domingo, 4 de dezembro de 2011

Lutas

No último texto, publiquei sobre a alma social de muitos brasileiros, que lutam desde tempos atrás para melhorar nosso país.
Margô, é secretária de educação da cidade de Irecê, na Bahia e sua história me chamou a atenção. Leonel, amigo sempre presente neste blog, chamou a atenção, em um comentário, pertinente sobre a visão comunista da época.
Eu já imaginava a visão que ela tinha nos idos dos 70, mas em outro comentário ela ratificou essa impressão.
Segue abaixo o texto enviado.


Olá querido Wolber,

Gostei imensamente do teu relato. Muito obrigada amigo, pelo honroso texto!
A sensação é de que estou compondo de fato uma história de superação. (E estamos, né?) O que foi por mim, vivenciado na década de 70 e parte dos anos 80, contribuíram sim, para uma abertura política de longo prazo, mas sabemos o quanto ainda falta para sermos de fato reconhecidos como cidadãos plenos neste imenso País.
Como te disse anteriormente, a ação do IBS, é muito especial pois transgride a ideia do assistencialismo e reúne ingredientes que protagonizam a tão sonhada ação cidadã. Eu sou fã número um deste trabalho.
Obrigada Leonel pelo contributo à minha experiência, mas é preciso lembrar que o contexto que víviamos, não permitia ainda pensar no comunismo como uma ditadura de esquerda. Sei muito bem o que ocorreu na Rússia, Albânia, China, etc. Nós jovens brasileiros que compunhamos o Movimento Estudantil, lutávamos por ações que estavam muito distantes da construção de um país comunista; Queríamos Liberdade de Expressão, votar para presidente, governador, ler obras de cunho sócio-político, trazer novas perspectivas para a população brasileira que estava em situação de miséria, superlativamente maior da que ainda testemunhamos.
Mas respondendo ao teu questionamento, eu saí do partido, justamente por não concordar com o governo totalitário que foi implantado nos países do leste Europeu, e outros que se intitulavam comunistas. Entrei muito jovem, como o Wolber registrou, no entanto a maturidade, me impulsionou a questionar a nossa militância, a linha ideológica stalinista, e maoista...etc. E aí eu "desertei" aos 26 anos... Já mãe de dois filhos, já era uma mulher que podia se expressar livremente independente de qualquer orientação partidária.
Não me arrependo, não consigo enxergar outra ação que não fosse aquela, no período que em víviamos. Ou partia para uma atitude revolucionária, de enfrentamento, correndo riscos terríveis, ou seríamos cordeiros do Regime Militar. (Fui indiciada na Lei da Segurança Nacional, privada de sair de Salvador durante dois anos, e vigiada constantemente, de forma constragedora, mas valeu a pena!).
Hoje eu não sou filiada a partido algum. Costumo dizer que tenho uma ação libertária e não partidária...rs.
Conheci o Rondon. A minha cidade tb recebeu os jovens do Mackenzie, com o lema "Integrar para não entregar"... Mas sou mais o IBS, rsss. Conversaremos mais por aqui, e espero que a desconfiança que o relato do Wolber te causou, em relação a minha pessoa, seja analisada pela lente do contexto histórico. Afinal, quem sabia de fato, que existia o "Paredón" na Cuba Castrista? Longe de bajular Fidel, Mao, ou quem quer que seja, nós queríamos nos ver livres dos nossos inimigos mais próximos, ACM, FIGUEIREDO, DELFIM NETO, TORTURAS, EXONERAÇÕES FORÇADAS, EXÍLIOS, DESEMPREGO, PANCADAS NA RUA, ETC, ETC.
Pois, pois.
Wolber, seu BlOG, é muito interessante, vou tentar me fazer mais presente neste espaço.

Mais uma vez obrigada, e um grande abraço saudoso da amiga...

Margô. ( Meu codinome é Raposa vermelha...rs)

Margô é Secretária de Educação da cidade de Irecê, na Bahia

3 comentários:

  1. Margô, sou sua fã... beijo enorme!

    ResponderExcluir
  2. Fico feliz que agora a Margô veja as coisas com mais clareza. Realmente, foram pessoas jovens demais para entender que caíram nas armadilhas de alguns pseudo-idealistas.
    O principal problema com o regime cubano não foram os "paredóns" para os asseclas de Batista, nem as mazelas inerentes aos regimes comunistas, mas a sua perpetuação no poder, após neutralizar as influências dos EUA, que usavam a ilha como território livre para a máfia. Castro simplesmente não percebeu a hora de sair de cena e passar o poder ao povo!
    No Brasil, o mais difícil é entender alguns que já sabiam de tudo naquela época e mantém a mesma posição até hoje...
    Quanto a mim, antes mesmo daquela época eu já sabia o significado de certos "ismos" e comecei a perceber que nenhum deles levaria a nada, pois regimes não são exercidos por computadores, mas por pessoas, e as pessoas acabam distorcendo as coisas...
    Por isto, detesto política!
    Uma nação se faz com pessoas de caráter, consciência e vontade, não apenas ansiosas por chegar ao poder e mante-lo...
    É preciso esclarecer e educar as pessoas, não apenas dar-lhes o que comer, mantendo-as na ignorância e na dependência.
    Sem educação,não há desenvolvimento...
    Abraços!

    ResponderExcluir
  3. Grande Leonel! Tudo bem, meu amigo?

    Concordo com você. Qualquer regime, ou pessoa, que assuma o poder e tenha a megalomania de achar que deve reinar sobre toda uma população de ve ser repudiado.

    Olho com muita tristeza para o que Chavez faz na Venezuela e me espanto como, nos dias atuais, a população permite um louco como aquele assumir o poder, liderar seu país, e fazer tantas besteiras, falar baboseiras em reuniões de países...

    Isso sem dizer o estrago que ficará depois de sua passagem. Essa história de fechar as portas para investimentos externos, a utopia de viver só com sua produção e não depender de ninguém, leva todos à ruina e à miséria. Vide Cuba, onde o comunismo nivelou todos, mas todos na miséria.

    Uma pena.

    Obrigado por acrescentar, Leonel! Vou postar novamente um texto que li (e postei aqui) um tempo atrás, muito bom, e que fala sobre esse assunto.

    Um grande abraço!

    ResponderExcluir