sexta-feira, 12 de março de 2010

Arquitetura da balada de alto risco

Todos já ouvimos falar numa balada “risca-faca”. O nome remonta à antiguidade de nosso Brasil, onde festividades acabavam entre brigas e os polidos cavalheiros retiravam seus facões, peixeiras - ou qualquer coisa que furasse – e raspavam rapidamente no chão, produzindo abundantes faíscas. (pelo menos eu imagino isso...)
Hoje em dia temos em mente aquele boteco, com um som alto de forró-brega tocando, sujeitos de “cara fechada” jogando bilhar sobre uma velha mesa e moças dançando entre rapazes de bigodinho por fazer e cerveja na mão.
Adriano, um paciente e amigo, estudante de direito, se disse assíduo freqüentador desses locais. “Gosto de emoções fortes”, diz entre risadas.
Foi ele quem me deu a interessantíssima descrição de “como se dar bem numa balada risca-faca”. Inteligente e observador, deu toda a seqüência que se deve seguir para, não só se dar bem num lugar desses, como, principalmente, sair ileso de lá.
- Estava numa cidade do interior de São Paulo, dessas bem pobrezinhas, e saí com mais dois amigos para o único bar que estaria aberto àquela hora, no meio da semana. – disse e descreveu a cena do boteco que imaginamos pouco atrás.
“Sentamos, humildes, numa mesa e ficamos observando. Cara, me deu uma vontade de jogar sinuca. Meu amigo quase surtou! Perguntou se eu queria morrer. Nessa hora, você tem que estudar o lugar. Tem que ser como um general: observar cada peça do tabuleiro e agir, conscientemente e sem pressa. Não sabia se estava mais a fim de jogar sinuca ou dançar com a morena mais linda – e perigosa! – daquele bar. Então, listei os passos a serem dados:”

“1 – Humildade
Primeiro, é humildade. Nada de chegar falando alto ou dando risada. Sem “botar banca”, ainda mais em lugar desconhecido. Sente e tome sua gelada.
2 – Contato com as pessoas certas
Você tem que saber quem são os formadores de opinião do local, o dono, o garçom ou garçonete, músicos. Saber quem é quem.
Vi que tinha um alemão alto, que dançava com todas as meninas, davam risada com ele, conhecia todo mundo. Fui até lá e puxei papo; cara gente fina! Segui para frente da banda que tocava música brega e vi que entre as músicas um cara pedia canções e dava algumas ordens. “É o dono”, pensei, e fiz amizade com ele também.
3 – Aguardar
Voltei para a mesa e me juntei aos amigos. “Daqui a pouco é nossa vez na sinuca”. Em poucos minutos o alemão, que eu havia falado da vontade de jogar um bilharzinho, veio me puxar pela mão para a gente jogar.
4 – Curtir sem moderação e com respeito
Enquanto estava jogando não acreditei: meu amigo que tinha falado com o alemão da morena, estava dançando com ela! Ele a tirou do meio da roda dos bigodinhos e a colocou na mão do meu chapa.
No fim da música ela veio jogar bilhar conosco.
Foi a noite perfeita!”.

No fim, havia dado tudo certo. Tinham se divertido muito, jogado seu bilhar, feito amizades e ainda dançado com a melhor mulher do lugar.
Se eu acredito? Não sei. Mas quem quiser pode procurar a balada risca-faca mais próxima e fazer a experiência. Boa sorte e que Deus o proteja!

4 comentários:

  1. Nossa Wolber que história irada temos que aprender com esses caras experientes para podermos viajar pelo Brasil tranquilos !! Que irada a historia hein ? abraços risca capas (a briga de capacetes em bar de motoboy) Luis Salvatore

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  2. Meu caro amigo Volber,rsrsr, pelas bandas aqui de Minaçu,oque mais tem é balada"Risca faca".Caso queira conferir de perto.é só avisar qdo estiver passando por aqui...rsrsr

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  3. Haha! Fala Luis!
    Você vêja só, aqui vamos ganhando experiências para testar no interior do Brasil. Vivendo e aprendendo...
    Realmente a história é muito boa. Esses caras são figuras!
    Grande abraço!

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  4. Oi Rose! Tudo bem?
    Caramba, não sabia que Minaçu era recheada desses bares risca-facas. Então em nossa próxima estada aí, verificaremos se as dicas procedem... rs
    Beijo!

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