quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Um profissional exemplar (por Carlos Fonseca)

Certa vez me fiz uma pergunta, e que talvez já tenha sido feita por muitas pessoas. “- Por que é tão difícil acordar pela manhã?”
E a resposta me veio da maneira mais surpreendente que poderia imaginar, e me serviu inclusive para elucidar a definição de “profissional exemplar”. Tudo começou quando em mais uma manhã de trabalho parei em um semáforo próximo de casa, fim do verão, por volta das 6H10 da manhã. Um garoto que aparentava os seus vinte e poucos anos, de semblante simples e sorriso no rosto, se aproximou do meu carro e colocou acima de meu retrovisor um pequeno pacote com algumas balas e seguiu dizendo:“-Bom dia senhor!” , após aguardar um certo tempo o garoto retirava o pacote com as balas e dizia com o mesmo sorriso e empolgação: “- Muito obrigado, tenha um bom trabalho”.
Seria um acontecimento qualquer para a rotina de um paulistano que percorre mais de 80 Km por dia e passa por mais de 15 semáforos, mas este singelo evento se repetia com a mesma motivação todos os dias, no calor, no frio, em dias de chuva, inclusive nos feriados. E o que mais me deixava surpreso era a pontualidade e a dedicação do rapaz, que nos 4 meses seguidos esteve naquele mesmo local com a mesma motivação e o mesmo sorriso todos os dias da semana.
Não vou negar que comprei as balas algumas vezes, principalmente nos dias de chuva, e assim como eu muitas pessoas faziam o mesmo, acredito até que aquele pequeno “comércio do farol” lhe ofereceu um importante retorno financeiro. Acontece que determinado dia não o encontrei mais, e assim seguiu por algumas semanas e meses, e tal foi minha surpresa quando encontrei outro garoto no mesmo lugar, com a mesma “estratégia” de venda e com uma motivação parecida. Foi então que tive a ideia de questionar o novo vendedor a respeito do paradeiro de seu antecessor, e o mesmo me disse:
- Ele é meu irmão, um dia um de seus clientes o convidou para trabalhar em uma empresa, está ganhando bem e está muito feliz.
Dei um sorriso, agradeci os esclarecimentos, e me enchi de orgulho ao lembrar de toda dedicação que aquele garoto ofereceu ao seu comercio informal, do quanto ele teve que superar a vontade de permanecer na cama nos dias de chuva e frio, mas sempre se colocou motivado e confiante. Esta simples história me fez refletir sobre a maneira com a qual as pessoas encaram o trabalho, tornando o seu dia-a-dia muitas vezes cansativo e estressante, ao invés de encarar com motivação e comprometimento, ingredientes facilitadores para o crescimento e satisfação profissional. Mas uma coisa não posso negar, de fato aquele garoto é um profissional exemplar.

Carlos Fonseca é dentista, tem 28 anos, e realiza projetos sociais em São Paulo ("Sorria Jd. Capela") e pelo Brasil com o "Bandeira Científica" da USP.

10 comentários:

  1. Caráca véi...

    Passo por isso todas as vezes que cruzo a metrópole, e confesso que é raro o fato de eu aceitar adquirir seus produtos pois tenho a idéia de que estaria promovendo a motivação para que eles continuem a "pidonhar" nos semáforos.
    Minha surpresa foi grande e digna de invejamento pela oportunidade a qual o sujeito ofereceu um emprego a um desses "micro-empresários".
    Um país se faz com pessoas de fibra e deixo aqui meu relato que eu mesmo não teria tido essa ideia e invejo o autor dela... PARABÉNS..

    Abraços
    Tatto

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    1. Grande Tatto!

      Meu amigo, nós vivemos num mar de regras que, muitas vezes, nem paramos pra prestar atenção na maioria das situações. Agimos como que por inércia das nossas verdades adquiridas durante a vida.

      Nem por isso estamos certos, ou errados, ou outros errados por agirem diferente daquilo que acreditamos.

      Mas legal é ter grandeza de admirar outras atitudes diferentes das nossas e podermos rever as nossas.

      Você foi grande em espírito, Tatto! :)

      Abração!

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  2. Vixe Maria, fiquei meio com vergonha do meu texto preguiçoso depois de ler isso... Rrsrs.

    Muito bom, muito bom mesmo saber que o destino das pessoas pode mudar pra melhor. Vou dormir com um tanto mais de paz, acredite.

    Beijo, Wolber.

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    1. Olá, minha amiga Milene!

      Haha, não se envergonhe de texto algum seu, são todos ótimos! :)

      Essas boas coisas que acontecem, quando o bem vence no final, tem essa força de nos trazer paz. Quem dera houvesse mais e mais fatos como esse pra nos alegrar e termos sonos melhores.

      Beijo!

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  3. Amigo Wolber...

    Passei pra confirmar e assinar o depoimento daquele Macaco maluco escreveu ali em cima... É certo que nem dirigir direito ele sabe, mas é valido saber que ainda existem (agem) os anjos nas ruas de Sumpa....

    Abraços
    Tatto

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    1. Hahaha!

      Tatto, que prazer recebê-lo aqui, atestando o que o famoso XipanZeca diz! :D

      Olha, esse macaco pode não escrever direito, mas a cabeça é boa até demais! Esperto que só!

      E meu amigo, como é bom acreditar - e constatar! - que ainda existem pessoas de bem e que o esforço e talento de pessoas simples é reconhecido.

      Cada dia vamos melhorando, Tatto! Cada um de nós fazendo nossa parte!

      Grande abraço!

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  4. Essa história foi um acontecimento e tanto! Vale como força motivacional para todos nós, né Wolber!?
    "anda com fé eu vou, que a fé não costuma faiá"!

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    1. Haha! Verdade, Carlos!

      Fé sempre! Porque mesmo se "faiásse", só de viver feliz e com esperança já seria válido e muito melhor.

      E também acredito que não falha. ;)

      Grande abraço e obrigado pelo texto!

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  5. Visitando lendo, sem comentários apenas lendo! Foi bom que o memino arrumou trabalho formal.



    abração, vou volto.

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    1. Olá Odair!

      Que bacana a visita, volte mesmo! :)

      Um abraço!

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