rindo para seguir em frente. Pode parecer um trabalho de “formiguinha”, pois bem, me orgulho em dizer que existem muitas espalhadas pelo mundo, e sua pequena contribuição certamente favorecerá para uma melhora significativa na vida de muitas pessoas.
Estava sentado no sofá, com mais 20 amigos voluntários, assistindo a uma apresentação das crianças, e um menino se aproximou e me abraçou. Olhei para ele e perguntei em pensamento: - Por que uma criança tão indefesa como essa merece passar por tudo isso? Por que eu tive uma infância tão feliz ao lado de meus pais e aquele menino carregava tantas marcas de violência e rejeição?. Inesperadamente ele mesmo sorriu e me respondeu:
- Não se preocupe tio, eu sou feliz!
E foi naquele momento que senti um calafrio...

Carlos Fonseca é dentista, 27, e realiza projetos sociais. Uma vez por ano também viaja ao sertão com o Projeto Bandeira Científica, ligado à USP

20 comentários:

  1. Obrigado pela postagem Wolber! Espero que tenha gostado do texto, acho que se assemelha a alguns que você já postou, afinal a emoção deste tipo de "evento" é louca!
    Grande Abraço!
    Carlos

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  2. Que beleza de história, heim? Beleza não o sofrimento dessas crianças, mas sabermos da existência das tais formiguinhas incansáveis, as quais você também se encaixa, Doutor!

    Minha admiração ao seu amigo Carlos.
    Que se perpertue esse caminhar e esse bem querer ao semelhante.

    Beijos.

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  3. É ...EXISTEM MAIS COISAS ENTRE O CEU E A TERRA NÉ WOLBER?1CERTZA A ENERGIA DO AMOR QUE O SEU AMIGO PASSOU A ESSE MENINO NEM PRECISOU DE PALAVRAS NÉ?WOLBER ESTE ANO EU FIZ UM PROJETO NA ESCOLA ONDE TRABALHO MEIO PERIODO JUNTO COM UMA PROFESSORA DE UMA SALA DE AULA PARA ALUNOS COM MAIS DEFICIENCIA EM APRENDIZAGEM...EMBORA EU TRABALHE NA SECRETARIA MAS ME CHAMOU ATENÇÃO UM PROJETO CHAMADO ""FAZENDO MINHA HISTORIA "' DE UMA PSICOLOGA QUE FAZ UM TRABALHO COM CRIANÇAS DE ABRIGOS..CRIANÇAS QUE A HISTORIA E NA MAIORIA DAS VEZES PRA SER ESQUECIDAS ..ESSA PSICOLOGA CONSEGUE FAZER COM QUE ELES LEMBREM DE COISAS QUE GOSTAM E TAMBEM FAZER COM QUE ELES SAIBAM QUE ELES PODEM FAZER UM FUTURO DIFERENTE DO PASSADO E QUE PODEM SIM SEREM FELIZES...O PROJETO É MARAVILHOSO E VOCE PODE CONHECER ATRAVES DO SITE http://www.fazendohistoria.org.br/ ..MAS O QUE EU QUERIA TE CONTAR E QUE EU LI CADA HISTOIRA DE VIDA..CADA RESPOSTAS QUE ELES DAVAM AO QUESTIONARIO ..QUE EU CHOREI POR MUITAS VEZES A NOITE AQUI EM CASA MONTANDO A APOSTILA ...ESSAS CRIANÇAS SÃO TOTALMENTE JOGADAS AO MUNDO...DEPOIS DE SAIREM DAS MÃOS DE PAIS VIOLENTOS.PADASTROS AINDA TEM QUE CONTAR COM A SORTE DE ACHAR UM ABRIGO MENOS RUIM..POIS EXISTEM ALGUNS HORRIVEIS ...OLHA EU ADMIRO TANTO ESTE TRABALHO FORMIGUINHA E ME IRRITA VER ALGUEM COM A FRASE DE ACOMODADO ASSIM"""AH EU NÃO VOU AJUDAR POIS NÃO VOU MUDAR O MUNDO"'CREDO..EU ACREDITO QUE SE VOCE MUDAR A VIDA DE ALGUME POR ALGUMAS HORAS E PRA MELHOR VOCE JA FEZ MUITO...E ESTE TRABLHO QUE VOCE FAZ SOMENTE GENTE MUITO DESPRENDIDA E MUITO EVOLUIDA ESPIRITUALMENTE SE PROPOE A FAZER...EU JA FIZ MUITO SERVIÇO VOLUNTÁRIO ,MAS ANDO PREGUIÇOSA ,OU ENVELHECI E ESTOU CANSADA SR MAS É CERTO QUE EU VOLTO POIS EU PRECISO AJUDAR RA SER FELIZ..ISSO É FATO E CONCRETO...MINHA MÃE MEU PAI MINHAS IMRÃS OMOS TODAS ASSIM FAZEMOS SERVIÇOS DE FORMIGUINHAS MAS PREFERIMOS SER FORMIGAS MESMO PEQUENAS A SER CIGARRAS ..
    OLHA CADA DIA ADMIRO VOCE..CADA DIA..

    PS DEIXA TE CONTA MAIS UMA COISA...MEU SONHO ERA SER DENTISTA SE ACREDITA??E OS MEUS FILHOS NENHUM QUIZ SER SRSRS E EU ENTEI VIU..COLOCAR NA CABEÇA DELES...MAS NÃO TEVE JEITO ...SRSRSRSR
    ATE WOLBER
    OTILIA

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  4. Grande Carlos!

    O texto ficou ótimo, meu amigo! Parabéns, por ele e pelo trabalho.

    Realmente a emoção despertada em poder ajudar alguém é enorme, ainda mais no caso de crianças que foram tão maltratadas e necessitam tanto de um pouco de carinho.

    Bom ter novamente um texto seu aqui. Volte sempre! :)

    Grande abraço!

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  5. Olá Milene, minha amiga! Tudo bem?

    Essas histórias de carinho ao próximo realmente nos fazem um bem. Mesmo um assunto pesado, como violência contra crianças, se torna leve e inspirador, como o texto do Carlos.

    E trabalho de formiguinha é isso aí: sem elas não se constrói um formigueiro. ;)

    Prazer tê-la aqui!

    Beijo!

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  6. Otilia, minha amiga! Que legal seu comentário!

    Primeiro fico muito feliz com o seu gosto pela odontologia. Que bacana! Pena não ter seguido a área, por sua essência dá para ver que seria uma ótima dentista. ;)

    Quanto ao trabalho social, você disse muito bem. Sabe, eu tenho uma idéia sobre isso que não curto muito ficar falando. Odeio passar a impressão de "profeta do apocalipse" ou "faça como o papai", rs, Mas acredito que só somos realmente felizes quando ajudamos outras pessoas. Trabalhamos, corremos atrás de melhorar de vida e de nossa famílis e isso é bom e traz alegrias. Mas lá na frente, quando tivermos atravessando para outro patamar penso que a maioria dessas coisas terá pouco sentido.

    Agora ter vivido uma vida apertado de grana, mas no final, poder sorrir lembrando que melhorou a vida de algumas pessoas, deve ser maravilhoso.

    Minha opinião, claro.

    Obrigado pela visita Otilia! Beijo!

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  7. De fato sempre nos perguntamos a cerca dessas coisas , mas espero sinceramente que mais formigas apareçam, que mas pessoas tomadas por esperíto de justiça possas melhorar a vida de crianças como estas...

    Todo mundo pode mudar o mundo, não é mesmo?


    Beijo!

    Ótimo trabalho e belo texto!

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  8. Olá Karlinha!!

    Sejamos todos formigas. Imagine que formigueiro o Brasil seria se todos os brasileiros agissem assim.

    O país tem tudo para decolar, e vai, se Deus quiser. ;)

    Beijo!

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  9. Wolber, sempre que venho aqui me comovo, nem vou falar desse trabalho lindo q vc faz, mas do Brasil que encontro aqui, que é nosso, que é tão maltratado, só msm um grande formigueiro pra nos salvar.
    Obrigada pela visita, que gosto mt.
    Bjs

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  10. Oi Ira!! Tudo bem?

    Um Brasil muito maltratado mesmo. Temos um boing, último modelo, com tudo para decolar, mas não sai do chão. Paralisado por tantas mazelas políticas e sociais.

    Como o Carlos disse, há muitas formigas por aí. E cada dia se juntam mais! :)

    Um prazer tê-la aqui, Ira!

    Beijo!

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  11. Wolber, amigo queridoooo!!

    Meu Deus...eu não sei como seria a minha reação em estar ouvindo o relato dessas crianças tão maltratadas, tão vitimas de um sub-mundo nojento, asqueroso por que passam.
    Tá ai uma coisa que me dó demais em ver nas manchetes, que dirá estar com essas crianças.
    Não sei se meu coração aguentaria Wolber, juro.
    Eu nunca vou entender do porque a infância de uma criança ser castrada assim...
    Depois dizem que a gente não pode fazer justiça com as próprias mãos...será?
    Vi um caso na TV de um verme que foi morto a pauladas pela população por ter violentado uma criança...e de verdade? Se eu estivesse ali, eu juro que estaria no meio desse povo.
    Porque prender não resolve, é pouco..é muito pouco num caso desses, e eu não estou evoluida espiritualmente pra acatar isso.
    Enfins...quantas formiguinhas abençoadas nesse mundão de meu Deus...tanta gente do bem meu Deus, por isso, apesar de tudo, o BEM vence no final. Sempre.
    É...e eles são felizes...do jeito deles, tão puro e tão deles...quantas coisas temos que aprender com essas crianças meu amigo...
    Que haja um bilhão de formigas nesse mundo.
    Tão judiado, mas tão bonito.

    Um abraço Wolber.
    Gosto imensamente de ti meu amigo!

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  12. Antes queria te agradecer a visita, adorei! Esse texto fez-me recordar uma experiência que tive como professora na antiga FEBEM, aqui em Natal. Eu era bastante jovem também entre aqueles jovens e o meu esforço era tremendo para fazer alguma coisa que mudasse aquela realidade. Lembro-me que dos vários sentimentos que me envolvia o que mais me afetava era o de impotência. Hoje, como Carlos, percebo que fiz um trabalho de formiguinha, mas fiz a minha parte, era o melhor de mim naquela época. Um abração meu amigo.

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  13. Wolber, que bom saber que existem tantas "formiguinhas" maravilhosas por aí...
    Sabe, eu sempre penso na responsabilidade imensa que cada um de nós tem sobre o futuro de uma criança. Um gesto, uma cena, uma palavra podem marcar o destino de uma pessoa para o resto da vida. Que dizer, então, da agressão, física, moral.
    Só mesmo muito amor genuíno, liberto de preconceitos, pode amenizar um pouco essas marcas.
    Agora, a frase final do menino heim?
    Senti calafrio aqui também.
    Que coisa!
    Parabéns ao Carlos e a você, por compartilhar conosco um pouco desses gestos de amor pela vida.
    Beijo grande

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  14. Olá Sil! Tudo bem?

    Minha amiga, é muito difícil mesmo ouvir essas histórias das próprias crianças. Pelo sertão também vemos algumas que foram maltratadas, algumas que passaram, ou passam, fome.

    É muito triste, as vezes ajudamos com algo momentâneo, mas vamos embora e fica aquela sensação de não ter feito algo mais duradouro. Mas precisamos ver e enfrentar essa triste realidade. Já que ela existe que tentemos resolver de alguma forma.

    E o que você falou é a sensação da maioria da população. Crimes assim revoltam, e uma pessoa, que se diz um ser humano, que faz uma coisa dessas, infelizmente tem pouquíssima chance de recuperação. E muita chance de fazer barbaridades novamente.

    Sil, é sempre uma alegria te receber aqui!

    Um beijo e ótimo fim de semana!

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  15. Oi Ivana! Tudo bem?

    O maior prazer fazer uma visita em seu blog, gostei muito de lá. ;)

    Que bacana o trabalho que você fez na Febem. Esse é um local que precisa muito de auxílio. Não podemos esperar que aqueles jovens simplesmente piorem e se tornem bandidos. É o que acontece na maioria dos casos.

    Parabéns pelo trabalho!

    Uma abraço, minha amiga!

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  16. Olá Regina! Como vai?

    São muitas formiguinhas, graças a Deus! :) Esse trabalho de cuidar dessas crianças é importantíssimo. Imagine os traumas e problemas que levarão até a vida adulta?

    O remédio é realmente este: amor. Cura tudo, até essas profundas marcas.

    Obrigado Regina! Beijo!

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  17. Ai... querido amigo Wolber!

    Eu chorei logo que comecei lendo esse texto.
    No finalzinho, quando ele respondeu o pensamento do Carlos, eu me desmanchei em lágrimas!
    Esse momento foi especial demais... Parecendo uma comunhão de almas. Uma comunhão de Anjos.

    Beijos no coração.

    Nossa...

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  18. Olá Amapola! Como vai?

    Imagino o quanto este texto te tocou, você sendo uma pessoa com tanta sensibilidade.

    É realmente tocante, nos deixa com aquela sensação de incapacidade de mudar essa horrível realidade de maus tratos às crianças.

    Mas o onito da história é quando percebemos que podemos não conseguir alterar a crueldade que aconteceu, mas podemos sim dar carinho e ajudar a melhorar a vida dessas crianças, fazendo-as esquecer de uma realidade tão dura. Como fez o Carlos.

    Beijo a você, minha querida amiga!

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  19. Sou eu quem agradece a sua visita, Amapola!

    Sempre muito agradável!

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