quinta-feira, 3 de junho de 2010

Bolsa Família

A coisa que mais gosto no trabalho que o Instituto Brasil Solidário faz, é que está muito longe, mas muito mesmo, de ser assistencialista. Pra falar a verdade, dizer que o IBS faz um trabalho social no interior do Brasil, até, em definições atuais, seria uma visão equivocada. Podemos dizer que é feito um PDS (programa de desenvolvimento sustentável). A coisa mais difícil é o trabalho levar cestas básicas, só não digo impossível porque em poucas vezes há alguma doação de uma empresa ou piloto de rally e, já que estão nas mãos, as cestas são levadas e geralmente entregues em escolas, para evitar qualquer tipo de confusão.
Digo isso, pois outro dia li sobre o Programa Bolsa Família do governo. Me espanta pessoas o elogiarem ou dizer que é preciso. Não sou nenhum conhecedor da vida e do sertão brasileiro, mas fui para lá algumas vezes e posso dizer o que eu vejo. Independente de haverem cidades extremamente pobres ou de difícil aesso, essa história de fome e seca, não é exata como é pintada. Há fome? Há seca? Sim, longe de eu dizer o contrário. Mas são fatos, muitas vezes, pontuais, assim como há uma fome, milhares de vezes, e repito: milhares de vezes!, mais mesquinha em São Paulo ou no Rio de Janeiro, onde ela é acompanhada por miséria e pessoas procuram seus alimentos no lixão.
No sertão não há miseráveis como os há em grandes centros brasileiros. É uma gente humilde em grande parte sim, mas feliz e trabalhadora. Mesmo sem emprego geralmente buscam uma terrinha para plantar. A velha indústria da seca está viva como nunca. Ela e a fome exalam dos discursos políticos em vésperas de eleição e, ainda hoje, elegem presidentes.
O Bolsa Família é um programa extritamente assistencialista. Apesar de, à primeira vista, parecer algo positivo (uma renda aos desempregados e pobres), é uma chaga na pela brasileira.
Luiz Gonzaga cantava, na época de Juscelino Kubitschek, uma música que clamava contra o sentimento de pena e doações que os nordestinos recebiam após uma grande seca que prejudicou suas plantações. Dizia em uma parte: "E doutor, uma esmola a um homem que é são ou lhe mata de vergonha, ou vicia o cidadão". O Bolsa Família é exatamente isso, UMA ESMOLA. Dita assim, em letras maiúsculas. Com a diferença que hoje, em muitos casos, a letra da musica poderia ser mudada para "deixa o homem sem-vergonha e vicia o cidadão". Claro que também não sou obtuso a ponto de dizer que é sempre assim, longe disso, há pessoas que realmente são necessitadas e levam suas vidas com essa "mesada". Assim como eu posso chegar sobre o viaduto do chá e jogar lá embaixo um monte de notas de cem reais. Uma ou outra, acertará em cheio a mão de um necessitado que realmente necessite muito, mas em troca de quantas notas caídas em vão? Ouvimos muitos comerciantes locais e fazendeiros dizerem que não conseguem registrar seus trabalhadores, pois ninguém quer perder o Bolsa Família. Ouvimos outras histórias de pessoas que se acomodam e nunca mais querem saber de trabalhar, muitas vezes usando o seu ganho para a bebida. Outra mazela é o fato deste programa dar uma quantia a mais para o número de filhos que uma pessoa tem. O rsultado?: aumento populacional.
Enfim, muitos podem achá-lo necessário, mas a roda do progresso, empurrada pelo futuro, mostrará, lá na frente, que gastamos um dinheiro enorme com algo que não serviu para mais nada além de dar votos. Uma "dinheirama" que, aplicada na estrutura de regiões necessitadas, poderia dar um ótimo resultado em pouco tempo.
Assistencialismo não resolve o problema. É como enxugar uma sala com a torneira aberta. Não é muito mais fácil ir direto à causa do problema? Deve-se apenas dar dois passos a mais e fechá-la com a mão.

4 comentários:

  1. Bom dia, amigo Wolber.

    Adorei o matéria. Para os que realmente precisam da bolsa família, é uma esmola sem constrangimento.

    Porém muitos se acomodam.

    Já vi uma criança que estava gripada e até com febre, ir para a escola, porque sua mãe disse que poderia perder a bolsa. E essa mãe precisa mesmo, e não é preguiçosa.

    Num passado distante, o salário família era considerável.
    O incentivo desse abono, somado ao fato da inexistência da pílula, fazia com que os casais tivessem em média, 20 filhos.

    Hoje o aumento da população é visível pelo mesmo motivo dessa ajuda, assim como você citou.

    Acho que falta critério. E isso pode virar um grande problema para o futuro.

    A frase musical do querido Luiz Gonzaga, fala de uma "vergonha", que infelizmente parece rara.

    Porém, se o governo cuidasse mais da qualidade da educação, muitos chefes de família ocupariam vagas nas grandes empresas, porque estariam qualificados.

    Um grande abraço.

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  2. Olá Maria!
    Realmente, disse tudo. Bons tempos em que esmola gerava aquela vergonha.
    Um prazer ter você por aqui!

    Grande abraço!

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  3. olá querido Wolber...

    Não me canso de lê suas crônicas, elas fazem um retrato da vida real.
    No que se refere a essa, muita gente acha mesmo que no sertão só tem seca e pessoas comendo palma.....
    E não é bem isso. Aqui também tem muito talento. Mas como vc disse tem muito político cara de pau que usa o bolsa para se dá bem...
    A nossa esperança é que um dia tudo isso possa ser revertido. Só poderemos fazer isso através da EDUCAÇÃO.
    Por isso não canso de agradecer pelo trabalho do IBS junto as comunidades e escolas. Por cada profissional que desenvolve seu trabalho com carinho e dedicação, devolvendo autoestima a esse povo massacrado por pessoas(não sei se pode chamar político corrupto de pessoa)que só pensam em si.

    E como disse Luíz Gonzaga "sertão de mulher séria e de homem trabalhador".

    Que assim possa ser sempre....

    Um grande abraço.....

    Damares

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  4. Olá !!
    Meu amigo!!
    Belo texto... também vivenciamos os aspctos negativos desse programa ,cobram a frequencia escolar dos alunos, apenas isso, como se fosse resolver o problema educacional do pais.

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