quarta-feira, 14 de março de 2012

Opostos

Nem sempre os opostos se atraem. Em muitos casos, na verdade, se repelem.
No ano passado, quando trabalhamos em Barreirinhas - linda cidade do Maranhão - conhecemos um bar que ficava em uma palafita, sobre o lindo rio Preguiças. O local nos remetia às memórias das mais belas fotos de algum bar desse estilo em outras partes do mundo.
Um salão amplo, telhado de palha, sem paredes. Aliás, não tinha motivos para se ter paredes; a visão se dava para o rio que refletia as luzes amarelas dos postes que iluminavam a passagem de areia entre o rio e uma linda duna, presente no centro da cidade.
Como não podia deixar de ser, naquela noite, havia uma radiola - uma parede montada com caixas enormes de som, operadas por um DJ - que rolava o ritmo dominante da região norte do Maranhão: o reggae.
Foi uma noite muito agradável, onde aquela paisagem maravilhosa se misturava ao leve som que surgiu na Jamaica e chegou pelas ondas do rádio àquelas terras desde meados do século XX.
Assim, quando retornamos na última visita para entregar as bibliotecas, tínhamos a esperança de rever o lugar em nossa primeira noite. Em uma triste surpresa o bar estava fechado. Há boatos que se tornará um restaurante.
Resolvemos conhecer outro lcal, onde haveria o show de um músico (um vocalista e um tecladista). O espaço estava cheio, em um pátio cercado por muros escuros. Curioso que não foi esta diferença visual que nos chocou, mas sim o estilo musical.
Música é algo maravilhoso e falar contra um som diferente do que você gosta seria intolerância pura, porém o estilo que assustava era das composições. Músicas que falavam sobre sexo, bebidas, de uma forma agressiva, até depreciando as mulheres, algo triste, por baixo do jeito alegre de ser cantado.
Tínhamos a lembrança de uma noite linda, em contato com a natureza, debaixo do som do reggae, com músicas que falam de paz, amor, Deus, crianças e natureza. Estávamos ali, ouvindo sobre "pegar a mulher de jeito, atarracar...".
Sem preconceito musical, mas em estágio evolutivo, estávamos naquela noite um passo atrás de onde já estivemos.
Vendo as fotos, lembramos com carinho daquele lugar. Bar ou restaurante, sempre estará na memória como um estágio a alcançar.






5 comentários:

  1. Alô, Wolber!
    Se para não ter preconceito ou ser politicamente correto (como querem fazer moda) é preciso aturar numa boa tudo o que querem nos entulhar pelos ouvidos, tô fora!
    Essa descrição que você fez das "músicas" da segunda visita me lembram bastante o lixo que por aqui foi declarado por alguns vereadores cabeças-ôcas como "manifestação cultural", os tais bailes funk!
    Depois de proibidos, diminuindo os crimes e confusões nas madrugadas cariocas, agora graças ao desserviço desses parlamentares, foram novamente liberados.
    Não passam de reuniões embaladas num ritmo importado dos cortiços dos EUA, com letras locais fazendo apologia da violência, do banditismo e da degradação das mulheres!
    Nada a ver com o reggae jamaicano!
    Para mim, um verdadeiro lixo!
    Para não falar que essas festas, onde meninas menores de idade se exibem em cenas deprimentes, quase sempre são regadas a drogas.
    E nesses locais, as coisas sempre acabam em pancadaria e agressões covardes, como as que redundaram na morte recente de um dançarino, cuja autoria é quase impossível de apurar!
    Desculpe se isso é preconceito, mas é o que sinto em relação a estas coisas!
    Abraços, amigo!

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  2. Verdade...

    Infelizmente estamos regredindo quanto as letras das músicas, sou do nordeste e infelizmente o ritmo dominante é o forró, mas já está tão vulgarizado que não sei onde vamos parar.
    Daí volto-me para meu mundo onde a MPB, para os paralamas, Legião Urbana e Engenheiros... prevalecem, ás vezes tenho a impressão que nasci na década errada...

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  3. Há que se ter tolerância para se conviver com as diferenças, essas supostamente pequenas, mas que no fundo importam e muito.Eu tento ao extremo mantê-la, consigo estar num lugar ouvindo coisas horrendas, mas se as companhias forem bacaninhas, tudo está bom. Mas é complicado, porque as bagaceiras (rsrs) ocupam cada vez mais espaço, encostando num cantinho o que não for considerado moda. Enfim... Bom mesmo é fechar os olhos e imaginar esses lugares todos que você narra... Ao fundo da minha imaginação, um delicioso reggae.

    Beijo, doutor!

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  4. Caro amigo,Wolber.

    Infelizmente,existe uma demanda muito forte deste tipo de música que,mesmo com seu conteúdo pobre,consegue atrair uma numero altíssimo de seguidores.Há de se lamentar,pois a face da música nordestina tem sofrido distorção e,desvalorização perante a mídia local que prefere vender um produto que subtrai o caráter do povo,sobretudo nas classes sociais mais baixas, que são alienadas pelas rádios FMs locais. Devo lembrar,porém,que esta referencia me fez lembrar de um certo show de Raggae na cidade de Lençóis. Foi sensacional.Lembra?


    Grande abraço,


    Luciano Guimarães - Cabaceiras/PB

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  5. Wolber, o Urbanascidades convida voce e seus leitores para o seu 2° aniversário dia 21 de março. Sarau cultural com música, literatura e poesia, e convidados muito especiais. Não perca!
    Um abraço,
    Paulo Bettanin

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