quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A colheita

Já não era a primeira vez que aquele homem, entre seus 50 anos de idade, demonstrava mal humor ao entregar o papel da guarita do supermercado.
Em outras ocasiões eu havia ficado com aquela expressão de tolo, de quem cumprimenta com um sorriso e recebe uma resposta "atravessada" em resposta.
Neste dia seria diferente. Como se quisesse devolver aquilo que o homem plantou durante as poucas vezes em que tive contato com ele, numa atitude que não me orgulho, como se fosse a vida que quisesse ensinar o "colhemos o que plantamos", decidi não mais sorrir ao cumprimentá-lo. Mais ainda, decidi incorporar a expressão de homens arrogantes que acham que outros são inferiores; baixei o vidro, olhei com cara de bravo e poucos amigos e não disse bom dia, simplesmente estendi a mão para pegar o papel de estacionamento, como se achasse a pior coisa do mundo precisar pegar algo daquele cidadão.
Para minha surpresa o homem me recebeu com uma expressão mais amena, dando um bom dia submisso e sorrindo.
Mundo estranho este em que vivemos. Há pessoas que não dão valor quando são bem tratadas e se desvelam em respeito e cuidado com os que "pisam" nelas. Como se respeitassem apenas os mais poderosos, porque precisam. Como se respeito fosse preciso apenas para quem se teme, não como algo merecido a todos os seres humanos.
Educação, simpatia e respeito deveria ser a regra. Deveria.

8 comentários:

  1. Wolber, em minhas andanças por este Brasil, eu também presenciei este fenômeno: ao tratar bem à certas pessoas (geralmente humildes), recebia como retorno o descaso, enquanto a arrogância e as exigências mal humoradas eram premiadas com submissão e cortesia!
    Desagradável, mas aconteceu!
    Parece que foram condicionados a desprezar quem não os chicoteia!
    Abraços!

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  2. Hahaha!

    É Leonel, pode ser uma submissão por medo, do tipo "essa pessoa deve ser poderosa e pode acabar comigo se eu não tratar bem", ou como você disse, algo parecido a um masoquista.

    Graças a Deus essas pessoas são minorias.

    Um grande abraço, meu amigo!!

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  3. É meu amigo Wolber....

    "O solo esta cansado e desnutrido, a semente manipulada e modificada, onde o fruto só poderia vingar em grande beleza comercial mas sem nenhum conteúdo... Uma colheita alienada."

    Abraços e
    DeusssssssssssssssssKiajude

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  4. Grande Tatto!

    Que poético, meu amigo! E com conteúdo, diferente dos frutos de hoje em dia...

    Grande abraço, Tatto!

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  5. Wolbinho, neste momento eu me limito a apreciar a arte que estampa a capa do Blog. Muito bonita, caracterizada, enfim fascinante.
    O texto eu comento depois, foi outro aspecto que me chamou a atenção...Grande anjo esciba. Aprecio a tua sensibilidade literária.
    Beijos,
    Margô.

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  6. Minha grande amiga de fé Margô! Que prazer recebê-la aqui!

    E realmente, a arte desta imagem que abre o blog é fantástica, não?! Eu mesmo, até hoje, perco alguns minutos a admirando. Tudo isso graças ao Tatto, este simpático macaco que comentou antes de você. O cara é um artista!

    E muito obrigado pelo elogio! Vindo de uma secretária de educação que admito tanto é um elogio e tanto!!!

    Grande abraço, minha amiga!

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  7. A falta de amor que domina o mundo. Sem amor, nao há alegria, não há luz, não há sorrisos.
    Por este senhor, temos apenas que lamentar a sua vida infeliz.
    Um dia ele aprende!!
    Um beijo enorme!!!
    Com muita saudade, doutor!!!

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  8. Minha querida Lua! Quanta saudade!!!

    Verdade, e você entende bem esses textos. Tem um ponto de vista reto! :)

    Um beijo enorme, com muita saudade!!!

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