segunda-feira, 10 de maio de 2010

Crônicas de um brasileiro, ex-soldado americano (por Euller Fernandes/ Wolber Campos)

Euller é brasileiro, mas quando tinha 4 anos de idade se mudou para os Estados Unidos, acompanhando seus pais.
Viveu lá por mais de uma década, conhecendo as partes boas e ruins que um latino-americano vivencia na América.
Aos dezenove anos sentiu que sua vida estava monótona. Queria algo novo, estava cansado daquele dia-a-dia sem graça e brotava em seu peito uma enorme vontade em desbravar aquele imenso país. Tinha sede em conhecer lugares novos e de aventura. Foi então que veio a idéia de servir o Exército Americano.
- Estava completamente sem grana e queria conhecer lugares novos. O melhor jeito era entrando para o serviço militar.
Nos EUA, qualquer cidadão do mundo pode servir o exército como voluntário, basta ter o Green Card, sonho de tantos cidadãos por esse mundo a fora. Euller tinha e foi assim que ingressou como soldado americano.
Foram três anos intensos. Tantas situações fortes, pressões, que diz: “muita coisa eu nem me lembro, parece que foi um flash!”.
Outras foram tão marcantes que estão impregnadas em seu ser.
- Me lembro como se fosse ontem dos pulos de pára-quedas.
O primeiro, a gente nunca esquece. O segundo também não. O terceiro então... “Vixe!”. E por aí vai.
Lembra que naquele avião cargueiro, enorme, sentavam vários soldados novos, assim como ele. A maioria muito jovem, molecada mesmo, de seus dezoito anos. Olhavam uns para os outros. Nenhum conseguia esconder o medo, nem nos olhos, nem na face, tampouco nas pernas que tremiam. A única felicidade era notar que todos os companheiros estavam igualmente apavorados.
E o avião subia, subia, e quando pensavam que estava alto demais, ele continuava subindo. Mas um soldado americano tem que ser muito macho! Não pode vacilar. “Então vamos lá suas maricas!!! Escondam essa cara de medo e se preparem para pular!”. Deve ter dito o comandante. O medo era grande demais para se lembrar de uma simples frase. Estava muito preocupado em não deixar que seu coração pulasse pra fora da boca.
A porta se abriu e um barulho ensurdecedor adentrou o interior do avião. Mal podia ouvir o que o comandante gritava. Muitos ali devem ter borrado suas cuecas camufladas. Ele não. Pelo menos me jurou que não. Eu duvido...
- Be prepared! Gooooo!!! (Prepare-se! Váaaaaaai!!!) – gritava o comandante a cada um que saltava.
Chegou a sua vez e vlupt! Saltou. A paz reinou. E quando o pára-quedas se abriu o barulho cessou completamente. Uma intensa alegria tomou conta de seu ser. Primeiro em ver que estava vivo. Segundo, por ter engolido novamente o coração e terceiro pela adrenalina agora saciada com a paz que é estar no alto, onde apenas as aves vivem e o homem deseja estar desde os primórdios de sua existência. Agora ele estava lá, quase planando pelo céu.
Não foram mais do que alguns minutos. O bastante para enchê-lo de orgulho de si mesmo por ter se superado. Imaginou que os próximos seriam mais fáceis. Mas não seriam. E ele nem imaginava o que ainda viria pela frente...

6 comentários:

  1. Porra Wolbão... adorei a história. Ficou no ar se é realidade ou ficção mas o fato é que tá muit bem escrita e no finalzinho só faltou um: "não perca o próximo episódio de Euller, um soldado brazuca na terra do Tio Sam"!

    hauhau...
    abraço.

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  2. Hahaha! Grande Johnny! Mas você agora completou bem o final.
    E é tudo verdade. O cara é um grande brother e me contou essa história num barzinho, entre amigos, regado a uma cervejinha bem gelada...
    Ô meu Deus, preciso virar escritor e viver só coletando histórias... rsss
    Grande abraço!

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  3. hahaha adorei o "não perca o próximo episódio"...
    Realmente Wolber parece um conto..
    Mas sei que tudo isso é verdade afinal conheço os dois...

    SHOW!!!!!!!
    Abraço Grazi

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  4. Olá Grazi! Tudo bem?
    Pois é, minha amiga. Tanto que você estava sentada nesse mesmo barzinho que eu disse ao Johnny quando o Euller contou a história ;)
    Precisamos combinar outras dessas.
    Beijo!

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  5. Muito legal essa história.
    Sirvo há seis anos na Brigada Paraquedista no Rio de Janeiro. Quando estava lendo vieram as lembranças dos primeiros saltos, deu até pra sentir o cheiro da querosene do avião.Rsss... Dá o maior frio na barriga!

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  6. Olá, meu amigo!
    Cara, que bacana. Fico feliz que tenha curtido o texto ao ponto de se lembrar da querosene.
    Realmente, o Euler disse que sentiu o mesmo frio de barriga ("cagaço", em suas palavras) até na última vez que saltou.
    Valeu pela visita!

    Grande abraço!

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