O contraste social está sempre em nossas vistas. Em São Paulo, vemos inúmeros moradores de rua deitados em frente a prédios luxuosos. No bairro do Morumbi, condomínios enormes fazem divisa com grandes favelas. Porém é em pequenas cidades do sertão que essas diferenças são ainda mais marcantes.
Em abril, num deslocamento no estado de Minas Gerais, paramos para descansar em uma pequena cidade. Saímos com a turma para jantar e fomos conhecer o único lugar aberto da cidade: um clube que naquele dia teria músicas em um telão e um dj, tocando o sucesso regional brasileiro (Anjo Azul, Djavu, bandas no estilo da Calypso).
O local era tão simples, que não nasceu ainda a idéia de conscientização do lixo, ou alguma educação nesse sentido. Todos bebiam sua lata de cerveja e a jogavam no chão. Nós mesmos, quando tomamos as nossas, procuramos em vão, algum lixo solitário. Tivemos que jogá-las no chão, assim como todo mundo.
Naquele local pudemos perceber a diferença de classes nitidamente. A maioria eram jovens muito simples, vestidos com camisetas surradas, porém limpinhas e passadas, o que denunciava serem suas roupas de sair. O boné e a calça jeans completavam o visual. O público geral, contrastava com algumas caminhonetes importadas estacionadas na porta do clube. Eram de alguns filhos de fazendeiros da região. A diferença social ali era muito mais gritante: alguns poucos rapazes, filhos de fazendeiros milionários e muitos outros bem pobres, filhos de lavradores.
Fui pegar mais uma latinha de cerveja, havia uma fila e um pequeno bate-boca. Me aproximei e alguns garotos pediam para a pessoa do bar uma cerveja de graça, dizendo algo como "depois a gente acerta, estou sem dinheiro". A latinha custava dois reais.
Voltei ao encontro de meus amigos e, incidentemente, esbarrei num cara, derrubando um pouco de sua bebida.
- Putz, mil desculpas, meu amigo. - pedi.
Ele me estendeu a mão, me cumprimentou e deu um ligeiro abraço. Percebi que tinha um estilo diferente da imensa maioria. Vestia uma camiseta nova e chamativa, calça da moda e uma enorme corrente no pescoço, imaginei ser de prata. Estava acompanhado de um amigo troncudo, que vestia uma roupa semelhante à sua e me olhou feio enquanto eu conversava com o "playboizinho gente boa".
Me despedi e comecei a entender: muito provavelmente o outro era um guarda-costas disfarçado, fingindo estar se divertindo com um amigo, para não constrangê-lo em ir a um lugar escoltado. Mas bastasse um desentendimento e ele cobriria algum infeliz de porrada.
Uns de guarda-costas, outros implorando dois reais, tudo ali, embaixo do mesmo teto, ouvindo o mesmo som.
O mais cruel da discrepância social do interior, é que em uma cidade grande um filho muito pobre, tem mais chance de trabalhar, por exemplo, em uma lanchonete, subir de cargo, acabar virando gerente e melhorar muito sua condição. Em lugares muito pequenos, geralmente, o filho do fazendeiro milionário se tornará fazendeiro milionário, e o do lavrador pobre já tem sua sina escrita.
Olá Wolber,
ResponderExcluirLi com muita atenção o seu texto,e vi que a vida aí, não é muito diferente daqui.
"O filho do fazendeiro rico vai ser rico também, e do pobre já traz a sina marcada."
Portugal é sempre assim ou tudo ou nada, podia deixar dois ou três golos para marcar ao Brasil,rss
tenho esperança muita esperança, mesmo que Portugal perca vai passar,
Abraço,
Bom dia, amigo Wolber.
ResponderExcluirNas pequenas cidades, realmente a diferença social é grande, e o preconceito também.
Antigamente o termo "Status" virou moda geral.
Há muito, não se usa mais nas grandes cidades. Porém nas pequenas, continua sendo o maior valor a ser galgado.
Um grande abraço. Fique com Deus.
Olá!
ResponderExcluirRealmente a diferença entre as classes socias no país é algo falcilmente vista.
Eu trabalho em uma loja que vende óculos, relógios e bonés. Os óculos mais caros custam 198 reais. A loja é em Macaé, onde as diferenças fazem parte do cotidiano de uma cidade que produz petróleo. Agora mesmo atendi umas meninas de uma lanchonete aqui do shopping e ela acharam um absurdo os preços. Dizendo que um dia ainda comprariam uns óculos destes, logo em seguida chegou uma menina e sua mãe, e a menina estava muito indecisa e a mãe não parava de repetir: Leva, é tão barato pra isso, pra levar logo sem pensar e depois se não gostar compra outro. Simples assim.
Como se 198 reais não fosse a metade do salário das meninas da lanchonete.
Triste realidade, infelizmente, a educação neste país não é levada a sério por nossos governantes, desestimulando consequentemente as pessoas de estudarem, pois os colégios públicos vivem em greve. Tornando assim a concorrência desleal para os que estudam
em colégios particulares e terão muito mais chances de passar num vestibular e atingir uma carreira de sucesso.
Mas, por outro lado, a mão de obra, tanto nas lavrouras, quando nos grandes centros urbanos, é necessária, para todas as áreas, se não houvesse quem plantar e colher, não cemeriamos numa lanchonete. O ideal na verdade, na minha mente romântica, é que a distribuíção de capital fosse mais justa, uns tem muito, muito mesmo e outros mal tem o dinheiro para se manter.
Contei um pouco sobre a situação social aqui da cidade onde trabalho, e o interessante é que no seu Blog "viajamos" em realidades diferentes do nosso país. Como sobre os fazendeiros e lavradores e pude fazer um comparativo.
Muito legal e envolvente o seu trabalho. E o seu elogio sobre minhas simples poesias me deixou muito feliz, não ligo para técnicas de escrita, simplesmente, venho e posto o que vem de dentro, bem natural, expontânea e intensa. Porque é disto que eu gosto, envolver as pessoas que leêm meu Blog, assim como vc me envolveu.
Obrigada pelo comentário.
Abraço!
Pois é, amigo José (a rima foi sem querer... rs), vemos que no mundo inteiro temos esse problema, em uns lugares mais, noutros menos.
ResponderExcluirTentar suavizar isso é uma missão nossa.
Vamos à luta!
Grande abraço a você!
Pois é Amapola. O preconceito é um dos maiores males da sociedade em geral.
ResponderExcluirE um dos mais torpes.
Grande beijo!
Olá borboleta!
ResponderExcluirQue comentário bacana. Você sintetizou tudo muito bem!
Quanto ao seu blog é muito agradável, continue assim, sempre estarei por lá.
Grande abraço!