sábado, 21 de novembro de 2020

Raiva

Imagine a seguinte cena: você visita uma fazenda e num certo momento chega ao chiqueiro, onde vivem tristemente porcos enormes e maltratados, deitados sobre uma lama suja e fétida. Enquanto se compadece com a triste situação daqueles animais uma pessoa chega ao seu lado, lhe cumprimenta friamente, pula a cerca daquele local imundo, anda entre os porcos e se senta ali no meio, enquanto suas mãos enxarcadas de sujeira passam pelo seu rosto e corpo, como se estivesse em meio a um banho acolhedor.
"Não é possível! Ele deve ter algum problema!", você pensa ante aquela visão surreal. Em seguida pula a cerca com a mesma facilidade, senta-se ao seu lado e se chafurda, imitando os mesmos gestos que o vê realizando.
Seria algo extremamente insano, não?
Quando alguém está com raiva, está num dos estados mais indesejados do ser humano. Você não consegue pensar com clareza, raramente suas atitudes serão coerentes com seus valores e dependendo do tempo que convive com este sentimento causa danos reais ao seu organismo.
Digno de pena alguém que se deixe envolver em tal situação, por problemas fora de seu controle, e num sofrimento interno, como um vulcão em erupção, solte suas labaredas a sua volta.
De repente é você quem está no caminho. Por um acaso do destino - até mesmo como uma lição a ser aprendida pela vida - teve que lidar com aquela pessoa, naquele instante e recebeu sua descarga negativa.
Devemos entender que quando um indivíduo despeja sobre nós suas angústias, desesperos e sofrimentos internos, isso é um problema dele. Nossa resposta sim, passará a ser nosso problema.
Desse modo podemos claramente decidir ter compaixão por quem aceita a insanidade de mergulhar na lama indesejável - quem sabe até mesmo dizer uma palavra que a ajude a sair de lá - ou escolhermos mergulhar ao seu lado.
O importante, independente de nossa escolha, é que a façamos de forma consciente.

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